Cronologia da guerra social dos ultimos meses no territorio controlado pelo Estado brasileiro

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Julho

17 de Julho 2013 quarta-feira, Rio de janeiro: Em um dos bairros mais luxuosos, o Leblom, cenário de novelas, do Rio de Janeiro e residência do governador Cabral aproximadamente 2000 pessoas realizaram intensos distúrbios noite a dentro. Uma porção de pessoas foram detidas e cinco PMs ficaram feridos após os distúrbios. Encapuzadxs enfrentaram com afinco os policiais, dezenas de lojas foram saqueadas, bancos arrasados, a sede da rede Globo foi atacada, placas públicas em alusão a visita do papa foram incendiadas, infinidade de barricadas incendiárias foram erguidas e mantidas, o gás lacrimogênio tomou os ares do bairro … e a burguesia chorou assistindo o episódio da guerra social das janelas de seus apartamentos.

18 de Julho quinta-feira, Buenos Aires: de Viva La Anarkia: No passado 18 (julho) atacamos a pedradas o Banco Itaú situado nas ruas Bolivar e Moreno, em pleno centro Porteño. Na ação deixamos pintado em suas vidraças “Solidaridad con la Revuelta en Brasil”. Um gesto mínimo que queríamos comunicar em momentos onde o Papa Francisco I (Jorge Bergoglio) passeia pelas ruas do país vizinho, ante uma massa imbecil que o vangloria, enquanto milhares morrem de fome ou debaixo das balas do exército, enquanto outxs tantos nas favelas se arrebentam aglomerados baixo o martelo do narcotráfico e das drogas. Nem a ostentação da riqueza do vaticano, nem o espetáculo milionário do próximo mundial de futebol podem ocultar tanta miséria. Contra toda autoridade! PROPAGANDA E AÇÃO. Retirado

22 de julho segunda-feira, Rio de Janeiro: Em meio a negras tormentas chega ao Rio de Janeiro o representante máximo da pestilencia católica Papa Francisco I. Confirmando o alerta do presidente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Wilson Roberto Trezza, de forte ameaça de protestos, intensa concentração na zona central do Rio se desloca para o Palácio Guanabara, onde as autoridades locais deram as boas vindas ao Papa para a 28ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Aferrados enfrentamentos incendiaram a noite. Integrantes do coletivo Mídia Ninja que transmitiam ao vivo as movimentações de rua pela internet foram detidos assim como Bruno acusado de lançar molotov’s contra a Policia Militar. A acusação contra Bruno foi amplamente desmentida se comprovando por distintas gravações se tratarem de policiais infiltrados os verdadeiros autores do fato que chamuscou uma tropa policial. Ainda segundo a ABIN o órgão fez pesquisa de credenciamento, com mais de 200 mil nomes, estruturou centros de inteligência regionais e está intensificando o intercâmbio com aparatos repressivos internacionais. O general Jamil Megid Júnior, assessor do Ministério da Defesa, informou que as Forças Armadas vão utilizar 19 mil militares na JMJ, além de dispor de uma reserva estratégica de três batalhões, com 2400 homens no total. A semana em que o papa esteve no Rio as autoridades, a Força Nacional e os fiéis rebanhos não tiveram sossego muitas foram as perturbações.

26 de julho 2013 sexta-feira, São Paulo: O saldo bancário: o que prometia ser um ato tranquilo, simbólico apenas, dado o baixo quórum na concentração dos manifestantes no vão livre do MASP, se tornou uma noite… estilhaçada. Grupo de encapuzadxs, Black Bloc’s devastaram mais de 10 agências bancárias, dois pequenos postos policiais foram demolidos, concessionária Chevrolet atacada além de um carro para transmissão ao vivo de televisão da Rede Record foi incendiado. Após quatro horas de jornada a marcha foi desbaratada pela Policia Militar, Rota, Força Tática e o Choque. Alguns/mas detidxs foram posteriormente liberadxs. Relato: https://rizoma.milharal.org/2013/07/30/sem-moralismo-protesto-em-sp-em-solidariedade-a-luta-no-rj/

31 de Julho quarta-feira, Rio de Janeiro: Manifestantes invadem a Câmara de Vereadores no centro do Rio, atiram pedras, rojões e tinta em direção a Policia Militar, que xs expulsa do prédio.

Agosto

Nas diferentes regiões do território dominado pelo estado brasileiro o fogo da revolta se manteve aceso. E as labaredas se levantaram de acordo com suas peculiaridades, experiências, caminhadas de luta em cada fogueira. Num clima chapa quente no mês de agosto no Rio de Janeiro ocorreram inúmeros protestos com enfrentamentos, inclusive blindados militares desfilaram pelas ruas. Isso aqui é uma guerra!!!

1º de Agosto 2013 quinta-feira, Porto Alegre: Manifestação de rua convocada pelo Bloco de Luta sai em caravana pelo centro da cidade. Residência do prefeito Fortunati é visitada, muitos muros que somente defendiam as propriedades são resignificados com palavras escritas, ao término da manifestação uma loja do Mc Donald’s é atacada por encapuzadxs enfurecidxs provocando lamentações dxs bons/boas moçxs manifestantes ordeirxs.

6 de Agosto terça-feira, Brasília: Em pronunciamento no senado o senador Jayme Campos (DEM-MT) demonstrou preocupação com a ação de grupos anarquistas. Citando uma matéria de Leonel Rocha da revista Época onde o charlatão relata atividades de treinamento de guerrilha urbana no estado de Mato Grosso. “- Ao formular aqui o registro desta grave denúncia, gostaria de chamar a atenção dos nossos órgãos de inteligência e das autoridades diretamente afetas à ameaça que se anuncia, principalmente do Ministério da Justiça, e do Gabinete de Segurança Institucional.”

7 de Agosto quarta-feira, Rio de Janeiro: Em protesto contra a Rede Globo, Black Bloc’s entram em confronto com a Policia Militar.

14 de Agosto quarta-feira, Porto Alegre: Em uma noite fria o Bloco de Luta realiza concentração em frente a Prefeitura em pressão pelo passe livre. Ameaçam invadir e ocupar a Prefeitura, as portas são fechadas e insistentemente forçadas. Um policial agarra um insubmisso e cai no chão, como marimbondo um enxame de pés vão ao encontro de seu corpo. Reforço da Policia de Choque é acionado dispersando a concentração. O insubmisso agarrado foi preso e liberado horas mais tarde.

 

18, 19 e 20 de Agosto, Rio de Janeiro: Nestes três dias as máfias do poder realizam a 13ª edição da Feira Internacional de Tecnologia, Serviços e Produtos para Segurança Pública (Interseg), no Riocentro, Barra da Tijuca, apresentando tecnologias voltadas para a dispersão de manifestações. Exclusiva para agentes de segurança, a feira trouce novidades como uma nova linha de spray de pimenta com alcance maior 3m, desenvolvida pela Condor. Outro aparelho também testado pela PM durante a feira é um canhão de som usado para dispersar multidões. O aparelho é portátil e tem alcance de 1.500 metros e 150 decibéis. O canhão é fabricado nos Estados Unidos e chegou ao Brasil em agosto (coencidência?!). Ainda são apresentadas novas pistolas taser que podem dar até duas cargas de choque de 50 mil volts e tem câmera acoplada que grava toda a ação. Além de novas balas de borracha contendo tinta e pimenta e novas câmeras que podem ser acopladas em óculos e uniformes e transmitem a ação em tempo real. A tecnolgia de ponta e seus “avanços” estão intimamente conectadas as ânsias das máfias do poder em ampliar suas possibilidades de domínio e controle da vida social e natural. Ned Lud é nosso amigo !!!

20 agosto terça-feira, Aracruz-ES: É despejada a Biblioteca e Espaço Comunitário Pântano Revida. Vai o último comunicado dxs guerreirxs: Para os compas. Hoje (15 de agosto de 2013). Mês do cachorro loko. Chegou uma comitiva do poder judicial com agentes da prefeitura no meio da tarde na porta do espaço. Trouxeram uma intimação de reintegração. Ameaçando já, com a intervenção da força policial se agente não tiver de todo pronto para terça-feira. Prazo dado para a locomoção da Biblioteca. Foram quatro anos existindo e persistindo num espaço público que tava completamente abandonado. Quatro anos de muitas pessoas compartilhando, fazendo, criando, se ligando. Um espaço de natureza, bichos e autonomia. O que aconteceu aqui no Pântano Revida, não fica nas ruínas, se movimenta, se transforma em novos começos, por que nada é eterno. O barco pirata segue nos vemos … no infinito.

21 de agosto quarta-feira, Recife & Porto Alegre: Neste dia ocorreram manifestações populares no centro de Recife. Logo no término da manifestação e dias seguintes policiais a paisana sequestraram e torturaram manifestantes. Pelo menos 4 pessoas foram sequestradas por policiais à paisana. Os relatos contam que as pessoas estavam em casa ou na rua de casa quando foram abordadas violentamente, derrubadas e algemadas, depois forçadas a entrar em um carro 4×4 preto. Enquanto davam voltas pela cidade, aconteciam as sessões de tortura com espancamento, choque com taser e ameaças de morte com arma de fogo apontadas. “Uma verdadeira sessão de tortura para extrair informações, com perguntas se eram líderes do anonymous ou do black bloc”. Uma das pessoas sequestradas foi encontrada, horas depois do seu desaparecimento, jogada inconsciente em uma rua e com marcas de agressão por todo o corpo. A ação foi orquestrada, pois contou com o apoio do serviço de inteligência do Estado, que mapeou manifestantes e teve acesso a todos os seus dados, como fizeram questão de deixar claro para xs sequestradxs, sendo usados, inclusive, para ameaçar, como parte da tortura. Dois casos semelhantes aconteceram no Rio de Janeiro, em junho, quando estouraram as grandes manifestações populares. O secretário de Defesa Social de Pernambuco, Wilson Damázio, informou que não tem conhecimento deste tipo de conduta por parte dos policiais. Disse ainda que o inquérito que investiga ações de vândalos durante as manifestações corre conforme os preceitos da lei e as diligências continuam. “Não há nada oficial sobre isso. Nenhuma informação sobre tortura contra integrantes de movimento por parte de policiais, tampouco sobre sequestros. Qualquer fato desta natureza deve ser formalizado em denúncia para a Corregedoria da SDS”, ressaltou o sarcástico comediante. Para mais informações sobre repressões e solidariedades no Recife: https://redesolidariedaderecife.noblogs.org/
Na cidade de Porto Alegre se manifestaram distintos grupos e individualidades pela memória de Elton Brum a quatro anos de seu assassinato pelas mãos dos lacaios do poder (brigada militar). Foram colados cartazes e adesivos pelas ruas, encenaram-se apresentações teatrais no centro, também no centro da cidade no túnel da Conceição por volta das 19 hs foi acendida uma barricada incendiária interrompendo o ordeiro fluxo do sistema … junto ao fogo lia-se o seguinte panfleto: Em 21 de Agosto de 2009 em uma fazenda em São Gabriel ocupada pelo MST o policial militar Alexandre Curto dos Santos a mando do comandante da operação Lauro Biensfield e por fim da governadora Yeda Crusius na defesa dos proprietários do agronegócio, assassinou com um tiro calibre 12 a queima roupa e pelas costas Elton Brun. Um deserdado que cometeu o insulto de ousar lutar pela terra e buscar por fora da legalidade da burguesia a solução de sua situação sem terra.Ai está o valor do agronegócio, lucrar e assassinar o que estiver no caminho de suas ganancias, pessoas, comunidades, matas nativas, ecossistemas inteiros, para garantir e ampliar sua produção a custo da morte da terra e gentes que resistam.Estas labaredas aquecem a solidariedade com todos que lutam contra o poder e suas instituições. Elton Brum presente!!!

Todo desprezo a festa do agronegócio regional, expointer 2013.

 30 de agosto 2013 sexta-feira, Porto Alegre: Diversos grupos indígenas (Kaingang e Guarani) junto com pessoal Quilombola e pessoas solidarias ocuparam e acamparam na praça matriz, pretendendo “cobrar as promessas”(feitas no mês de junho) pelo governador do RS, Tarso Genro, com respeito ao tema das demarcações de terras indígenas. No meio da tarde a Brigada Militar tenta dispersar a concentração atacando desde a porta do Palácio do governador com gás lacrimogenio e balas de borracha. São respondidos com uma chuva de pedras, lanças e flexas (uma apareceu fincada no pé de um polícia). O acampamento é desfeito o Estado faz seu papel demonstrando para que existe.

Setembro

No mês de setembro os governos estaduais tentam “regularizar” as manifestações frente as múltiplas revoltas que explodem no território controlado pelo Estado Brasileiro, e a impossibilidade das “forças da ordem” de contê-las (apesar de uma repressão cada vez mais intensa), o Estado pretende recuperar as manifestações, tentando criar uma “institucionalização da revolta”, fazendo passar novas proposta de leis como favoráveis a “segurança” dos manifestantes cidadãos/pacifistas. Essas estratégias do poder só são a expressão de uma necessidade de controle das vidas de quem decide se rebelar contra o sistema, são as manifestações dum Poder que não consegue encarcerar o incontrolável. Pois, o sentido mesmo da revolta esta inscrito na espontaneidade, na informalidade e na violência como resposta à violência gerada cotidianamente pelo Estado-Capital.

Em Perambuco o governo do estado propõem uma “normatização” dos protestos de rua com sujestões tais como: O comandante da Polícia Militar designará um oficial como coordenador de segurança da manifestação, o coordenador de segurança da manifestação instruirá a todos os agentes que participarão da segurança que a prioridade é garantir a integridade física das pessoas e o patrimônio público e privado, a segurança das manifestações por policiais poderá ser gravada em áudio e vídeo, no momento das conduções, ou de uso progressivo da força, a proibição de se encapuzar, e por ai vai a tentativa de domesticar os protestos de rua. Abre os olhos siri de mangue. Na Assembleia Legislativa de Minas Gerais um projeto de lei, de autoria do deputado Sargento Rodrigues (PDT) que proíbe uso de máscaras nos protestos de rua entra em cena.

Na segunda semana de setembro 6 anarquistas foram notificadxs pelo oficial de justiça sobre a sentença de pena de 8 meses de serviços comunitários em desfecho do processo movido pela ex-governadora do RS Yeda Crusius, por calúnia e difamação em represália aos cartazes colados nas ruas em solidariedade com a luta dxs Sem Terra de São Gabriel onde Elton Brum foi assassinado pela Brigada Militar a mando dela. Inconformada com seu rosto estampado no cartaz puniu xs solidárixs com suas leis e instituições.

02 de setembro segunda-feira, Rio de Janeiro: A Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas (Ceiv) (formalmente já extinta) conseguiu uma medida judicial que permite a identificação criminal de quem estiver com o rosto coberto por máscaras, camisas, lenços ou qualquer outro objeto que dificulte a identificação facial. ”Uma preocupação do judiciário é garantir o direito das pessoas se reunirem e se manifestarem de forma pacífica e ordeira e, assim, separar os manifestantes dos vândalos.” Todo mascarado em atos e manifestações poderá ser abordado por policiais para que mostre o rosto e apresente um documento de identidade com foto, além de poder ser levado para a delegacia para que seja identificado criminalmente, com imagens e impressão digital. A policia destaca que não se está fazendo um cadastro de manifestantes. “São provas, que serão anexadas aos processos, caso sejam relevantes. Do contário, serão descartadas tão logo sejam concluídas as investigações policiais.” Ora quem poderia acreditar nisso? Esta nova medida repressiva vem de encontro com o 7 de setembro que se aproxima e promete grandes festas antipatriota. Para além da medida judicial no dia 11 de setembro, no Rio, é sancionada como lei por Sérgio Cabral o projeto de lei proposto pelos deputados Domingos Brazão e Paulo Melo que proíbe o uso de máscaras. Porém com as consequências das agitações de rua dos desdobramentos seguintes está lei na prática torna-se inrealizavél por parte das forças repressivas. São muitxs xs que o sistema não logrou arrancar-lhes a ira e praticam a desobediência como uma virtude.

6 de setembro sexta-feira, Rio de Janeiro: A 27ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decretou a prisão preventiva dos três jovens que seriam administradores da página “Black Bloc RJ” no Facebook. Eles foram detidos pela Polícia Civil na quarta-feira (4). Além dos três, agentes da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática detiveram dois menores, que foram liberados após prestar depoimento. No fim da tarde de sexta-feira (6) agitado grupo solidário fez um protesto em frente ao Tribunal de Justiça do Rio. As prisões dos administradores da página do BlackBloc provam que um IP falso não adianta nada no Facebook.

7 de setembro sábado, de sul a norte no Brasil: O 7 de setembro é a data da independência do Brasil. Nesta data patriótica são realizados desfiles militares com a presença de todos aparatos repressivos do estado, juventude ordeira, autoridades militares e governamentais e muitas ovelhas do rebanho social. É de longa data que dissidentes do sistema aparecem no desfile entoando canções de liberdade avessas ao patriotismo, militarismo e também falsos criticos do sistema vão chorar reformas cidadãs. Porém neste ano uma tempestade de insubmissão assolou a paz e os bons costumes tão desejados para esta data de louvação ao militarismo e ao estado brasileiro. Em todas as regiões controladas pelo estado brasileiro, insubmissxs se agitaram perturbando, ofendendo e atacando o poder e suas expressões. Em ao menos 8 capitais insubmissxs se enfrentaram com as forças repressivas com paus, pedras, escudos, rojões e tudo mais que a imaginação e a situação xs permitiu, paralizando os desfiles militares. Mais de 500 manifestantes foram detidxs Brasil a fora. Em Belo Horizonte 13 deles/as permaneceram presxs por dias. Encaminhados ao presídio local ficaram ajoelhados, nús, na brita, enquanto carcereiros cortavam seus cabelos cantando “viva a sociedade alternativa”. Dois insubmissos foram os últimos liberados, semanas depois. Uma das formas de punição e perseguição a toda pessoa detida é proibi-la de participar de protestos de rua ou quisá nas “redes sociais” e também proibição de se ausentar da cidade. O 7 de setembro se registrou como intenso momento de luta que para além da quantificação das vidraças, dos rastros de destruição da materialidade do sistema tem criado uma disposição de enfrentamento, uma cultura combativa, uma necessidade de solidariedade com xs presxs, elementos fundamentais para se pretender destruir as correntes que nos aprisionam. São extensos os episódios e lições destas jornadas, uma pequena contribuição informativa/reflexiva pode ser encontrada em:

http://cumplicidade.noblogs.org/?p=407

10 de setembro terça-feira, Brasília: Na Câmara, Deputado Federal do Rio de Janeiro, Eduardo Cunha (PMDB), apresentou um projeto de lei que pretende punir quem participa de protestos violentos danificando patrimônio. A proposta visa acrescentar no Código Penal a pena de reclusão de 8 a 12 anos, além de multa, para quem danificar patrimônio “pela influência de multidão em tumulto”. Balbuceia ainda o deputado em suas lamúrias: “As manifestações públicas ocorridas recentemente trouxeram atos de vandalismo e a presença de baderneiros que atentaram contra o patrimônio público e privado, de forma anárquica e deliberada”.

12 de setembro quinta-feira, Rio de Janeiro: Hackers invadiram o site oficial da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) e divulgaram na internet dados pessoais de 50 mil policiais. Um arquivo de 8.900 páginas, contendo telefones, endereços, CPFs e e-mails, foi disponibilizado para download na quinta-feira, dias depois relatos de ameaças a policiais começaram a surgir e preocupá-los. No sábado, xs lacaixs do sistema conseguiram retirar a lista do ar. No mesmo dia, o grupo intitulado de Anoncyber & Cyb3rgh0sts afirmou que pode colocar as informações novamente no ar. Invasões semelhantes também ocorreram nos sites do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro, da Assembleia Legislativa, da Câmara e do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RJ), foram ações em protesto contra a decisão da Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas (Ceiv) de propor uma ação judicial, proibindo o uso de máscaras em atos públicos. Dia 26 de setembro policiais civis da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática identificaram três rapazes de São Paulo como os autores da invasão ao site da PM e divulgação dos dados. Foram autuados por “invasão a dispositivo de informática alheio” Lei 12.737. Os computadores dos três foram apreendidos e levados para o Rio para serem periciados.

13 de setembro sexta-feira, Caxias do Sul-RS: Aos 24 anos, Samuel Eggers foi assassinado na cidade de Caxias do Sul. Desde então a mídia e a polícia vem inventando histórias fantasiosas sobre sua morte, buscando enquadrá-la em um latrocínio qualquer com mentiras. Tudo leva a crer que Samuel morreu por se declarar abertamente anarquista. Em palavras suas escritas tempos antes: “O objetivo dessa corporação (Brigada Militar) não é proteger a população, mas mantê-la assustada e dócil, com os indivíduos isolados entre si e fáceis de capturar quando se tornam ameaçadores demais. A polícia militar não é a guardiã do nosso sono tranquilo, mas o exército que ocupa nossas cidades, e patrulha nossas ruas em busca de rebeldes.” Samuel Eggers Presente !!!

21 de setembro sábado, Porto Alegre: Nas primeiras horas da madrugada anônimxs incendiárixs emprendem sua ação na faixada da sede estadual do PSB fazendo arder a entrada do partido politico. Junto as chamas deixaram o seguinte panfleto …

Toma! Por Que? Parasitas, piolhos de pomba, conchavam em favor de suas ganancias por detrás desta cortina de ferro agora marcada a fogo. Poderia ser qualquer sede de partido politico, aparentam diferenças, mas todos representam o mesmo, controlar a sociedade e cada ser, arrebanhando as pessoas, mantendo-as como cidadãs ao peso do martelo das leis da ditadura democrática, escravizadas no trabalho. Não nos convencem o contrário. Por hora ascendemos esta fogueira no PSB na intenção de demonstrar nossa solidariedade com as quatro pessoas sequestradas pela “policia politica” do Pernambuco para interroga-las com choque elétrico e espancamentos procurando informações sobre Black Bloc e Anonimus. E foi neste covil onde Eduardo Campos governador de Pernambuco a pouco esteve sorridente lançando campanha para eleições presidenciais 2014. Um salve especial aos jovens combatentes do 7 de setembro que seguem sequestrados nas masmorras penitenciárias um no Rio e Rodrigo e Ameba em Belo Horizonte. Quem luta contra o poder não está só. De norte a sul, do Chile a Grécia, da Turquia a Indonésia. Nos solidarizamos também com os detidos no Rio pré 7 de setembro. Chovendo no molhado destacamos a todos\as que tem optado conspirar e atacar o poder Estado\Capital, suas instituições, promovedores e também todas relações de autoridade que esta decisão traz consequências, descarte a vitimização, afinal isto é uma guerra e mais que nada amigos\as pulem fora do Facebook ou iram em suas casas assim fácil. Procurem outros caminhos informais para se comunicar com os rebeldes e incitar a rebeldia, a ousadia de tomarmos nossas vidas para nós, a paixão em criar autonomia em buscar a liberdade e atacar tudo o que a ofenda. A muito o que fazer. Desta vez tentamos assim um incêndio, um panfleto e que se espalhe com o vento.

24 de setembro terça-feira, Atibaia-SP: A ocupa squatter LAMA NEGRA eis que surge, como espaço de moradia e contra cultura, que desde seu inicio se concretiza com individualidades nômades e não nômades, que sabem também que tudo é incerto, mais que cada hora sentida ali dentro são horas de teimosia. Então que outras criaturas insurrectas saibam que até o momento estamos com nossos corações abertos, cheios de revolta para a revitalização do que há por detrás destes pequenos muros que aqui nos cercam. E que sejam bem vindxs xs corpos e mentes livres e selvagens…pela disseminação de nossas ideias e práticas, espaços de trocas e resistência a essa sociedade opressora e doente, pela resistência contestadora e horizontal, que continuemos a plantar sementes.

26 de setembro quinta-feira, São Paulo & Porto Alegre: Por volta das 7 hs da manhã mais ou menos 200 Guaranis bloquearam com imensa barricada incendiária a importantíssima rodovia de acesso a São Paulo, Bandeirantes. A ação gritava pela demarcação de suas terras. Incomodados com o transtorno a normalidade do sistema, emissoras de tv transmitiram ao vivo “Bom dia Brasil” a festa incendiária que provocou quilometros de engarrafamento. Pela tarde em Porto Alegre a vereadora Mônica Leal do PP, Partido Progressista, alcunhada por alguns/mas “vândalxs mascaradxs” de “filhotinho da ditadura” (devido a seu berço familiar paterno Pedro Américo Leal coronel, chefe de polícia, politico da ARENA e do PP), protocolou neste dia na camara de vereadores um projeto de lei (PL 312/13) que proibe o uso de máscaras em protestos de rua. O projeto de lei segue em tramitação no antro governamental. Às 19hs grande grupo se concentra em frente da prefeitura de Porto Alegre atendendo chamado do Bloco de Lutas. Em caravana o bloco agita sua incursão pelo centro visitando a residência do prefeito Fortunati, o Pálacio do governador Tarso, ainda em caminhada encapuzadxs deitam ao chão vidraças de bancos e da Catedral Metropolitana, no Museu Júlio de Castilhos encapuzadxs escalam a sacada, roubam a bandeira do Brasil e apedrejam o prédio/santuário “patrimônio histórico” casa do lendário ditador. A Brigada Militar reaje com gás lacrimogênio, a incursão do bloco chega aos seu final. Sete pessoas foram conduzidas para a delegacia da DENARC (Narcóticos). Destas, três delas, foram supostamente indentificadas, andando no bairro Cidade Baixa, e detidas por estarem pouco antes na manifestação. Foram acusadas dos destroços da noite, especialmente por “crime ambiental” por terem, segundo a imaginação policial, atentado contra o prédio do museo. Cinco dxs detidxs tiveram que pagar fiança de 4 mil cada para serem liberadxs do sequestro policial. O CPERS (sindicato dxs professorxs) pagou o resgate. No dia seguinte o secretário de Segurança Pública do RS, Airton Michels, passa a ameaçar anunciando que a Brigada Militar está orientada a prender manifestantes que estiverem mascaradxs nos futuros protestos de rua.

Outubro

1º de Outubro 2013 terça-feira, Porto Alegre: Em uma redada repressiva o Estado realiza buscas e apreensões em apartamentos e casas de pessoas envolvidas com o Bloco de Luta as acusando de envolvimento e incitação a um ataque noturno durante os protestos de junho ao Palácio da Justiça. Invade novamente a biblioteca anarquista A Batalha da Várzea e também o assentamento urbano Utopia e Luta e o Centro de Cultura Libertária da Azenha, transcrevemos um pouco de suas palavras: “…dia primeiro de outubro, as oito e quarenta da manhã, três policiais da civil arrombaram a porta do Centro de Cultura Libertária da Azenha. Ao escutar o barulho, os moradores da comuna que se localiza em cima do espaço desceram para averiguar, se surpreendendo ao encontrar os policiais na parte de baixo, revirando as coisas do espaço cultural. Possuíam um mandado de busca, e começaram a pegar materiais de propaganda, como cartazes e panfletos. Ligaram o computador da biblioteca e um dos policiais começou a mexer no mesmo. Outra policial começou a mexer nos documentos da associação, e pegou as fichas com os dados dos associados para levar apreendido…”. No típico “morde e assopra” o governador Tarso golpeia com sua policia\justiça e depois se declara não estar articulando perseguição de caráter político, mas uma questão puramente criminal, e se diz aberto ao diálogo com xs “militantes políticos”.

7 de outubro 2013 segunda-feira, Rio de Janeiro & São Paulo: Na noite de 7 outubro em meio a greve dos professores no Rio de Janeiro e em São Paulo grupos de encapuzados “black bloc’s” se solidarizaram com xs professores em luta nas ruas enfrentando a polícia e todo seu aparato repressivo. Diversas expressões do sistema de dominação foram destruídas em um ato combativo. No Rio de Janeiro … A câmera de vereadores teve um acesso severamente atacado com molotovs e artefatos explosivos diversos. Ainda 12 agências bancárias foram devastadas, uma loja de telefonia Nextel foi arrombada e saqueada, além de praticamente todos os pontos de ônibus da Cinelândia danificados. Placas de sinalização em ruas do entorno da Câmara dos Vereadores também foram arrancadas e usadas nos combates. O Consulado dos EUA no Rio de Janeiro foi atacado suas vidraças blindadas foram estilhaçadas, pelo menos dois coquetéis molotov foram lançados no prédio. O Consulado de Angola também foi alvo. O Clube Militar teve as vidraças quebradas e um molotov lançado para dentro do prédio. O fogo foi contido. Minutos depois, um ônibus foi incendiado na avenida Rio Branco, a principal da região central da cidade. Dois ônibus são manobrados por encapuzadxs e largados atravessados bloqueando uma avenida, o incêndio iniciado foi coibido. Das 18 pessoas detidas pela PM, cinco foram autuadas. A Greve dxs professores se manteve e se alastrou … Em São Paulo uma manifestação teve início por volta das 7 horas da manhã, quando cerca de 150 pessoas das comunidades da Vila Praia, Olaria e Viela da Paz colocaram fogo em madeiras, pneus e caçambas de lixo para formar barricadas e interromper o tráfego na Zona Sul numa faixa se lia“Vandalismo é o que o governo faz com a gente. Cadê o auxílio-aluguel?”. Por causa do incêndio, a fumaça preta pode ser vista à distância. Em manifestação no fim da tarde na zona central Black Bloc’s se enfrentma com a polícia. Agências bancárias são atacadas, um policial é ferido no rosto com esfera de ferro e um carro da policia é virado. Dxs detidxs a pior situação se figurou para Luana e Humberto que foram autuados por sabotagem artigo 15º da Lei de Segurança Nacional, que é um conjunto de leis repressivo punitivas dos tempos da ditadura militar. Xs dois foram detidxs e junto de suas coisas a polícia encontrou uma máquina fotográfica com fotos junto aos distúrbios e gravações de declarações suas. Todxs detidxs destas agitações estão em liberdade.

11 de Outubro sexta-feira, Rio de Janeiro: “Neste dia o Estado realizou uma das maiores ofensivas contra as lutas que explodem no Rio de Janeiro. Não é necessário o esforço de recontar os fatos, mas é importante ressaltar alguns deles para que possamos entender o que está se passando e como reagir. Dezessete mandatos foram expedidos contra militantes de organizações combativas e libertárias. Computadores, pendrives, câmeras, CDs e DVDs foram apreendidos. Além disso veio à tona o fato de que uma militante teve seu sigilo telefônico quebrado no dia 4 de julho, ou seja, há muito que são registradas as suas ligações. Uma ação coordenada pela Interpol articula a investigação dos manifestantes do Rio de Janeiro com a de outras cidades do Brasil e do mundo. É um esforço claro de construir a imagem de uma organização criminosa que facilmente irá caber nas leis antiterrorismo e de Segurança Nacional que começam a serem mobilizadas para criminalizar os manifestantes. Estratégias já utilizadas por outros países chegam finalmente ao Brasil: vale a pena analisar o que está acontecendo no Chile, na França, no México, no Uruguai, na Espanha e em muitos outros lugares. Se modelos são repetidos, cabe a nós conhecê-los para nos protegermos.” Este é um trecho de um comunicado de insubmissxs sobre os acontecimentos deste dia e reflexões sobre cultura de segurança. Comunicado completo: http://cumplicidade.noblogs.org/post/2013/10/14/contribuicoes-a-resistencia-aos-que-sofrem-com-a-repressao/ O golpe repressivo foi protagonizado pela Policia Federal -Interpol- Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) da Polícia Civil. Dias antes as vozes do sistema divulgavam a seguinte notícia: “A partir do rastreamento das ações de grupos com perfil anarquista baseados no Rio, a Polícia Federal do Rio distribuiu na semana passada, por meio da representação da Interpol, um comunicado alertando autoridades de segurança para o risco de ocorrerem manifestações violentas no próximo mês. A difusão das informações que constam das investigações incluiu, além das autoridades do Rio, a embaixada dos Estados Unidos, em Brasília, e o escritório do FBI nos Estados Unidos.”

12 de Outubro sábado, São Roque-SP: Dezenas de pessoas realizavam um protesto contra a experimentação animal, em frente ao laboratório do Instituto Royal na rodovia Raposo Tavares; desde o dia 12/10. O Instituto Royal integra a rede do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Fármacos e Medicamentos (INCT-INOFAR). O Instituto Royal é apresentado como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) uma iniciativa privada com crédito social. Foi aberto em janeiro de 2005 com o nome de Instituto de Educação para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Tecnológica. Em 23 de dezembro de 2010, recebeu mais de 5 milhões de reais em convênios com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para “criação, manejo e fornecimento” de roedores e cães para testes. O convênio segue em vigor até dezembro de 2014. Após três dias em frente ao Instituto Royal algumas pessoas inciaram uma greve de fome. O protesto culminou com que na madrugada da Sexta-Feira dia 18/10, cerca de 120 pessoas invadissem o laboratório e liberassem 178 cachorrxs da raça beagle que seriam usados para testes, destruindo pesquisas em andamento e roubando dados dos algozes do renomado laboratório e posteriormente os divulgando. Na manhã seguinte muitas pessoas se concentraram em solidariedade ao ato da noite anterior, o número que as 10h30 da manhã segundo a estimativa da polícia era de 200 pessoas, uma hora depois já havia triplicado, entre essa concentração havia mais uma vez a expressiva presença de encapuzadxs e bandeiras negras. Dezenas de Policiais isolavam a área e quando um grupo de 5 supostxs “líderes” do manifesto se aproximou para dialogar com representantes do laboratório, aguerridxs manifestantes avançaram rompendo o cordão de isolamento e atacando xs vermes a pedradas, com a chegada da Tropa de Choque, xs guerreirxs aproveitaram-se da dispersão para incendiar uma viatura da PM, e dois carros da TV TEM, afiliada local da Rede Globo. O ato terminou com 2 manifestantes detidxs, e com 2 cães “recuperados” pelas forças policiais.

15 de Outubro terça-feira, RJ, SP, BH, POA: Em resposta a uma chamada para todo o Brasil “Um Milhão pela Educação”… No Rio de Janeiro se estima que entre 5 e 10 mil pessoas acudiram a passeata convocada pelxs professores que já mantinham 2 meses de greve. A passeata terminou em ferrenha batalha, quando nos arredores da Av. Rio Branco, próximo a Cinelândia, grupos de encapuzadxs acenderam barricadas e enfrentaram a polícia, terminando com agências bancárias depredadas e incendiadas, um carro e um micro-ônibus da PM incendiados. Posteriormente a isso, a polícia cercou as escadarias em frente a Câmara de Vereadores, levando cerca de 200 pessoas detidas, das quais 84 foram encaminhadas a diferentes delegacias, atualmente a maioria já foi liberada. Das pessoas presas esse dia permanece ate hoje na prisão, Jair Seixas, o Baiano, militante da Frente Internacionalista de Sem-Tetos, acusado em uma fantasiosa montagem, que o coloca como liderança de uma coordenação internacional para promover atos de vandalismo. Em São Paulo, a manifestação contou com 2000 pessoas, e houve confronto entre encapuzadxs e a polícia, quando manifestantes bloquearam a marginal Pinheiros, xs guerreirxs atacaram a polícia com pedras, rojões e coquetéis molotov. Uma concessionária Honda e agências bancárias foram atacadas. 56 pessoas terminaram detidas. Em Belo Horizonte cerca de 500 pessoas se reuniram na praça Sete, bloquearam ruas e um ônibus tentou furar o bloqueio, sendo atacado o que provocou a prisão de um manifestante, posteriormente encapuzadxs travaram combate com a polícia, atacando-a com pedras e rojões. Em Porto Alegre mesmo com apenas 100 pessoas, um grupo de encapuzadxs ao final do ato arrancou os tapumes do edifício onde vive o prefeito e atacaram as vidraças do mesmo a pedrada, sendo dispersados pela polícia. No dia seguinte pela manhã o prefeito lamenta: – Bom dia. Ainda estamos impactados pela violência e depredação do prédio onde residimos. Meus vizinhos viveram momentos de pânico ..

19 de outubro sábado, Rio de Janeiro: Se realiza ato, no presídio de Bangu, em solidariedade a todxs presxs das agitações de rua do dia 15. Chamado e reflexão em solidariedade aos presxs: http://tudonosso.noblogs.org/post/2013/10/17/ninguem-ficara-para-tras

21 de Outubro segunda-feira, Rio de Janeiro: Leilão de libras … na beira da praia em um hotel de luxo na Barra da Tijuca o estado brasileiro realizou um leilão para exploração de petróleo a grandes profundidades na costa do Rio. Mil e duzentos militares garantiram a segurança do evento que ficou a cargo do exército, haviam milicos até dentro do mar, os agentes do sistema, ministros, repetiam que o leilão sairia de qualquer forma, duas estatais chinesas, Total francesa e Shell inglêsa-holandêsa selaram a manobra de exploração da terra, lucro e manutenção do sistema … em torno do hotel, nas ruas e na praia, grupos marcaram presença atordoando a tranquilidade da transação.

23 de Outubro quarta-feira, Porto Alegre: Deputado estadual do PSDB Jorge Pozzebom protocola na Assembleia Legislativa do RS projeto de lei com sete artigos onde proíbe uso de máscaras. Uma das intenções, diz ele, é garantir clima de segurança na Copa.” — O objetivo da lei é afastar os vândalos que estão maculando as legítimas manifestações.”

25 de Outubro sexta-feira: “Semana nacional de luta pelo passe livre” teve agitações de rua com entusiasmo em dezenas de cidades. Em São Paulo se desenrolou na área central incontrolável protesto ao invadirem terminal de ônibus inicia-se a destruição de suas estruturas, bilheteria, roletas de entrada, caixas eletrônicos, um ônibus é incendiado e o Coronel Reinaldo Rossi que acompanhava a manifestação foi severamente golpeado a paulada, chutes e socos.

27 de Outubro domingo, São Paulo: O jovem Douglas Rodrigues de 17 anos, foi assassinado pela policia bastarda quando passava em frente a um bar, na rua Bacurizinho, no bairro Jaçanã  com seu irmão mais novo. O soldado Luciano Pinheiro foi quem realizou o disparo que segundo os vermes, foi acidental, os desprezíveis vinham solicitados por uma denuncia de perturbação do sossego. A morte ocorreu por volta das 14 h, no mesmo dia decididas respostas já se fazem presentes pelo bairro ,dois ônibus e um carro são incendiados, bancos são depredados e lojas são saqueadas. No dia seguinte após o velório de Douglas, há um levantamento e distúrbios ainda mais intensos que os do dia anterior, erguem-se barricadas, grupos de encapuzadxs bloqueiam a rodovia Fernão Dias, onde são incendiados 4 caminhões, encapuzadxs tomam um caminhão tanque de transporte de combustíveis e o conduzem enlouquecidamente  na contramão, 6 ônibus são incendiados tanto pela rodovia como pelo bairro. Uma infinidade de bancos são depredados , assim como lojas são saqueadas. Em meio aos saques um grupo portava armas de fogo e realizava disparos contra a policia. Um efetivo policial descomunal foi deslocado para a região,  a noite foi adentrada por enfrentamentos e detenções, 77 pessoas são presas. nos dias seguintes a região vive um clima de estado de sitio.

30 de Outubro, quarta-feira, São Paulo: O jovem Jean Silva de 17 anos, foi assassinado com três tiros por um policial militar, na comunidade do Parque Novo Mundo, na zona norte de São Paulo, em conseqüência dessa morte  cerca de 150 pessoas armaram uma barricada de pneus em chamas, que de pronto foi reprimida pela policia militar, dado os fatos que haviam ocorrido poucos dias antes. Os manifestantes reagiram desatando um confronto que acabou dispersado após a chegada de sufocante efetivo policial.

Novembro

1 de Novembro,sexta-feira, Porto Alegre: A okupa anarkista Bosque Ibirapijuka entra em iminência de despejo, a partir de tal ameaça, iniciam um ciclo de atividades e fazem um chamado a solidariedade através de um comunicado divulgado por distintos meios de contra-informação,entre outras coisas diziam: Não confiaremos nem um milésimo de segundo nas artimanhas do poder, não pretendemos dialogar, não acreditamos em acordos com nossxs inimigxs, nossas vidas não estão a venda nem são negociáveis. Quando optamos pela okupação como modo de vida e ferramenta de luta, foi uma escolha com plena consciência de conviver com esta incerteza com relação ao tempo, sabemos que por mais tranqüilas que pareçam as condições de um espaço okupado, sempre haverá um fim, já que um desalojo pode aparecer da noite pro dia e este fim na grande maioria das vezes é algo imposto , sobretudo porque não okupamos desejando neutralidade ou alternativas, não okupamos desejando a legalização, a posse ou a propriedade, okupamos com o desejo de abolir radicalmente a propriedade privada, transformando-a em um espaço anarkizante de luta.

O despejo de nossa casa está intimamente ligado com os processos de avanço do capital, que hoje despejam e removem uma infinidade de ocupações e comunidades em todas as grandes cidades deste território. Está diretamente ligado a chegada da maldita Copa do Mundo, às transformações urbanísticas que preparam e “higienizam”as cidades para este mega-evento …

13,14 e 15 de Novembro, Rio Pardo, Rondônia : Na pequena cidade de Rio Pardo, que já traz em sua historia recente um currículo de mortes, torturas e humilhações propiciadas pelos ataques do poder,numa região assolada pelo conflito agrário, onde inúmeras são as pessoas assassinadas por lutarem por poder viver e cultivar a terra como Maninho, Oziel Nunes, Oséas Martins, Dercy Francisco Sales, José Vanderlei Parvewfki, Nélio Lima Azevedo, Élcio Machado, Gilson Teixeira Gonçalves e Renato Nathan, no dia 13 de novembro um grande destacamento policial , composto por distintas forças policiais, alem da Força Nacional de Segurança, procede a desocupar uma área habitada a mais de 10 anos por mais de 400 famílias, pertencente a Floresta Nacional Bom Futuro , gente que tem sido alvo constante de torturas, humilhações e prisões arbitrarias. Diante de tal acúmulo, as pessoas que ocupavam este lugar se rebelaram reagindo à investida do poder com belíssimos e furiosos atos de revolta. Pontes foram derrubadas para impedir que se levassem as pessoas que haviam sido presas, uma viatura da Força Nacional em conseqüência disso, caiu em um córrego. Um carro e uma viatura da Força Nacional foram incendiados, um prédio em construção que seria a nova sede da policia militar também foi incendiado, as forças de segurança tiveram que bater em retirada, por serem incapazes de conter a rebelião neste dia. O asqueroso policial militar, Luis Pedro de Souza Gomes, que estava a serviço da Força Nacional, morreu em conseqüência dos ferimentos que sofreu durante os enfrentamentos.  Na manhã do dia 15 um comboio de 47 viaturas, da Policia Federal, Policia Rodoviária Federal, Força Nacional de segurança, Policia Civil, COE além de dois helicópteros do exército e ICMbio, num efetivo de 140 homens, adentrou a cidade; moradorxs foram interrogadxs a mira de fuzil, barreiras policiais impediram as pessoas de entrarem ou saírem do lugar , 10 pessoas presas durante o protesto foram levadas para o presídio de Pandinha, na capital Porto Velho.  Neste mesmo dia após as sessões de tortura, foi preso o camponês Eronildo Francisco de Paula, acusado de porte ilegal de arma de fogo. A população da cidade afirma que em meio aos enfrentamentos houveram incontáveis disparos de munição letal, ficando uma pessoa ferida.   Posteriormente a isso, no dia 25 de novembro, 14 camponeses foram presxs em um ataque repressivo da policia militar na fazenda Formosa, na mesma região.

20 de Novembro,quarta-feira, Duque de Caxias, Rio de Janeiro: Morre a ativista Gleise Nana, de 33 anos, que estava em coma a 32 dias, quando no dia 18 de outubro sua casa foi incendiada e Gleise teve 35% do corpo carbonizado, além de afetar seus órgãos internos. A poetisa e diretora teatral, vinha fazendo vasta documentação dos processos de revolta nas ruas do Rio desde as manifestações de junho, focada sobretudo nos “abusos” cometidos pela policia. A ativista havia denunciado o sargento Emerson Veiga, após ele haver postado insultos em seu Inbox, onde a chamava de “maconheira,vagabunda e anarquista de merda, responsável pela desordem no Rio de Janeiro”, assustada ela havia repassado a mensagem a amigxs e desde então passou a receber telefonemas estranhos. A morte de Gleise Nana é mais um assassinato covarde do poder, mais um golpe do terrorismo de estado.

20 de Novembro,quarta-feira,Vicente Fontoura, Rio Grande do Sul: Indígenas do povo kaingang, decidiram pela ocupação espontânea de um balneário turístico que se encontra invadindo suas terras tradicionais, o que culminou com o conflito com o vigilante do balneário que tentou coagir os indígenas a tiros, mas teve como resposta flechadas, facadas e pauladas, sendo acudido depois por seus comparsas da pestilenta brigada militar, se refugiando em uma viatura, que foi apedrejada, mas se retirou levando o asqueroso vigilante ao hospital. Depois que se foi a maldita policia, os indígenas derrubaram troncos e bloquearam as ruas próximas ao local e incendiaram a guarita onde o vigilante trabalha.

27 de Novembro,quarta-feira, Itu, São Paulo:Aproximadamente as 21:30, um incêndio promovido por mãos anônimas destruiu por completo as dependências de um anexo do 4° distrito policial, no bairro Cidade Nova, Zona Sul de Itu. No lugar eram guardados documentos e material que havia sido apreendido. O incêndio além de destruir o prédio, consumiu uma viatura e uma moto da policia, também varias bicicletas e maquinas de jogo, que vaziam parte do material apreendido.

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