[RS] Vejam! Os brancos nos matam com papéis! Conflitos pela Terra em Vicente Dutra

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Nota de Cumplicidade:

Além de tratar de um acontecimento em particular (30/08/2013) esse texto ressalta a realidade vivida nesse pais, onde o colonialismo é um dos braços armados do Estado.  Onde se cria leis que pretendem  “proteger” e “reconhecer” aos povos indígenas mas que resultam jogar o papel de imagens éticas pacificadoras… enquanto se seguem burlando e matando naturezas-culturas… Os métodos mudaram, mas os fins são os mesmos… “eles”, xs brancxs podres se movem por dinheiro… “Eles” têm medo de qualquer movimento que veja o mundo de um jeito diferente. O conteúdo simbólico que esses povos transportam na sua historia lhes da medo, lhes faz tremer… porque sabem que são povos que atravessaram 500 anos de tentativa de genocídio, e ainda estão lutando…

O dia 21 de novembro, umas pessoas kaingangs no norte do Rio Grande do Sul entraram na sua terra (terra que foi “legalmente” demarcada pelo Estado brasileiro faz anos atrás, e que também era propriedade do ex prefeito da cidade de Vicente Dutra), reivindicando o que os políticos prometeram para eles, cansados de esperar, decidem atuar pela vida, com pedras, flechas e fogo… pois,  só uma palavra nos vem na cabeça: solidariedade!

Que as casas dos políticos ardam, que das cinzas da soja transgênica volte a nascer floresta, rios e pássaros… 

De passo, uma saudação ao Frente Anticolonial de Libertação da Terra que escreveu estas fortes palavras, as quais publicamos.

Publicamos também uma nota da imprensa burguesa sobre os acontecimentos do 21 de novembro e uma nota da imprensa reformista Sul 21 que informa sobre a situação.

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Vejam! Os brancos nos matam com papéis!

por Frente Anticolonial de Libertação da Terra

Neste continente, nenhum sentimento de revolta é mais legítimo que o das populações ameríndias.

Como se não bastasse a violência colonial, estas populações sobreviventes de tantos massacres, guerras e epidemias tiveram que suportar nas últimas décadas a hipocrisia das “lições de moral” emitida por estados nacionais e elites genocidas.

Mentiras sádicas como “o mito da democracia racial”, e o “respeito governamental pela diversidade cultural” continuam a ser ensinadas para as crianças indígenas em escolas bilíngues, enquanto isso seus territórios seguem sendo ocupados, jovens indígenas engrossam as fileiras dos exércitos de mão de obra barata e dispensável – no chão das fábricas e nas frentes de trabalho nas monoculturas – nos cantos esquecidos do país, uma geração de índios após a outra (como os brancos e negros pobres) está cada vez mais habituada com a escravidão assalariada.

Neste continente, há mais de 500 anos, a estratégia colonial de dominação faz uso tático da distração através da crença de que folhas brancas de papel com marcas de tinta negra são sagradas se contiverem “assinatura”, “timbre”, reconhecimento e carimbo de autoridades. São inculcadas pelas elites coloniais brancas a brancos pobres, a índios e a negros, o engano de que com isto a que chamam “documentos” é possível garantir “direitos”. Que “direitos” vem com o que chamam de “deveres”. Nunca jamais lhes é dito que “dever” é o mesmo que “dívida”, e que “dívida” há milhares de anos, em impérios e civilizações diferentes foi e segue sendo um mecanismo de escravidão.

Os históricos desrespeitos de acordos estabelecendo sucessivas demarcações no Brasil mostram que esta é apenas uma crença para iludir os setores dominados. Sempre que lhes convém, sempre que lhes fosse rentável – governantes, latifundiários e empresários – passaram por cima dos documentos assinados como se não existissem para – assim que a poeira baixasse – propor novos acordos, sugerir novos documentos. Outras crenças utilizadas contra populações submetidas tratam-se da suposta validade de “reuniões” e “visitas” de “autoridades”, “promessas de políticos”, instituições de “secretarias estaduais” e “fundações nacionais”. Maquinações que na aparência se davam para a proteção do interesse dos povos indígenas, tinham como intenção real servir de mecanismo de distração de controle. Exemplos disso no Brasil são o Serviço de Proteção do Índio e sua filha bastarda, a FUNAI.

Estas distrações há muito tempo servem para esconder as tantas orgias administrativas de burocratas parasitas, os muitos massacres silenciados que durante décadas a se perder na história sofreram os povos ameríndios. Se indígenas no contexto brasileiro tivessem de fato uma educação escolar que fosse autônoma, que fosse sua, suas crianças aprenderiam a ler e falar na língua portuguesa a partir de trechos do “relatório figueiredo”. [1]

Mas a consciência é difícil de se apagar entre os povos que há mais de 500 anos resistem e lutam. Sempre haverá quem nunca é enganado por mentiras, e foi com uma frase simples que um ancião deu aos mais jovens seu entendimento sobre esta questão. “Abram os olhos, os brancos nos matam com caneta e papel”.

Para além dos aparatos de distração em massa é preciso enxergar o sistema capital colonial como ele de fato se dá:

I) com base na expropriação e concentração dos recursos na mão das elites.

II) buscando sempre dividir e distrair para conquistar e se perpetuar.

III) corrompendo lideranças indígenas, buscando de todas as formas criar elites indígenas.

IV) submetendo sempre que possível a maior parte à regimes de dívida e escravidão assalariada.

É preciso nunca esquecer que esta máquina desumanizante não pode ser reformada. Ela precisa ser combatida até sua total abolição. A única resposta válida – na busca pela libertação – é se reivindicar anticapitalista, antiestatal e, num nível mais profundo, anticivilizador. Não são poucos grupos que em diferentes continentes se colocam de pé ao se apropriarem desta perspectiva. A história nos mostra que não foram documentos que garantiram a existência da maior parte das terras, e não vão ser papéis como decretos e convenções que salvaguardarão e dignidade das futuras gerações de índios. Somente a brava luta dos povos, apenas a corajosa busca pela destruição deste sistema pode levar à emancipação.

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Com flechas e facas, índios depredam carro da PM e agridem homem no RS

Confusão começou depois que um índio bateu em um carro e fugiu do local.
Cerca de 50 indígenas agrediram segurança que fazia a guarda, diz polícia.

Do G1 RS

Insatisfeitos com um homem que chamou a polícia após um acidente de trânsito, cerca de 50 índios agrediram o segurança do Balneário Águas do Prado, no município de Vicente Dutra, na Região Norte do Rio Grande do Sul, no início da madrugada desta quinta-feira (21), como mostra a reportagem do Bom Dia Rio Grande, da RBS TV (veja o vídeo ao lado).

Quando chegou ao local para atender a ocorrência, o carro da polícia ainda foi cercado e depredado pelos indígenas, segundo a Brigada Militar. Ninguém foi preso.

Ainda de acordo com a BM, confusão começou depois de um acidente de trânsito. Um índio conduzia um carro que bateu em outro, dentro de um camping no balneário. Conforme o relato de moradores à polícia, o índio fugiu. O segurança que fazia a guarda do local chamou a polícia e, quando os policiais chegaram, se depararam com 50 indígenas agredindo o vigia. O segurança se refugiou dentro do carro da Brigada Militar. Neste momento, os índios cercaram a viatura e depredaram o veículo. Foram usados arco e flecha, facas e pedaços de madeira.

Um policial conseguiu tirar o carro do tumulto e levou o segurança até o Hospital de Frederico Westphalen. Assim que o veículo da polícia saiu do local onde ocorreram as agressões, os índios atearam fogo na guarita onde trabalha o segurança.

Os indígenas ainda usaram uma motosserra para cortar árvores e impedir o acesso da Brigada Militar. O estado de saúde do segurança agredido é estável.

Segundo a Brigada Militar, os índios reivindicam uma nova demarcação de terras e entendem que aquele trecho é de propriedade deles. A tribo está acampada no local e a polícia faz o monitoramento, mas ninguém foi detido.

 

Após conflitos agrários, prefeito de Vicente Dutra pede segurança no RS

Município de Vicente Dutra, no Norte, decretou situação de emergência.
Segundo o prefeito, apenas 2 policiais militares fazem segurança na cidade.

Eder Calegari e Tanise Scherer Do G1 RS e da RBS TV

O prefeito de Vicente Dutra, na Região Norte do Rio Grande do Sul, João Paulo Pastori, decretou situação de emergência no município. O decreto foi alegando falta de segurança pública e vale por 30 dias, podendo ser prorrogado. Segundo o prefeito, existem apenas 2 policiais militares que fazem a segurança na cidade, o que seria insuficiente diante dos últimos conflitos entre índios caingangues e agricultores.

As aulas na cidade foram suspensas nessa quinta (21) e sexta-feira (22). “A gente quer segurança, o caos está instalado”, disse Pastori ao G1.

As mobilizações foram para pressionar a homologação de 715 hectares de terra onde vivem 75 famílias de pequenos agricultores. A área já foi demarcada pela Funai em 2012 como área indígena, mas os agricultores ainda não receberam as indenizações e permanecem nas propriedades.

Na noite de quinta, houve confronto com indígenas que reivindicavam a demarcação de terras em um balneário, e os proprietários retomaram a área. O conflito ocorreu por volta das 19h, sem intervenção da Brigada Militar não interveio, de acordo com informações da polícia de Frederico Westphalen, cidade próxima.

No mesmo local, um conflito na noite de quarta (20) começou quando um carro dirigido por um índio colidiu em outro veículo. Segundo a polícia, o segurança do balneário chamou a Brigada Militar e acabou sendo agredido pelos indígenas com flechas e facas. Ele se refugiou em um carro da polícia, que foi apedrejada.

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27 de Novembro de 2013 às 08:45

Sul 21 – Localizada na fronteira com Santa Catarina e a poucos quilômetros da divisa com a Argentina, a cidade de Vicente Dutra, no norte do Rio Grande do Sul, tem sido palco de enfrentamentos entre indígenas, agricultores e proprietários de um balneário. O conflito ocorre em uma área já declarada e demarcada como terra indígena. No entanto, parte do território ainda é ocupada por uma estância turística, o que adia a resolução para a comunidade caingangue.

Na última semana, o cenário passou da atmosfera de tensão para episódios de enfrentamento direto. Indignados pela demora na garantia da utilização da área, demarcada em 2004, os indígenas decidiram pela ocupação espontânea do balneário turístico no final da tarde da última quarta-feira (20). A ação terminou num confronto entre indígenas, um vigilante da estância e a Brigada Militar.

Representantes da comunidade indígena afirmaram que o vigilante disparou repetidamente na direção dos caingangues, enquanto que o vigia, que terminou hospitalizado, disse ter sido agredido com flechas e facões. Apesar dos incidentes, o lugar acabou ocupado naquela mesma noite, mas retomado pelos proprietários no dia seguinte.

O episódio deflagrou o acirramento das relações já conturbadas entre os grupos envolvidos na demarcação e indenização de terras no Norte gaúcho. Os indígenas se queixam da demora das ações tanto do governo federal como do estadual, ao mesmo tempo em que agricultores e demais proprietários temem perder a propriedade da área em que se fixaram nos últimos anos. A Constituição federal, no entanto, assinala como dever do Estado a demarcação de áreas tradicionalmente indígenas.

Em carta publicada no seu site oficial, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) afirmou que as lideranças indígenas que participaram de alguma maneira da ação têm recebido ameaças e tentativas de intimidação, por telefone e pela internet.

Entretanto, permanecem na área próxima ao balneário Águas do Prado. A nota também afirma que, segundo os indígenas, o funcionamento da estância dificulta a “homologação e desintrusão” da terra indígena.

Para Elton Scapini, diretor-geral da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul, a situação em Vicente Dutra tem traços distintos em relação a outras disputas. “Ali, temos a situação de ser uma área de fronteira. Nos anos 1960, houve um acordo entre os governos federal e estadual e a União delegou ao estado o processo de titulação nestes territórios. Mas a responsabilidade, de qualquer maneira, permanece com a União. Além disso, há uma situação particular nesta cidade que envolve a área termal”, afirma Scapini.

A princípio, os agricultores removidos recebem indenização pelas benfeitorias em ocupações de boa-fé, mas o governo federal estuda ampliar a indenização para a propriedade das terras – o que facilitaria o processo indenizatório e a retomada dos territórios pelos indígenas. “Em Vicente Dutra, área já declarada e demarcada, isso pode resolver a questão, mas é uma interpretação minha. Em outros lugares, os agricultores não querem nem ouvir falar em indenização e falam que vão permanecer nos locais”, declara o diretor-geral da secretaria.

Em reunião realizada após o episódio, segundo o site do CIMI, representantes do Ministério Público Federal (MPF) e da Fundação Nacional do Índio (Funai) firmaram um acordo que busca a garantir a indenização e o reassentamento de vinte agricultores de Vicente Dutra até março do ano que vem.

Videos: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Bchmg7-jy9o

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[México] Novo comunicado de Mario González, preso anarquista em greve de fome

Mandado no email:

Mario González

A todos os ingovernáveis do mundo…

A todas as organizações solidárias…

A mídia livre… As pessoas em geral…

Quando completo 51 dias de estadia em greve de fome quero agradecer primeiro a todas as pessoas que, de diferentes maneiras, se solidarizam com a luta pela minha liberdade. Acabo de escutá-los gritando mensagens pela minha liberdade desde o meu quarto isolado no hospital de Tepepan. A presença de vocês me alimenta e enche de força. No dia 26, a juíza voltou a suspender minha audiência pública, é óbvio que ela não se preocupa com a minha saúde e que tem como escopo me manter encerrado (embora não tenha elementos para fazer isso) e me deixar morrer aqui, mas isso não será tão fácil, porque todos os nossos esforços não podem ser ignorados e, embora não queira, cedo ou tarde alcançaremos a minha liberdade. As pobres mentes de funcionários e políticos ainda não conseguem acreditar que damos a nossa vida por um sonho, enquanto eles se sentem deuses apoiados por sua legislação que freia a nossa liberdade; eles querem punir os incorruptíveis, os incorrigíveis que jamais aceitarão o seu jogo, nem as suas regras e as suas migalhas.

Estou confiante de que em breve nos veremos nas ruas, sei que sairei daqui. “A revolta continua, um caminho em que não há mais volta!”

Quinta-feira, 28 de novembro de 2013. Mario González

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[México] Comunicado sobre ataques contra alvos capitalistas no DF e Toluca, em solidariedade à Mario González

Mandado no email:

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Comunicado:

Na madrugada desta terça-feira, 26 de novembro, em uma ação coordenada, três representações do Capitalismo Global foram atacadas com explosivos. O BBVA da Colônia Portales na Cidade do México e dois outros bancos em Toluca, em EDOMEX. A raivosa e colérica bomba é a nossa resposta à situação que enfrenta o *companheiro Mario González*, que se encontra “formalmente” atrás das grades em Prisão preventiva e, também, realizando uma greve de fome de 49 dias como forma de luta contra a sua prisão. Nos últimos dias, sabemos que o companheiro foi transferido contra sua vontade para um hospital de Tepepan, de onde continua sua luta. *Esta ação é para você, em solidariedade e total apoio a sua luta!* Estas ações simbólicas contra alvos do capital são também uma resposta vigorosa à repressão policial da SSP-DF, que investiu contra um contingente de companheiros que estavam realizando um ato em solidariedade à Mario González (onde a polícia da capital insultou, assediou e bateu em várias pessoas que se manifestavam), assim como contra o assédio constante que companheiros receberam durante as atividades de solidariedade ao Mario. A polícia do Distrito Federal não se cansa de bater e reprimir; no entanto, e apesar de saber que é o seu “trabalho” – que cumprem gentilmente na maioria dos casos – eles merecem também sentir a ira de uma resposta, porque não estão isentos de responsabilidade.

Solidariedade com Mario González!

Solidariedade à Mônica Caballero e Francisco Solar, prisioneiros em cárceres espanhóis! Guerra contra o Estado-Capital em todas as partes!

Viva a Anarquia!Em guerra contra o Estado…

Células Autônomas de Revolução Imediata – Praxedes Guerreiro Núcleo de Ataque Contra o Poder – Fogo Negro México, 27 de novembro de 2013

Vídeo da imprensa corporativa:

  http://www.youtube.com/watch?v=98upXwumwPQ

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POA: Bicicletada Solidaria com xs presxs e processadxs dos combates de ruas

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Cuidados Basicos

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Nota de Cumplicidade:

Decidimos publicar esse artigo para informar um pouco sobre as estratégias que cada quem pode tomar em consideração se for pego pela policia. Para além da prisão ser legal ou ilegal, nos parece importante dar algumas dicas para podermos conservar a calma e estar mais alertx. E necessário ressaltar que cada palavra dita axs desgraçadxs policiais só poderá ser usada contra você ou contra outrxs incriminadxs e que por mais que entender a maldita lei seja necessário, para nós ela sempre será um problema…

Retirado do blog: Tudo Nosso

Estamos vivendo num Estado de exceção, onde os direitos e as garantias constitucionais fundamentais têm sido constantemente desrespeitados e a repressão e criminalização dos movimentos sociais têm sido cada vez mais reforçadas, inclusive, com a publicação de novas leis que modificam ou criam novos tipos penais e recrudescem as penas de alguns delitos – como a lei de organizações criminosas que transformou a antiga quadrilha ou bando em associação criminosa, criando uma nova causa de aumento de pena, além de tornar crime promover, constituir, financiar ou integrar uma organização criminosa.
Essa nova lei foi aplicada aos que foram presos em 15 de outubro, deixando claro que o Estado está reforçando a repressão contra os que lutam, para por fim às manifestações, já que antes quem era preso por formação de quadrilha podia pagar fiança e ser liberado no mesmo dia. Agora, com o aumento de pena para associação criminosa com participação de crianças e adolescentes, não caberia mais fiança para os que são presos sob essa alegação.
Por isso, os manifestantes devem saber seus direitos. Alguns cuidados básicos devem ser tomados por todos que estão na luta, lembrando que a proteção de um é a proteção de todos. A solidariedade e a ajuda mútua são a única forma de realizar a defesa dos manifestantes.
• NA INTERNET:
– Não há anonimato na internet, portanto, o que é postado é conhecido por todos. A internet é um espaço público e facilmente acessível. Mesmo os perfis criados com nomes distintos podem logo ser identificados. As mensagens privadas também podem ser facilmente lidas por outras pessoas.
– As atividades e atos divulgados pela internet são acessados por todos, inclusive pela polícia.
– Fotos e vídeos facilitam a identificação dos manifestantes. A polícia pode manipular essas informações de modo a incriminar as pessoas.
– A indicação de relação de uma pessoa com grupos específicos ou determinadas ações pode auxiliar a polícia, especialmente se essa pessoa estiver presa.
– O perfil em redes sociais aberto ao público permite que todos vejam suas postagens e tenham acesso a suas informações. Isso facilita o trabalho da polícia.
– Qualquer informação pode ser manipulada e usada contra os manifestantes. Mesmo recursos considerados de segurança podem ser neutralizados por técnicas utilizadas pelos aparelhos de repressão.
• NO TELEFONE:
– Existem leis que permitem a interceptação telefônica e, ainda que essas leis sejam inconstitucionais por violar a intimidade das pessoas, elas são aplicadas na prática. As interceptações das comunicações, mesmo sem autorização judicial, são práticas correntes pela polícia. Conversas ao telefone, inclusive com pessoas de confiança, podem apresentar riscos, já que podem ser objeto de escuta telefônica.
– A afirmação de que viu ou sabe quem fez determinado ato, mesmo que no telefone com alguém de confiança, pode chegar a conhecimento da polícia.
– Mesmo desligado o celular é capaz de captar conversas. Apenas quando se tira a bateria do aparelho ele perde essa capacidade.
– O número pré-pago é mais facilmente descartado pois exige menos burocracia para seu desligamento. O abandono desse número após detenções arbitrárias dificulta a realização da interceptação.
– O celular bloqueado (onde é necessário por uma senha para ter acesso aos dados do telefone) dificulta o acesso aos seus dados.
– A memória do celular pode guardar informações que podem ser usadas contra as pessoas. Apagaras mensagens e descartar o cartão de memória dificulta o acesso a seus dados.
– Anotar os contatos na memória do aparelho ou no chip através de apelidos e sem menção a grupos preserva as pessoas.
– O GPS do celular pode possibilitar a sua localização no tempo e no espaço.
– Ninguém é obrigado a dar nenhuma senha (de desbloqueio do aparelho, de facebook ou email) nem os dados das contas.
– As mesmas precauções com relação à internet aplicam-se ao telefone.
• NAS PLENÁRIAS E ASSEMBLEIAS:
– As plenárias e assembleias são espaços abertos, logo, a possibilidade de existirem policiais e pessoas infiltradas é grande.
– A menção ao próprio nome, a assinatura em listas de presença e o fornecimento de dados pessoais podem facilitar a identificação por parte da polícia.
– Fotos e filmagens de reuniões podem ser manipuladas e usadas como prova para criminalizar o movimento.
– É possível que um agente infiltrado comece a conversar com alguém do público, fazendo perguntas sobre a reunião ou seus membros, a fim de obter dados e provas. Essas conversas podem prejudicar os presentes.
– Pessoas suspeitas podem estar na reunião e apenas a identificação dessa pessoa pode trazer segurança para a plenária.
– Mesmo em locais públicos, é possível que haja agentes infiltrados. Conversar sobre a manifestação em um bar ou ônibus pode dar informações para a polícia.
– A lei de organizações criminosas reforçou a ação de infiltração de agentes e apenas a união e a confiança podem realizar a proteção dos presentes.
• NAS REUNIÕES FECHADAS:
– As reuniões fechadas são feitas apenas com pessoas conhecidas.
– Apenas quando se tira a bateria do celular o aparelho perde a capacidade de captar conversas.
• NAS MANIFESTAÇÕES:
– Por lei, ninguém é obrigado a portar documento de identidade, entretanto, em abordagens policiais é realizada a identificação pessoal. A entrega de um documento com foto é suficiente para a identificação.
-Ir e andar sozinho pode facilitar a perseguição. Manter contato constante com seus amigos, antes, durante e depois da manifestação ajuda na realização da proteção de cada um.
– Usar a mesma roupa, mochila e tênis nos atos facilita a identificação por parte da polícia, especialmente após realização de prisões.
– Não é crime ter e usar máscaras nem cobrir o rosto. Todavia, a repressão tem sido mais severa contra os que estão de máscara. Avaliar, junto com os amigos, a melhor hora de por e tirar a máscara traz mais segurança individual.
– Muitas revistas estão acontecendo, especialmente, por quem está com mochilas. Não carregar nada que pode ser usado maliciosamente – como punhais, canivetes e tesouras – é prudente.
– O cuidado tem que ser redobrado no final das manifestações pois muitas prisões ocorrem quando as pessoas já estão voltando para casa. Saber a hora de ir embora é importante. Quando acabar o ato, voltar para casa junto com outras pessoas é a melhor garantia. Trocar de roupa (especialmente de camiseta) dificulta a identificação por parte da polícia, pois a repressão identifica as pessoas pela roupa. Qualquer material ou roupa que possa identificar uma pessoa como manifestante pode ser usado contra ela. Voltar para a casa como se estivesse saindo do trabalho é mais seguro. Quando alguém não é encontrado, é importante entrar em contato com algum advogado.
– Ter sempre o número de um advogado é importante.
• NA ABORDAGEM OU NAS PRISÕES DURANTE A MANIFESTAÇÃO:
– As prisões tem sido ilegais e muitas vezes há “plantação” de provas. Ou seja, os policiais prendem alguém e dizem que essa pessoa fez coisas que não fez, chegando a mostrar materiais e instrumentos que não são dela. Portanto, estarem grupo é fundamental.
– Questionar a abordagem, perguntando aos policiais para onde o preso será levado, saber o nome do policial que está realizando a prisão, seu posto e dados é direito do preso. O policial tem que se identificar.
-Fotos e filmes das prisões ajudam a mostrar que as prisões são ilegais.
– É mais fácil encontrar uma pessoa que está sendo presa quando ela se indica seu nome e telefone ao ser presa. Quem está sendo preso poder indicar seu nome e telefone (mesmo que não conheça quem está a sua volta) e os que estão próximos podem anotar essas informações, mesmo que não conheçam quem está sendo preso. Repassar as informações aos advogados ajuda a localizar o preso.
– De acordo com a lei brasileira, as pessoas só podem ser presas em flagrante ou por ordem judicial. Por isso, é direito de cada um saber porque está sendo preso. As prisões para averiguação (sarqueamento) são ilegais.
– Resistir a ordens ilegais é um direito, Entretanto, a violência da polícia ao realizar prisões é maior quando a pessoa está sozinha. Gritar que não está resistindo à prisão ajuda a evitar a imputação de crimes por parte da polícia.
– Organizar uma lista com o nome de todos os que estão sendo presos, em caso de prisões coletivas, ajuda na localização dos presos.
– Ninguém precisa dizer nada para os policiais. Não precisa responder nenhuma pergunta nem passar nenhuma informação. Permanecer calado é um direito tanto durante a prisão como na delegacia. Os policiais buscam sempre depoimentos informais, tipo “conversa amiga”, e depois usam essas informações contra as pessoas. Entregar o documento e afirmar quer um advogado é o suficiente.
• NA ABORDAGEM EM CASA OU OUTRAS OCASIÕES:
– Quando alguém está em casa, só deve acompanhar os policiais para a delegacia se houver um mandado de prisão expedido. O nome tem que estar escrito corretamente no mandado. Caso o nome não esteja correto ou haja erros de grafia, a prisão não pode ocorrer e, portanto, é legítima a recusa em ir preso. Se for um mandado de busca e apreensão, apenas os materiais indicados pelo juiz devem ser levados. É prudente que alguém acompanhe a situação para saber para onde os bens são levados. Mas não precisa ser o dono dos bens. Entrar em contato com um advogado imediatamente é importante. Registrar tudo por meio de fotos e filmes ajuda a comprovar os excessos policiais.
– Resistir à prisão quando se está sozinho, mesmo que seja uma prisão ilegal, pode ser perigoso diante da truculência policial.
– A senha de acesso ao computador impede que o computador seja rapidamente acessado. Ninguém é obrigado a fornecer essa ou outras senhas e dados (nem facebook, nem email).
– A polícia usa materiais encontrados em casa para incriminar as pessoas, tais como CDs, bandeiras, estilingue, escudos, máscaras, etc – ainda que tudo isso seja legal e permitido por lei.
– Vídeos e fotos de manifestação no computador podem ser usados pela polícia para incriminar pessoas. Não possuir esses dados no computador e guarda-los em outros locais dificulta a repressão.
• NA DELEGACIA E NA PRISÃO:
-Você tem o direito de permanecer calado. Qualquer palavra dita pode ser usada contra você. “Sim”, “não”, “não sei” podem ser usados pela acusação. Ser acompanhado por um advogado – inclusive em depoimentos – é um direito. Falar a verdade para advogados de confiança, relatando os abusos policiais, e seguir a orientação dos advogados ajuda na realização da defesa.
– A polícia vai tentar faze-lo falar e, para isso, pode usar diferentes métodos. Pode prolongar o tempo da prisão para causar desgaste físico e psicológico. Inclusive, pode afirmar que irá soltar os que falarem. Isso é tática para manipular informações. Não conversar com a polícia – nem informalmente – é um direito. Confiar em policiais pode ser perigoso.
– Os policiais mentem. Eles tentam jogar uma pessoa contra a outra e contra os advogados. Se a polícia afirmar que alguém “contou tudo”, ela está aplicando uma técnica de obter informações. Eles fazem isso para buscar provas e incriminar as pessoas.
– Não ocorrem prisões porque os advogados pediram exames. Isso pode ser afirmado pela polícia para jogar os presos contra os advogados.
– Passar informações ou falar sobre os outros manifestantes pode ajudar a polícia.
– A escuta ambiental é comum na busca de informações, mesmo que seja ilegal. Quando alguém fala sobre o que viu ou sobre o que aconteceu durante a manifestação, mesmo que com os outros manifestantes, pode dar dados para a polícia. Até em salas onde só há manifestantes é possível que haja alguma escuta.
– Todo preso tem direito a telefonar para a família ou para um advogado. Entretanto, parentes e amigos que não tem conhecimento dos acontecimentos podem atrapalhar. É normal que familiares fiquem nervosos e, às vezes, queiram fazer acordos. É uma prisão política e acordos com os delegados ou com a polícia podem prejudicar a defesa.
– Os estrangeiros têm direito a um intérprete.
– Caso queira, é um direito do preso entregar os pertences aos familiares ou aos advogados.
– No caso das manifestações, os policiais prendem as pessoas atribuindo a elas crimes que não cometeram e indicando que foram presas “em flagrante”. Ou seja, afirmam que foram presas enquanto estavam cometendo os crimes. Quando ocorre prisão em flagrante, a pessoas é conduzida até a delegacia. Há delegados que não cedem ás pressões políticas dos superiores e, percebendo que a prisão é ilegal, logo liberam os presos. As vezes apenas pegam os dados e fazem um procedimento simples antes de liberar. Outro delegados, cedendo às pressões políticas, decidem fazer o “auto de prisão em flagrante”, ouvir as testemunhas e o detido, emitindo a “nota de culpa” (notificação formal da prisão). Em alguns casos (crimes menos graves), o preso é posto em liberdade em seguida, com ou sem o pagamento de fiança. Em outros casos, a pessoa permanece presa, até que a prisão seja avaliada pelo Ministério Público e pelo juiz. A prisão em flagrante pode ser convertida em prisão preventiva. A tendência dos delegados que sofrem pressões políticas é enquadrar os manifestantes em associação criminosa com participação de adolescentes, negando aos presos a possibilidade de pagar fiança e deixando-os mais tempos na prisão.
– Ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo.
– Manter a calma é fundamental. Caso não haja nenhuma advogado na delegacia, é direito do preso aguardar. Há advogados dispostos a ajudar e comprometidos em garantir a liberdade de cada um.

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“Ativista” assassinada no Rio

Nota de Cumplicidade:

“Que com sangue e fogo caia o que a sangue e fogo se mantém”. Ricardo Flores Magon

Mais uma pessoa assassinada covardemente. Nesse território dominado pelo Estado brasileiro, parece que criticar publicamente ao poder, mesmo usando a “justiça” acaba com morte… Mais uma razão para não confiar no sistema judicial, mais uma razão para procurar as nossas formas de resolver “problemas” de maneira autônoma… Mais uma razão para deixar o medo de lado e atuar, se enfrentar,fazer da memória uma arma carregada… A policia, corrupta ou não é uma ferramenta do Estado/Capital que procura apagar qualquer iniciativa de rebeldia querendo  manter uma ilusão de “paz social”  nesse pais. Talvez ainda mais agora, com a chegada da copa do mundo,  a limpeza social, étnica e política esta se encaminhando com mais intensidade, utilizar-se da informalidade como mecanismo de organizar-se e afiar nossa cultura de segurança se faz cada minuto mais necessário. Recordamos também ao anarquista Samuel Eggers assassinado no Rio Grande do Sul!

Que a memória seja a nossa arma! Que o sangue dxs mortos ferva em cada gesto de ataque ao poder!!!

Retirado de https://rizoma.milharal.org/2013/11/24/nota-de-falecimento/

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A ativista Gleise Nana, 33 anos, que havia denunciado o sargento Emerson Veiga, do 15 BPM de Duque de Caxias, faleceu na madrugada dessa segunda-feira, 20 de novembro, após um incêndio suspeito no apartamento da ativista.

A poetisa e diretora teatral havia denunciado o sargento após ele ter postado insultos no inbox da ativista. Em um deles o PM a chamava de “maconheira,vagabunda e anarquista de merda, responsável pela desordem no Rio de Janeiro.” Com medo, Nana repassou as mensagens para os amigos. Passou, desde então, a receber telefonemas estranhos.

Com a ativista também havia muitas filmagens dos conflitos desde o começo, em junho. Nana tinha um vasto material com denuncia sobre abuso de PMs. Em um deles, o tenente-coronel Mauro Andrade admite que a PMERJ se excedeu.

Em um incêndio suspeito, no dia 18 de outubro, a ativista teve 35% do seu corpo queimado. O misterioso incêndio em seu apartamento também afetou os órgãos internos de Nana. Após quase 40 dias de coma, a ativista não resistiu e faleceu.

Cabe frisar que, num primeiro instante, a Polícia Civil trabalhou apenas com a hipótese de incêndio acidental. Mas após insistência de amigos e o trabalho dos advogados da Comissão dos Direitos Humanos da OAB, a própria Polícia Civil admitiu que o incêndio pode ter sido criminoso.

Resta agora um empenho de todos para que a apuração ocorra da maneira mais transparente possível, pois sabemos que existem jogos de interesse escondidos por trás desse misterioso acidente.

Nossos sinceros sentimentos…

Pedimos aos nossos leitores que compartilhem essa nota de falecimento para que mais pessoas saibam a verdade.

 

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Liberdade ao anarquista Ilya Romanov

Traduzimos e reproduzimos um texto informativo/biográfico sobre o anarquista Ilya Romanov, ferido em consequência de sua ação na Rússia, que foi distribuído em uma atividade solidária no Centro Social Okupado Vox em Atenas, Grécia no dia 15 de novembro. Desde cumplicidade, desejamos toda força e ânimo ao guerreiro Ilya.

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Liberdade ao anarquista Ilya Romanov

 No domingo, 27 de outubro de 2013 de madrugada, explodiu repentinamente um artefato caseiro diante do edifício do escritório de recrutamento da cidade russa de Nizhni Novgorod, arrancando a mão esquerda do compa que tentou realizar a ação. Sangrando, se dirigiu sozinho ao hospital mais próximo, onde pouco depois o prendeu a polícia.

Justo depois que o prenderam no hospital, a polícia invadiu sua casa, onde confiscaram vários livros, aparatos eletrônicos, todas suas cartas dos anos que passou encarcerado e resíduos de “produtos químicos desconhecidos”. As feridas que o compa sofreu na cara e no olho esquerdo, afortunadamente foram leves, mas apesar das tentativas dos médicos, resultou impossível salvar ao menos um dedo e, ao final, teve que amputar toda a mão. Dias depois saiu da UTI e ingressou na mesma clínica, custodiado pela polícia até hoje. Pelo momento se enfrenta a acusação de “manipulação,tráfico e posse ilegal de armas e explosivos” ainda que, pelo que parece o atualizaram com “fabricação de artefatos explosivos”.

Este é o caso do anarquista de 46 anos Ilya Romanov, ao que para os jornalistas consiste “uma trágica figura que parece tirada de Dostoievski” e, para as autoridades, não é mais que um “suspeito habitual”, mas para nós, xs anarquistas, é um COMPANHEIRO. Nossa história se escreve com o suor frio da ação e, as vezes com sangue, mas nunca com o fedor podre do adiamento eterno. E, dado que nada surge do nada e nossas vidas se desenvolvem em circunstâncias específicas e baseadas em escolhas concretas, não podemos omitir uma breve crônica do companheiro.

Ilya Romanov tem participado no espaço anarquista desde finais da década de 80, organizando os primeiros círculos e grupos anarquistas (do últimos tempos) em sua cidade (que então se chamava Gori), mas também estava ativo no movimento okupa. Em 1998, se fez membro da Confederação Anarco-sindicalista, deu conferências sobre o anarquismo, fazia uma revista além de participar ativamente nos protestos contra as Centrais Nucleares. Entre 1991 e 1992, formou parte da campanha em solidariedade com dois anarquistas presos por terem atacado a policiais dos serviços secretos e, depois, em outras iniciativas solidárias pelxs presxs políticxs. Ao mesmo tempo, se dedicava à propaganda das idéias anarquistas em Moscou e, também foi representante do sindicato de base de jovens desempregadxs. Em dezembro de 1998, o prenderam acusado de “posse de drogas” e com os métodos conhecidos da não tão velha era soviética contra seus/suas adversárixs políticxs, o enviaram a uma clínica psiquiátrica e daí, diagnosticado louco, a prisão, onde passou dois anos e meio.

Em julo de 2002, voltam a prendê-lo em Moscou para enviá-lo a Penza (Rússia Central), onde desta vez o acusam de “posse e transporte de explosivos” o que segundo a polícia, passou em 1997. Cabe dizer que a companheira de Ilya, Larisa, com quem tem dua filhas, esteve encarcerada com outras pessoas, em princípios de 2000 e passou cinco anos e meio em cana, acusada de participar na Nova Alternativa Revolucionária, uma organização esquerdista libertária que, entre 1996 e 1999, levou a cabo vários ataques explosivos, com o bombaço do muro dos escritórios centrais da FSB (Serviço Federal de Segurança da Federação Russa, antiga KGB) como ação principal. Ilya Romanov rechaçou as acusações e se negou a declarar, se cortou as veias e a polícia local o deixou livre. Uma vez de regresso a Moscou, se volta a emitir uma mandado de prisão contra ele, ainda que dessa vez em vão, por que Ilya conseguiu escapar para a Ucrânia.

No dia 7 de dezembro de 2002, em uma pequeña cidade do sul da Ucrânia, o prenderam portando uma pistola, um cartucho de dinamite com um detonador elétrico e algumas balas. Segue uma série de torturas e espancamentos na delegacia de polícia local e na prisão. Ao princípio o acusavam de uma explosão que teve lugar na sede dos serviços secretos de Kiev dois meses antes. A ação havia sido reivindicada pelo Exército Popular de Vingadores, uma organização de esquerdistas que, desta maneira decidiu “começar uma luta guerrilheira contra o sistema capitalista imperante na Ucrânia”. Ao mesmo tempo deteram a outras 10 pessoas, dxs que, a maioria, havia pertencido às juventudes do Partido Comunista ucraniano. Aos/as 11 imputavam acusações, não só pela explosão, mas também por uma série de assaltos a mão armada em joalherias e posse de um grande número de armas. Todxs xs acusadxs sofreram torturas metódicas, durante um interrogatório morreu umx delxs. O próprio Romanov declarou que a metade de seus co-acusadxs não xs conhecia de nada, mas negou rotundamente a cooperar com as Autoridades, participou com xs demais em greves de fome, entrou em conflito com xs carcereirxs, o que resultou com que estivesse seguidamente em isolamento. Quando em julho de 2004 finalmente começou o julgamento, se cortou as veias em meio da sala de julgamentos, não para suicidar-se, mas como uma tentativa de protesto. Além disso, revelou que todas as declarações dadas nos interrogatórios eram falsas já que se tomaram mediante torturas e o uso forçado de substâncias psicotrópicas. Romanov foi condenado a 10 anos de prisão, cheios de batalhas e mantendo uma atitude íntegra, cumprindo sua pena até o último dia. Saiu no dia 7 de dezembro de 2012 e voltou a sua cidade, onde trabalhava de operário em uma fábrica de doces.

Nos solidarizamos com o companheiro Ilya, que deu vida a projetualidade da luta polimorfa participando em distintas atividades políticas. Desde os sindicatos de base e a publicação de material, até assembléias em solidariedade com xs presxs políticxs, ataques incendiários e explosões. Utilizando todos os meios para um objetivo: a REVOLUÇÃO.

“Se na história da humanidade, as pessoas tivessem guardado silêncio, seguiríamos vivendo em um sistema feudal trabalhando para os latifundiários inclusive, lhes fazendo reverências. É bonito que existam pessoas que não querem vive caladas”.

(de antigos escritos do companheiro)

Iniciativa de companheirxs, CSO VOX

Quem quer apoiar economicamente o companheiro pode escrever para o e-mail da Cruz Negra anarquista de lá: abc-msk@riseup.net

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[México] Novamente negada a liberdade para o anarquista Mario González: 49 dias de greve de fome

Mandado no email:

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Hoje, 26 de novembro, o companheiro Mario González compareceu perante o Tribunal 19 de delitos não graves para uma apresentação de provas, mas a audiência foi cancelada porque a parte acusadora não compareceu, que, neste caso, são dois policiais. Segundo a juíza Marcela Arrieta, foram devidamente notificados que deveriam apresentarem-se. Junto com Mario, se apresentaram 8 companheiros, que foram detidos junto arbitrariamente, quando se dirigiam para a marcha de 2 de outubro passado; eles foram presos quando desciam do transporte onde viajavam e criminalizados por ser jovens e pensarem de forma diferente; foram detidos sem acusação alguma e até mesmo submetidos a tortura psicológica e física mediante choques elétricos. Hoje observamos a insensibilidade por parte da juíza ao negar novamente a liberdade de nosso companheiro, mesmo ele estando há 49 dias em greve de fome, fato que trouxe para ele danos ao fígado e rins. Ele já perdeu 15 kg desde que entrou na prisão e albumina sanguínea; pudemos constatar a deterioração de sua saúde ao vê-lo como se desvanecia e tremia. O argumento das autoridades segue como ele sendo um perigo para a sociedade. Transferido involuntariamente para o hospital de Tepepan em 22 de novembro, o companheiro decidiu continuar a greve de fome até obter o seu direito de levar seu processo jurídico em liberdade. Além disso, vimos o assédio por parte da polícia ao nos negar o direito de presenciar a audiência que é pública, tampar as janelas do Tribunal com persianas para que não pudéssemos ver o nosso companheiro, dizendo-nos que não podíamos tirar fotos. Mesmo assim alguns de nós estivemos acompanhando do lado de dentro do Tribunal e outros do lado de fora em frente ao Tribunal, porque como de costume a polícia os impediu de entrar. Demonstramos com gritos exigindo a libertação do companheiro que não está sozinho, que nos preocupamos com sua saúde e que faremos o que estiver em nossas mãos para que ele obtenha a sua liberdade. Coragem e impotência encheram nossos corpos ao saber que a juíza não deu ouvidos aos argumentos da companheira e da mãe de Mario, mas encoraja-nos a força de Mario insistindo em continuar a greve de fome, não sabemos até quando. Está prevista novamente outra audiência para o companheiro, para 10 de dezembro, de modo que fazemos eco das palavras de sua mãe para continuar a lutar pela liberdade do Mario, que não continuem violando os seus direito.

Publicamos aqui também o seu comunicado, um chamado à solidariedade para o dia da suposta audiencia na terça-feira passada:

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Comunicado de Mario González, em 47 dias de greve de fome

A todas as pessoas solidárias… A mídia livre… A todo o povo… Em meus 47 dias de greve de fome quero que saibam que esta resistência sobrevive graças a todos vocês; quero esclarecer que ainda continuo com a greve e que estou hospitalizado, porque as autoridades querem evadir da sua responsabilidade na minha prisão e da situação de risco que se encontra a minha saúde – dizem que fui internado “por ordens de cima”. Aqui, como na prisão, eu era constantemente assediado para que começasse a comer, mas fui capaz de manter a greve de fome. Agradeço imensamente pela solidariedade de todos vocês, suas cartas me enchem de força e suas ações me fazem sentir que nem tudo está perdido. Por isso quero chamar a todos os corações solidários que vençam o medo e nesta terça-feira, 26 de novembro, venham comigo para a minha audiência no Tribunal 19 de delitos não graves, na rua Sullivan # 133, às 10 da manhã, para exigir de uma vez por toda que o juiz Marcel Angeles Arrieta resolva imediatamente a minha situação jurídica, ditando minha absolvição e libertação imediata, uma vez que minha prisão é um absurdo; estas autoridades já não sabem como continuar sustentando sua grande mentira e sabem que não tem nada para continuar a manter-me prisioneiro, se recusam a reconhecer o óbvio: que isto é nada mais do que uma vingança política e que me querem de exemplo para silenciar os gritos de revolta que estão ganhando cada vez mais força e que enchem de terror o governo. Mas desta vez vamos mostrar que, por mais que tentem nos calar, cedo ou tarde, cairão. Assistamos juntos nesta terça-feira e avancemos na luta cotidiana pela liberdade de todos.

Mario González

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