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A memória impregna de vida nossos passos. É energia, motivação e newen (força). É conteúdo transgressor contrário à passividade. É ação.
O recordar Maurício Morales é um chamado sempre presente à luta sem restrições, à imaginação ilimitada e a livre iniciativa individual que não necessita de massivas aprovações. Não se trata, no entanto, de fazer uma apologia da morte. Ao contrário. Nada temos a ver com a consigna esquerdista “ATÉ VENCER OU MORRER” ou com o grito fascista “VIVA A MORTE!”, ou com a exaltação da imolação de fundamentalismos religiosos. Posturas fatalistas e sacrificiais são contrárias ao nosso querer. Preferimos optar pela alegria de confrontar o poder que se vê fortalecida na medida em que nos sabemos sem ataduras, sem coações e que
dependemos unicamente de nossa vontade. Essa vontade que caracterizou Mauri, levando-o a dar o melhor de si e que caracteriza muitos outros mais.
É a vontade que rompe esquemas, gera fraturas e faz com que nos ponhamos a rir do que a pouco parecia impossível.
O nosso é a vida e é desde ela que recordamos a Mauri, desde a
criatividade e a liberdade. Não como herói nem mártir, mas como um companheiro que despendeu todas suas forças e energias na aventura incerta da anarquia e que esteve, está e seguirá estando vivo em cada iniciativa antiautoritária. Porque somente o esquecimento é a morte.
FRANCISCO SOLAR