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Hoje, 26 de novembro, o companheiro Mario González compareceu perante o Tribunal 19 de delitos não graves para uma apresentação de provas, mas a audiência foi cancelada porque a parte acusadora não compareceu, que, neste caso, são dois policiais. Segundo a juíza Marcela Arrieta, foram devidamente notificados que deveriam apresentarem-se. Junto com Mario, se apresentaram 8 companheiros, que foram detidos junto arbitrariamente, quando se dirigiam para a marcha de 2 de outubro passado; eles foram presos quando desciam do transporte onde viajavam e criminalizados por ser jovens e pensarem de forma diferente; foram detidos sem acusação alguma e até mesmo submetidos a tortura psicológica e física mediante choques elétricos. Hoje observamos a insensibilidade por parte da juíza ao negar novamente a liberdade de nosso companheiro, mesmo ele estando há 49 dias em greve de fome, fato que trouxe para ele danos ao fígado e rins. Ele já perdeu 15 kg desde que entrou na prisão e albumina sanguínea; pudemos constatar a deterioração de sua saúde ao vê-lo como se desvanecia e tremia. O argumento das autoridades segue como ele sendo um perigo para a sociedade. Transferido involuntariamente para o hospital de Tepepan em 22 de novembro, o companheiro decidiu continuar a greve de fome até obter o seu direito de levar seu processo jurídico em liberdade. Além disso, vimos o assédio por parte da polícia ao nos negar o direito de presenciar a audiência que é pública, tampar as janelas do Tribunal com persianas para que não pudéssemos ver o nosso companheiro, dizendo-nos que não podíamos tirar fotos. Mesmo assim alguns de nós estivemos acompanhando do lado de dentro do Tribunal e outros do lado de fora em frente ao Tribunal, porque como de costume a polícia os impediu de entrar. Demonstramos com gritos exigindo a libertação do companheiro que não está sozinho, que nos preocupamos com sua saúde e que faremos o que estiver em nossas mãos para que ele obtenha a sua liberdade. Coragem e impotência encheram nossos corpos ao saber que a juíza não deu ouvidos aos argumentos da companheira e da mãe de Mario, mas encoraja-nos a força de Mario insistindo em continuar a greve de fome, não sabemos até quando. Está prevista novamente outra audiência para o companheiro, para 10 de dezembro, de modo que fazemos eco das palavras de sua mãe para continuar a lutar pela liberdade do Mario, que não continuem violando os seus direito.
Publicamos aqui também o seu comunicado, um chamado à solidariedade para o dia da suposta audiencia na terça-feira passada:
Comunicado de Mario González, em 47 dias de greve de fome
A todas as pessoas solidárias… A mídia livre… A todo o povo… Em meus 47 dias de greve de fome quero que saibam que esta resistência sobrevive graças a todos vocês; quero esclarecer que ainda continuo com a greve e que estou hospitalizado, porque as autoridades querem evadir da sua responsabilidade na minha prisão e da situação de risco que se encontra a minha saúde – dizem que fui internado “por ordens de cima”. Aqui, como na prisão, eu era constantemente assediado para que começasse a comer, mas fui capaz de manter a greve de fome. Agradeço imensamente pela solidariedade de todos vocês, suas cartas me enchem de força e suas ações me fazem sentir que nem tudo está perdido. Por isso quero chamar a todos os corações solidários que vençam o medo e nesta terça-feira, 26 de novembro, venham comigo para a minha audiência no Tribunal 19 de delitos não graves, na rua Sullivan # 133, às 10 da manhã, para exigir de uma vez por toda que o juiz Marcel Angeles Arrieta resolva imediatamente a minha situação jurídica, ditando minha absolvição e libertação imediata, uma vez que minha prisão é um absurdo; estas autoridades já não sabem como continuar sustentando sua grande mentira e sabem que não tem nada para continuar a manter-me prisioneiro, se recusam a reconhecer o óbvio: que isto é nada mais do que uma vingança política e que me querem de exemplo para silenciar os gritos de revolta que estão ganhando cada vez mais força e que enchem de terror o governo. Mas desta vez vamos mostrar que, por mais que tentem nos calar, cedo ou tarde, cairão. Assistamos juntos nesta terça-feira e avancemos na luta cotidiana pela liberdade de todos.
Mario González