Porto Alegre: Breve relato dos acontecimentos do dia 30 de agosto na praça matriz de Porto Alegre ou “como seguimos sendo colonizadxs..”.

como anarquistas, não pedimos nem esperamos nada por  parte do Estado, nos pareceu interessante divulgar essas informações assim como para mandar uma força para xs guerreirxs Kaingangs, Guaranis e Quilombolas que lutam diariamente pela reconquista das suas terras e a preservação e/a recuperação  dos seus modos de vida ancestrais, fora do sistema capitalista.Nos irmanamos na luta contra a colonização e o Estado e pela libertação da Terra e mandamos toda força a digna luta dessas comunidades. Agradecemos este emocionante relato enviado ao nosso e-mail.

898 Por Bernardo Jardim RibeiroPor Bernardo Jardim Ribeiro

Recebemos no e-mail:

Quinta feira passada, diversos grupos indígenas (Kaingang e Guarani) junto com pessoal Quilombola e pessoas solidarias ocuparam e acamparam na praça matriz, pretendendo “cobrar as promessas”(feitas no mês de junho) pelo governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro com respeito ao tema das demarcações de terras indígenas. Muitos grupos  chegaram do interior do Estado, depois de uma larga viagem pra tentar recuperar as suas terras, hoje em dia, nas mãos dos fazendeiros, obviamente, aliados do governo… (a exploração da terra também precisa dos seus funcionários…)

Os diferentes povos se uniram e escreveram uma carta que entregaram pra os políticos e pras pessoas presentes no ato (ver carta).

Sexta feira, tinham marcado o encontro com o governador pra ele assinar o documento e se comprometer, “no papel” (porque como bem dizem alguns índios:  “os brancos precisam de caneta porque não têm palavra”…) a demarcar as terras indígenas e quilombolas (algumas dessas terras, aldeias e acampamentos estão em processo de demarcação faz mais de trinta anos!). O pessoal Kaingang começou uma dança na frente do palácio Piratini, o qual estava “protegido” por  brigadianos . Juntou-se uma galera solidaria, varias crianças também estavam lá apoiando e dançando. As 3.30pm, vimos as portas do palácio se fecharem, uma galera saiu da dança agitando as grades que separavam o pessoal do palácio, elas foram derrubadas. Como se a brigada militar não fosse o suficiente covarde, respondeu com uma típica estratégia de guerra (colonial), jogando gás lacrimogêneo na criançada do outro lado da praça pra tentar acabar com os confrontos. Mas os enfrentamentos seguiram frente ao palácio; lanças, flechas e pedras foram lançadas nas caras dos policiais, bombas de efeito moral, gás e balas de borracha foram atiradas pelos policiais. Três deles (segundo a mídia corporativa) foram mandados para o hospital (desejamos profundamente que fiiquem com seqüelas já que um deles ficou em uma cadeira de rodas, atingido por uma flechada!). Do nosso lado, três pessoas e algumas crianças tiveram que ir para o hospital, um dos índios mais velhos recebeu uma bala de borracha nas costas e quase se desmaia na hora. (esperemos que melhorem!)

No meio da confusão, a mídia corporativa chegou armada de câmaras e microfones, difundindo a realidade que xs que se crêem governantes querem que xs cidadãxs ouçam. Distorcendo os acontecimentos ao absurdo,  “vitimizando” os policiais, lamureandos coisas absurdas tais como “os índios hostilizaram o governo” ,dito por um repórter da Record que estava difundido ao vivo os enfrentamentos, alguns destes lacaios foram jogados fora da praça a gritos e chutes.

Logo, políticos de vários partidos chegaram ai, pra “conversar” com as lideranças indígenas, ou seja, pra tentar dividi-los, como sempre, tratando de jogar de um lado xs índixs amansadxs e do outro xs bravxs e selvagens, agora acusados de serem terroristas.

Essas diversas práticas e estratégias políticas não mudaram nada desde a época colonial, estamos frente à típica estratégia do: “dividir para conquistar”.

Ficou marcada uma reunião entre o governador e os distintos caciques pra quarta feira que vem (dia 4 de setembro), a maioria dos grupos indígenas já voltaram para suas aldeias, com lagrimas de raiva nos olhos e por alguns, a certeza que não têm que esperar nada mais do Estado…

Essa repressão policial, que acontece todos os dias nas favelas do pais e que hoje ficou visível e talvez mais evidente para quem mora no centro da cidade e estava presente, se transforma  no motor de mais rebeldias, apoio e solidariedade.  Porque surdos e cegos, gritamos mais forte, porque as suas balas de borrachas não fazem nada mais senão incendiar a nossa raiva solidaria.

SOLIDARIEDADE COM OS POVOS INDIGENAS E QUILOMBOLAS EM LUTA!

MORTE AO ESTADO, AXS POLITICOS, AXS POLICIAIS, AXS JORNALISTAS (CORPORATISTAS)  E A TODXS QUE APOIAM ATIVA OU PASSIVAMENTE ESSA INDUSTRIA DA MORTE.

Alguns vândalxs solidarixs.

Por Bernardo Jardim Ribeiro Por Ramiro Furquim/Sul21 Por Ramiro Furquim/Sul21

carta dos povos indigenas e quilombola:

PAUTA DE REIVINDICAÇÕES DOS POVOS INDÍGENAS E QUILOMBOLAS DO RS

copa Por Ramiro Furquim/Sul21

link de um vidio dos enfrentamentos:  http://www.youtube.com/watch?v=jZxMjOr4X1I&feature=player_embedded

 

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