18 DE MAIO-FAIXAS COLOKADAS EM FRENTE AO MANICÔMIO SÃO PEDRO DE PORTO (NADA)ALEGRE.

Esta noticia é do dia 18 de maio mas por razões tecnicas não conseguimos publicá-la antes…

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A identificação da normalidade com a saúde supõe que qualquer comportamento fora dessa norma pode ser conciderado patológico. Cada vez mais SAÚDE MENTAL é igual a órdem pública. Hoje ser “normal” é ser Democráta, cívicx,  consumista, etc. Dai a necessidade de catalogar a ameaça: desempregadx, imigrante, delinquente, doente, etc. Vivemos en un entorno social tendente a alienação,a pressão para ser normal, a repressão da dicidencia, exigencias, discriminação, criação de medos… As pessoas estão sózinhas não parece existir alternativa ao capitalismo. Afirmar que alguem se apavore de sair na rua, que se machuque, que deixe de comer ou delire, é causado por un desajuste bioquímico é cinico. A sintomatologia nos apresenta como doença, centrando o “problema” nx indivíduo sen questionar sua realidade.
A Família, a Sociedade, Patriarcado, o Capitalismo, e Antropocentrismo, etc.
…nós xs marginais não somos fracassadxs, nem doentes, não se enganem, somos a mancha negra ke evidencía a crueldade desse sistema desigual.
Repudiamos suas instituições e seus métodos de cura, como isolamento e tortura.

BASTA DE MEDICALIZAR NOSSOS CORPOS.

PELO FIM DOS MANICôMIOS E DAS CÁRCERES E TODA FORMA DE CONTROLE SOCIAL

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[Espanha] Arquivada a causa contra nove anarquistas acusados de terrorismo

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O juiz critica os Mossos (polícia) por não haver aportado nenhum indício contra os detidos na “Operação Pandora II”

A Audiência Nacional arquivou a causa aberta contra um grupo de anarquistas catalães acusados de terrorismo. Os Mossos d’Esquadra (polícia catalã) lançaram a segunda fase da chamada Operação Pandora em outubro do ano passado. Além dos nove detidos, registraram uma dezena de espaços libertários em Barcelona para desmantelar uma suposta “organização terrorista de corte anarquista”. O Tribunal, no entanto, crê que não existam indícios de tais delitos.

“O único resultado obtido pelos investigadores é de que os investigados se relacionam com pessoas do coletivo anarquista”, sustentou a magistrada no processo que coloca em mau lugar o trabalho dos Mossos d’Esquadra, a quem acusa de não haver produzido provas relativas aos registros de outubro. Nessa operação, a polícia apreendeu vários documentos, assim como material de informática.

Os grampos telefônicos apresentados pelos Mossos tão pouco convenceram a magistrada. “Não se indicou ao largo das investigações que frases ou conversas concretas poderiam estar se referindo a um ato concreto de terrorismo”. A falta de “nenhum avanço substancial” leva a magistrada a decretar o arquivamento da causa, o que os coletivos anarquistas celebraram como uma vitória.

Os Mossos lançaram a operação em Barcelona e Manresa e detiveram a noves pessoas entre 26 e 32 anos. Os investigadores relacionavam essas pessoas com outros 11 detidos em dezembro de 2014 na Operação Pandora, cuja instrução do processo segue em aberto e tem em seu epicentro o centro okupado Casa de La Muntanya, em Barcelona.

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[CHILE] SANTIAGO: VOSSA REPRESSÃO NÃO NOS AMEDRONTA, SOLIDARIEDADE ATIVA COM TATO

Nota de Cumplicidade: Tato (Natalia Collado) foi condenada recentemente a 3 anos de prisão por ter queimado um ônibus transantiago. A companheira rechaçou qualquer tipo de julgamento abreviado nem pactos com seus inimigxs. Força e solidariedade sem fronteira com Tato!

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A solidariedade não é uma palavra escrita na medida de nossas
possibilidades, pois tem que ser levada à prática na ação diária, das muitas formas que existem, sempre tendo em nossa mira o estado e toda autoridade.
É importante ser proativxs nas diferentes arestas da luta. Faixas,
propaganda, publicações, sabotagens, conspirações… e não viver na expectativa do que se gera ao nosso redor.
Hoje, quando Tato [Natalia Collado] foi condenada a três anos e um dia [por supostamente ter incendiado um ônibus da TranSantiago, em 07 de abril de 2015] quando sua liberdade está nas mãos do inimigo, não podemos permanecer imóveis ante tal situação. No passado 26 de maio, no contexto do enfrentamento estudantil contra os policiais, quisemos fazer um gesto mínimo com a intenção de visualizar a necessidade de levar a cabo a
solidariedade ativa com a companheira e entender que todos os gestos solidários são transversais até a destruição desta sociedade carcerária. Nos sentimos afins e próximxs da companheira, desde uma posição antiautoritária, antipatriarcal e pela liberação total. Por isso, fazemos um chamado para a extensão da solidariedade em qualquer uma de suas formas. Tendo em conta que a liberação de nossos presxs é parte
da luta contra a opressão.
A repressão consegue seu objetivo enquanto nos lamentamos ou damos passos atrás, quando ao contrário temos que agudizar nossos engenhos e nossas distintas ações.

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Carta de Gabriel Pombo da Silva saindo da prisão e entrando em clandestinidade

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Retirado de Contra Info e traduzido ao português:

Nota de Cumplicidade:                                                                        É com muita alegria que difundimos a saída das jaulas de Gabriel Pombo da Silva. Depois de passar mais de 30 anos encarcerado, saber que hoje seus passos acompanham o vento nos enche o coração de alegria. Saudamos com muita cumplicidade sua decisão de passar á clandestinade, que as sombras e as estrelas acompanhem tuas pegadas rebeldes…

Querid@s compañer@s;

Queridxs companheirxs, depois de muitos vai e vens por parte das instituições carcerárias e de interior, encontraram-se obrigadxs a cumprir suas próprias leis, que por outra parte, nunca cumprem, e aqui finalmente estou livre, redigindo essas primeiras palavras de gratidão e amor a todos e a todas lxs que durante estes últimos 30 anos têm-me acompanhado e reafirmado nas minhas próprias crenças anárquicas, levando a cabo valores e princípios tão básicos do anarquismo como são o apoio mutuo e a solidariedade e que finalmente lograram me arrancar das garras da besta carcerária, a qual seguirei combatendo desde a rua sem me esquecer, obviamente, do próprio combate que se está dando fora, pois para mim, basicamente não há somente diferenças entre um sistema e o outro.

Tenho muito claro que ainda dentro de tudo isso, me sinto bastante privilegiado por ter contado com o apoio dxs companheirxs pois são muitxs xs que não gozam desta possibilidade. Nos próximos dias lançaremos mais comunicados entrando já em matéria mais especifica no que se refere a nosso movimento e as possíveis estratégias que devemos desenvolver para sanar de todo institucionalismo e cordialismo o anarquismo revolucionário de nossxs maiores, Quero que conste que jamais esquecerei dxs nossxs companheirxs libertarixs encarceradxs no estado espanhol e no mundo, particularmente a Mônica, Francisco, Claudio e a última companheira detida que proximamente será extraditada ao estado alemã, deixando a muitxs sem nomear.

Fica muito por fazer, mas está claro que não ficará só em vontades, ilusão e empenho. Nesses instantes não vou me referir ás mesquinhezas postas em prática pela administração carcerária para tentar impedir minha saída. Isso o documentaremos com papeis oficiais, nos que se denta, claramente, o tosca e afutricada que é a administração de justiça deste país. Sou livre e, segundo parece, em 45 dias pretenderão querer me encarcerar novamente, me soltarão de novo seus galgos. Obviamente não entrarei voluntariamente, nem participarei de nenhum modo em algum tipo de saída pactuada ou negociada com a “escória”, pelo tanto, suponho que não tenho mais opção que seguir como sempre, lutando desde as sombras, apoiando aqueles processos e projetos antiautoritarios que considero necessário impulsionar, apoiar, com todos os meios no meu alcance desde a clandestinidade que me impõem.

Mencionar a todas as pessoas e organizações que durante todos esses anos me apoiaram seria impossível, porque são demasiadas. Só que saibam que podem contar comigo ontem, hoje e sempre para o anarquismo e a revolução social. Desde um lugar hoje, fora dos muros, imensas saudações a todxs meus irmãos em latino America e no sul da Europa, com a confiança que nos encontremos neste trajeto e projeto de emancipação, que são nossas vidas em luta.

Gabriel Pombo da Silva

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[ESPANHA] “A MEMÓRIA ATIVA IMPREGNA DE VIDA NOSSOS PASSOS”. PALAVRAS DO COMPANHEIRO FRANCISCO A 7 ANOS DA MORTE DE MAURÍCIO MORALES

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A memória impregna de vida nossos passos. É energia, motivação e newen (força). É conteúdo transgressor contrário à passividade. É ação.
O recordar Maurício Morales é um chamado sempre presente à luta sem restrições, à imaginação ilimitada e a livre iniciativa individual que não necessita de massivas aprovações. Não se trata, no entanto, de fazer uma apologia da morte. Ao contrário. Nada temos a ver com a consigna esquerdista “ATÉ VENCER OU MORRER” ou com o grito fascista “VIVA A MORTE!”, ou com a exaltação da imolação de fundamentalismos religiosos. Posturas fatalistas e sacrificiais são contrárias ao nosso querer. Preferimos optar pela alegria de confrontar o poder que se vê fortalecida na medida em que nos sabemos sem ataduras, sem coações e que
dependemos unicamente de nossa vontade. Essa vontade que caracterizou Mauri, levando-o a dar o melhor de si e que caracteriza muitos outros mais.
É a vontade que rompe esquemas, gera fraturas e faz com que nos ponhamos a rir do que a pouco parecia impossível.
O nosso é a vida e é desde ela que recordamos a Mauri, desde a
criatividade e a liberdade. Não como herói nem mártir, mas como um companheiro que despendeu todas suas forças e energias na aventura incerta da anarquia e que esteve, está e seguirá estando vivo em cada iniciativa antiautoritária. Porque somente o esquecimento é a morte.

FRANCISCO SOLAR

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[Espanha] Gabriel Pombo da Silva libertado da prisão e conduzido à clandestinidade

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Retirado de Contra Info

O anarquista Gabriel Pombo da Silva foi finalmente libertado da prisão, mas, aparentemente, ao fim de 45 dias querem-lo preso novamente, deixando-o sem nenhuma outra escolha que não seja passar à clandestinidade.

O compa reafirmou as suas convicções anarquistas, expressou a sua gratidão e amor a todxs aquelxs que lhe deram apoio ao longo dos últimos 30 anos, deixando claro que vai continuar a luta contra as prisões, tendo sempre presente tanto xs companheirxs libertárixs mantidos em cativeiro pelo Estado espanhol  como muitxs outrxs por todo o mundoo mundo; em especial Mónica Caballero, Francisco Solar, Claudio Lavazza e a compa presa em 13 de Abril em Barcelona e que enfrenta agora a extradição para a Alemanha

Carta de Gabriel Pombo da Silva em espanhol l grego

Prisioneirxs em liberdade já!

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Sábado 11 de junho. Aniversário da Biblioteca Kaos em Porto Alegre

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Compas, amigxs, galera.

Há um ano, decidimos fazer de um dos nossos projetos uma realidade: A biblioteca Kaos.

Muitas coisas aconteceram desde então e para nós as vezes fica difícil condensar todas as experiências, situações e tensões que vivemos neste espaço. Seguimos tendo os mesmos desejos de confrontação e de expansão das ideias e práticas anárquicas e acreditamos que a Biblioteca seja um espaço de constante concretização destas vontades.

Esperamos que ela tenha sido também, para vocês, o espaço de liberdade, difusão e tensão que propomos.

A modo de comemorar juntxs este ano de luta pela Anarquia e contra a dominação, lhes fazemos o convite para o dia 11 de junho a partir do meio dia para termos um encontro, okupando a rua com debates e música ao longo do dia…
Neste primeiro aniversário, nos encontramos também no momento da chamada internacional “A merda as nações, ocupa o mundo”, chamada que saiu de algumas okupas anarquistas da Grécia, que se declaram em confronto com o existente. Esta chamada tem como objetivo o fortalecimento dos espaços okupados em quanto espaços de tensão política e de encontro com o ataque anarquista.

Sendo esta chamada mais um anelo que nos inspira a seguir construindo este espaço como espaço de confrontação direta com o estado e o capital, decidimos responder a esta chamada na tentativa de fortalecer um espaço anárquico com baita história e combatividade: a Biblioteca antiautoritária Sacco e Vanzetti no Chile cujos companheirxs, depois de ter que enfrentar golpes repressivos por vários anos, estão passando por momentos complicados. Este pequeno gesto solidário visa o fortalecimento dos laços internacionais que permeiam a luta pela anarquia que procura o rompimento das fronteiras e das distâncias físicas. Venderemos então uma rifa (com muitos prêmios!), rango vegan e bebida cuja grana será mandada para elxs.

Abraçamos as várias okupações de escolas que estão acontecendo na cidade, assim como a luta incansável dxs indígenas e quilombolas que estão enfrentando um cenário ainda mais adverso e lhes convidamos para que venham a partilhar conosco suas experiências de luta…

Este convite é também para vocês fazerem do espaço o lugar onde propor atividades, expor suas feiras, espalhar suas ideias e partilhar inquietudes.

Alguns de vocês já o fizeram e valorizamos cada atividade que fizeram nela, cada ajuda para arrumar o espaço, cada livro doado, restaurado, pegado em empréstimo e retornado com mais historias acumuladas nas suas páginas.

Abraços rebeldes

Biblioteca anárquica Kaos

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[Artigo] O que Temer?

Retirado de RIA:

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Segundo a historiografia oficial e oficiosa, grosso modo, as forças políticas brasileiras – e latino-americanas, em geral – dividir-se-iam, de bom grado, em dois grandes blocos: liberais doutrinários vs. autoritários instrumentais; luzias vs. saquarema; conservadores entreguistas vs. nacionais desenvolvimentistas; coxinhas e petralhas. Nada novo sob o sol. Contudo, a dicotomia não resiste à prova. Não apenas no sentido de que outras forças diabolizam essa simbologia bipartidária, borrando o espectro, mas também pelo fato de que, como alertava Gabriel Garcia Marquez, “nada mais parecido com um conservador do que um liberal no poder”. Não afirmamos a identidade entre Michel Temer e Dilma Rousseff, diga-se de uma vez. Apenas pontuamos a necessidade de saber de quais diferenças se tratam. Afinal de contas, o que temer?

A máquina capitalista funciona como axiomatização dos fluxos, através de todos os meios necessários. Ousado, descolado e performático, esse enunciado, que tão bem poderia ilustrar a camiseta dalgum barbudinho da Praça São Salvador, descreve com precisão cínica o processo que pauta as idas e vindas dessa instância misteriosa chamada de “avanço democrático”.

O que é uma axiomática? Um sistema axiomático é uma espécie de sistema dedutivo que parte de condições mínimas não-questionadas ou tidas como evidentes – os axiomas – para chegar-se às conclusões permitidas pelo sistema através de regras de definição. Isso significa – bem entendido, aplicada à discussão que pretendemos levar adiante aqui – que no capitalismo a produção de tudo que existe é submetida a um conjunto de axiomas que fazem com que os fluxos de trabalho e o os fluxos de capital sejam conjugados e encaminhados, para alegria de poucos e miséria de muitos, para o mercado mundial. No capitalismo, a produção de tudo que existe, inclusive a produção da própria existência, acaba sendo capturada para os fins do mercado. Produz-se para o mercado e nos termos do mercado.

Nesse movimento de organizar toda a atividade humana e canalizá-la para o mercado, isto é, organizar a produção num “modo”, transformá-la em trabalho – e, mais, em trabalho assalariado do qual se extrai a mais-valia – o Estado joga um papel decisivo. É ele que transforma cada um de nós em sujeito de direitos. Isto é, em pessoa privada, despida de toda e qualquer singularidade e que, para se ver restituída de tudo aquilo que lhe foi espoliado nesse processo, adquire benefícios e pagamentos, seja a título de direitos sociais ou massa salarial. Como essa restituição nunca é possível – como atesta a história da colonização – a máquina capitalista sempre se vê diante da tarefa de acrescentar novos e novos axiomas na sua já velha axiomática. Infelizmente, essa é toda a história dos sucessivos governos do Partido dos Trabalhadores. Enganchar pequenos axiomas na velha axiomática do capital. Axiomas para a classe trabalhadora através de programas como o bolsa família, somado a um aumento real na massa salarial, e um aumento virtual do poder de compra ocasionado por endividamento – numa espécie de keynesianismo privado – gerado através de um sistema de crédito articulado nas malhas do capital financeiro mundial (ou, nas palavras do próprio Lula na Lapa, ou seria Lula Lélé: jamais os banqueiros lucraram tanto!); axiomas para os negros e jovens pobres através da implantação de um sistema de cotas aliados a programas como o Prouni e Pronatec; promessa de axiomas para as mulheres através da criação de um ministério voltado a problemáticas vinculadas às disparidades de gênero e toda sorte de opressões a isso vinculadas. Entre promessas e concretizações, o Partido dos Trabalhadores liberava todo o seu volume nas ondas do capital.

Não sejamos hipócritas. Não façamos eco aos enunciados mais reacionários da política brasileira. Mas não sejamos também os governistas de última hora. Os anarquistas arrependidos. Aqueles que aderem ao barco do governo que naufraga simplesmente por perceber que os fascistas sitiaram a praia. Existem, evidentemente, diferenças entre um governo que cria ou pretende criar axiomas sensíveis aos devires minoritários e aqueles que submetem as secretarias de Mulheres, Direitos Humanos, Juventude e Igualdade Racial ao crivo do – historicamente falocêntrico e hegemonicamente ocupado por homens brancos – Ministério da Justiça. Longe de pautar a justiça nos termos da igualdade racial, essa manobra tem por finalidade transformar os problemas sociais em questões policiais.

Nós não somos idiotas, existem diferenças! Todavia, acreditamos que essa diferença seja tão grande quanto aquela que separa Blairo Maggi e Kátia Abreu, atual ministro e ex-ministra da agricultura respectivamente.

Nesse sentido, o que temos que temer é exatamente aquilo que já vínhamos temendo nos últimos anos dos governos do PT. A saber, a retirada desses pequenos axiomas que foram enganchados lentamente no corpo do capital (os programas sociais, os avanços mínimos na massa salarial, os tímidos avanços na promoção da igualdade racial e de gênero através dos programas de cotas) articuladas em meio ao extermínio de negros e indígenas. Contudo, sabendo dos riscos e evitando a posição apocalíptica, acreditamos que as anarquistas possuem aqui um ponto vital. A derrocada do projeto axiomático do PT tem por consequência elevar a militância combativa para um outro patamar. Trata-se, em suma, de reconhecer de uma vez por todas que a máquina capitalista funciona aumentando e retirando axiomas conforme a conjuntura e que instaurar uma insurgência efetivamente anticíclica consiste em implodir a máquina e todos os seus axiomas. Longe de afirmar que quanto pior melhor, nós anarquistas temos a ocasião para reconhecer que diante da retirada desses axiomas não há motivos para retroceder e embarcar no governismo, nem muito menos temer o devir sombrio desse novo governo fascistóide.

Se não temos o que temer, resta saber o que fazer quando os repertórios tradicionais de ação são capturados pela direita. Nas manifestações de 2013, vimos emergir um grande campo de combate que se espalhava entre as ruas das cidades e as redes do ciberespaço. As grandes massas constituíam espaços heterogêneos que enunciavam muitas coisas. De lá para cá, num claro movimento de captura articulado em camisas da CBF, matracas verde-amarelas, danças coreografadas e patos da FIESP, o ato de se manifestar foi transformado num espetáculo, incentivado pela Globo e outras mídias hegemônicas.

A publicização, em meios de onde se escorre veneno por entre linhas e pautas, dos atos corruptos do governo, centralizou no PT e na figura da presidente as milhares de críticas sistêmicas dos manifestantes. O investimento reacionário na constituição de um nós combativo – que atua contra a corrupção e os problemas do mundo – suplantou com cinismo a velha questão de quem seria de fato o sujeito revolucionário. Olavo de Carvalho destronou Marx e os novos revoltados estão online. No reino da ficção fascistóide – onde reina um universo comunista e anti-homofobia regido pelo foro de São Paulo – combativo é ser reacionário. O pior é que os jovens e cabeludos estão caindo nessa ladainha. Lembrança do velho postulado: todo fascismo é uma revolução fracassada.

O movimento cíclico e veloz do capitalismo se atualiza em acontecimentos desastrosos. Ao contrário de um navio sem direção, a máquina capitalista se territorializa entre mobilidade e controle, dispositivos materializados nas políticas de urbanismo. As cidades se desenvolvem através de tecnologias repressivas e estéticas higienistas. Por que pensarmos então uma polaridade entre os governos de direita e de “esquerda”, ao invés de assumirmos que não há conjugação possível entre esquerda e governo?

A favor de uma análise mais materialista da conjuntura política atual e menos ligada a reproduções da política representativa, ou do Estado enquanto órgão máximo de poder, desejamos desenvolver uma reflexão que, partindo dos dispositivos de controle, seja capaz de sugerir o deslocamento dos centros de gravidade da política para instaurar espaços e práticas de resistência e insurgência. Trata-se, em suma, de criticar todas as posturas que investem na disputa da institucionalidade burguesa considerando que se trata de um movimento de alargamento dos parâmetros de interiorização. Ou seja, entender que no melhor dos mundos possíveis da institucionalidade o máximo que se consegue é incluir o maior número de pessoas na dinâmica do mercado capitalista globalizado. Quando o que devemos, na verdade, é criar zonas de exterioridade – temporárias ou não.

Bom momento para as anarquiadas. Lutas menos interessadas em aparelhamentos midiáticos ou estatais, refratárias a todas as nuances da captura. A situação atual exige exteriorização ao capital, no sentido territorial e organizativo, na construção de autonomia, autogestão e autodefesa. O momento é oportuno, afinal com a redução, ou mesmo com a retirada desses axiomas – que funcionavam como colchão de amortecimento para as derivas da máquina capitalista – ocasionados pela transição para o novo governo, algumas lutas, antes aparelhadas pelo Estado, encontrar-se-ão doravante desaxiomatizadas, destuteladas, desprotegidas de uma proteção que só lhes vedava autonomia. Em poucas palavras, desgovernadas – reconduzidas à selvageria de um devir revolucionário.

Essa conjuntura marca a urgência de outras estratégias de insurgência, que não se detenham ao espaço “legitimado” da manifestação e dos atos de rua, mas que apostem em táticas menos chamativas ou espetacularizadas. Criar zonas autônomas, ocupar e fortalecer a ocupação das escolas, das fábricas, dos espaços de moradia, dos bairros, das cidades e dos mundos (im)possíveis. Diante desse cenário de consagração de um governo que nasce morto – daí a necessidade de se botar um vampiro na presidência – nunca antes na história desse país foi tão desejável afirmar o lema anarquista para dizer: não nos submetamos a nenhum governo, todo governo é um golpe, cuidemos nós mesmos das nossas vidas.

Por Nômades Urbanos Anárquicos

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