Chile: 4 presxs em greve de fome, como mostra de solidariedade com Mônica Caballero e Francisco Solar

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Comunicado público de início de greve de fome

A todas e todos os que lutam pela libertação total.Às consciências anticarcerárias. A todas e todos os rebeldes e insurrectos do mundo inteiro.

No marco do chamamento feito a partir de Barcelona para uma jornada de Solidariedade Internacional com nossos companheiros encarcerados hoje na Espanha, Francisco Solar Dominguez em Navalcarnero e Mônica Caballero Sepúlveda em Estremera, a realizar-se entre 16 e 22 de dezembro, os prisioneiros subversivos, libertários, autônomos e mapuche, Marcelo Villarroel Sepúlveda, Freddy Fuentevilla Saa, Juan Aliste Vega e Hans Niemeyer Salinas, recolhidos nos diferentes módulos do Cárcere de Alta Segurança, e Carlos Gutiérrez Quiduleo na Seção de Máxima Segurança, todos na Unidade Especial de Alta Segurança de Santiago do Chile, comunicamos:

1-Damos início a uma greve de fome líquida, como expressão concreta de solidariedade direta com nossos irmãos, amigos e companheiros “Cariñoso” e “Mona”, acusados pelo fascista Estado espanhol de pertencer ao Comando Insurrecionalista Mateo Morral, a quem haviam atribuído a autoria da ação direta contra a Basílica do Pilar, em Zaragoza, da fracassada detonação na Catedral de Almudena em Madri, além de serem acusados de conspirar para atentar contra a Basílica de Montesserrat em Barcelona. Com esta mobilização buscamos atingir o medo e a indiferença reinante, romper os muros de todo tipo e em um gesto de irmandade indestrutível, assinalar claramente que nosso sangue-coração e ossos hoje estão em Madri junto a eles, e nos dói seu encarceramento, pois entendemos que é parte da vingança estatal permanente contra todos os que buscamos a destruição da sociedade de classes.

2- Hoje, frente ao complexo panorama jurídico-repressivo-carcerário no qual estão imersos a milhares de quilômetros de distância de seu lugar de origem, enfrentando a hostilidade jornalística-policial-política desencadeada pela macabra relação simbiótica entre os obscuros rincões da inteligência estatal chileno-espanhola, fazemos tangível, uma vez mais, aquela bela prática subversiva altamente criminalizada: o amor, respeito e solidariedade entre pares, longe de toda fetichização iconográfica ou martirização panfletária, promovemos a articulação consciente e instintiva de redes de cumplicidade no cotidiano da luta contra o poder e toda autoridade. Os gestos e ações de rebelião não são meras saudações à bandeira, neste contexto são claramente atos de resistência ofensiva no inegável desenvolvimento da Guerra Social na qual toda prática antagônica à ordem dominante se torna subversiva e portanto criminalizável, e nós que fazemos parte daquele universo de relações humanas não mediadas por conveniências cidadãs, orgulhosamente nos expomos a perseguição, onde quer que estejamos, odiamos o Estado, em qualquer de suas variantes, odiamos a autoridade e amamos a quem caminha livre pelo mundo opondo-se ao poder.

3-Não fazemos abstração das imensas dificuldades as quais nos denfrontamos em todos os âmbitos da realidade de encarceramento na qual vivemos, mas uma Greve de Fome consideramos ser o mínimo que podemos realizar como manifestação individual-coletiva de solidariedade combatente com nossos irmãos. Ante a proposta vinda desde os solidários de Barcelona, instamos a todos os que conservam sangue rebelde em suas veias a estender e multiplicar a solidariedade multiforme com Francisco e Mônica. Toda iniciativa que busque visibilizar suas ideias, suas vozes, o futuro de sua diária resistência, fará que a tentativa de silenciar nas masmorras espanholas seja em vão. O chamado é claro e forte: Contribuir com a luta anticarcerária, combatendo a democracia do Capital, seus sustentadores e seus falsos críticos.

4- Este período intenso de Guerra e Resistência nos trouxe nos últimos meses e dias, sequências de dor e raiva, mas de reafirmação subversiva, autônoma e libertária em nossa comunidade geral de ideias, em nossos semelhantes em luta. A recente detenção de Carlos no território Mapuche depois de 6 anos de furtiva clandestinidade. O festim midiático com a detenção de Francisco e Mônica em Barcelona. E faz tão somente uns dias, na zona poente de Santiago, no interior de uma sucursal de um banco estatal, o assassinato de Sebastián Oversluij e a posterior detenção de Alfonso Alvial e Hermes González, todos companheiros anarquistas presentes nos últimos anos em diversas lutas e espaços de solidariedade com os presos da Guerra Social. E como corolário democrático dos ares cidadãos do Estado chileno, a negativa de ingresso e expulsão do país de Alfredo Maria Bonanno, enquanto o social fascismo de esquerda retoma o controle do Estado através do triunfo presidencial de Michelle Bachellet, que prediz mais repressão e morte para os explorados e altíssimas taxas de lucros na realização do mercado para os capitalistas, tudo revestido de renovados brios progressistas. E nossa luta continua, continuará sem vacilações nem tempos mortos, por que é nossa opção e convencimento. Chamamos a todos os anticapitalistas, rebeldes sociais, antiautoritários, subversivos e libertários do mundo inteiro a estreitar laços desde o que fazer no concreto, para se romper o isolamento e castigo que impõe o Estado espanhol hoje a Francisco e Mônica. Damos por iniciada a mobilização com características de Greve de Fome líquida a partir das 00h00 de hoje, segunda-feira, 16 de dezembro. Saudamos imensamente a todos, sem exceção, os prisioneiros nos cárceres do capitalismo mundial, mantendo forte o desejo incontido de libertação total. Fazemos chegar nossos respeitos fraternos e subversivos à família, companheiros e afins do anarquista expropriador Sebastián Oversluij… sua decisão combatente de ofensiva contra o Capital é sinal inequívoco de que a subversão antiestatal se multiplica ante os olhos incrédulos de quem nos nega.

Solidariedade combatente com nossos irmãos prisioneiros nos cárceres do Estado espanhol!

Até que todas as jaulas estejam vazias: Francisco e Mônica à rua!

Honra e respeito eternos a Sebastián Oversluij!

Só a luta nos faz livres!

Marrichewew!

Enquanto existir miséria haverá rebelião!

Marcelo Villarroel Sepúlveda

Freddy Fuentevilla Saa

Juan Aliste Vega

Hans Niemeyer Salinas

Cárcere de Alta Segurança

Carlos Gutierrez Quiduleo,  Seção de Segurança Máxima

Segunda-feira, 16 de dezembro de 2013. Santiago do Chile, ao Sul de Abya Yala, o que o mundo mal conhece como América do Sul.

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Alfredo Maria Bonanno é proibido de entrar no Chile

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Na noite desta sexta-feira (14 de dezembro), a Polícia de Investigações chilena proibiu a entrada e expulsou do país Alfredo Maria Bonanno, italiano de 76 anos considerado um histórico mentor da teoria e prática anarquista insurrecional. Nos últimos dias, Bonanno participou de distintas conversas sociais no Uruguai e na Argentina, o mesmo objetivo que o levou ao Chile na sexta-feira, no entanto, as autoridades proibiram a sua passagem no aeroporto de Santiago, alegando que ele “tinha condenações, principalmente por assaltos [expropriações] na Itália e Grécia”. Bonanno iria participar de um fórum intitulado “Perspectivas sobre a luta anarquista insurrecional e guerra social”, em Valparaiso. Também estava programada sua participação num ato de apoio e solidariedade a Mônica Caballero e Francisco Solar, anarquistas chilenos presos na Espanha por suposto envolvimento na colocação de um artefato explosivo na Basílica del Pilar de Zaragoza.

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Solidariedade a Flor de Pele acontece em Santiago de Chile

Retirado de Viva la Anarquia

3° convenção de tatuagens
Solidariedade a flor  de pele.
11 de janeiro de 2014 / Desde as 11:00hrs.

O dinheiro recadado em essa jornada sera destinado axs presxs da guerra social
Em breve, mais informações…

Solidariedade como Arma!

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Chile: Expropriação a banco estatal termina com um compa morto, outros dois presos e um fugitivo

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Ontem (11 de dezembro), por volta das 9h30, foi morto a tiros o companheiro Sebastian Oversluij Seguel, de 26 anos, quando ele e outros companheiros estavam se preparando para expropriar um banco estatal, na Avenida Estrela 1021, na comuna de Pudahuel. Sebastian foi morto pelos tiros disparados por um vigilante-lacaio que estava protegendo as instalações do banco. O companheiro recebeu pelo menos 6 balas no seu corpo. Outros dois companheiros foram presos nas proximidades do local, Alfonso Alvial, de 27 anos, e Hermes Gonzalez, de 25 anos. Os companheiros detidos passaram hoje (12 de dezembro) pelo posto de controle no Centro de Detenção chileno, por volta das 16h. Durante a noite de ontem foram invadidos vários lugares, sendo um deles a casa onde os pais de Sebastian viviam. Além destes fatos, as autoridades chilenas estão querendo vincular os dois companheiros detidos com outros assaltos, feitos este ano no mesmo lugar, e de outras ações de natureza política, já que eles foram detidos em algumas atividades de rua em apoio a companheiros que naquela época estavam envolvidos no processo judicial conhecido como o “Caso Bombas”.

Hermes e Alfonso, a la calle!

Solidariedade!

Companheiro Sebastian Oversluij Seguel, Presente!

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Escrito de Gabriel Pombo da Silva: De Janeiro a Outubro- A luta segue.

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Nota de Cumplicidade:

“A memória viva não nasceu para servir de tinta. Tem mais a vocação de ser uma catapulta. Não quer ser um porto de chegada, mas um porto de partida. Não nega a nostalgia mas prefere a esperança, os seus perigos, suas intempéries…” Jann-Marc Rouillan

O companheiro anarquista Gabriel Pombo da Silva está há quase 30 anos em prisão, uns 20 nas prisões mórbidas do Estado espanhol. Tem se enfrentado ( e segue fazendo-o) a muitos castigos e regimes de isolamento que dispõe aquele Estado para tentar sujeitar a  quem não cede as suas exigências. Gabriel forma parte daquelxs para quem o encarceramento não significa o fim da revolta! Motins e tentativas de fuga, nos anos 80 e 90, o sistema carcerario espanhol foi sacudido por numerosos atos individuais e coletivos de ofensiva. Por ter participado, Gabriel foi preso, como várixs outrxs, no regime FIES, destinado a erradicar toda tentativa de rebeldia. Em outubro de 2003, Gabriel decidiu não voltar a jaula depois de uma permissão. No dia 28 de junho de 2004, após um controle da polícia que acabou mal e em um tiroteio para não cair nas mãos dos policiais, foi preso em companhia da sua irmã Begoña e dos companheiros Bart de Geeter e José Fernandes Delgado (esse último também em fuga das prisões espanholas).  No dia 25 de setembro daquele ano José-também é acusado de assalto- é condenado a 14 anos de prisão, Gabriel a 13, Bart a 3 anos e meio e Begoña a 10 meses de prisão com remissão condicional da pena. Bart sai em 2007, José –depois de vários traslados- se encontra atualmente na prisão de Rheinbach (Alemanha), Gabriel cumpre a sua pena em Aachen, onde se nega a obrigação de trabalhar, pelo que permanece 23 horas sobre 24 em uma célula. Uma forma de escapar é mantendo uma correspondência com companheirxs de todos os horizontes.
Agora se encontra na Galícia, na prisão de A Lama, no regime FIES, como nos relata nesta carta.

Suas palavras atravessaram todos os muros das prisões e fronteiras, desde o território dominado pelo Estado brasileiro, queremos abraçar a sua firmeza frente a tantos anos de encarceramento… Por muito que nos separam os quilômetros,  nas ânsias de romper, com a nossa solidariedade ,os quilômetros e as fronteiras que nos separam, difundimos por esses lares fragmentos de uma vida toda em combate… e fazemos nossa a historia daquele guerreiro!

Morte ao Estado e que viva a Anarquia!


Escrito de Gabriel Pombo da Silva: De Janeiro a Outubro- A luta segue.

Axs meus amigxs, irmãxs e/ou companheirxs

Ainda lembro como se fosse ontém mesmo o dia no qual, por fim, abandonei (expulso) esse frio mórbido asséptico e hermético que foi a prisão de segurança máxima de Aquisgran (Aachen) na Alemanha… No dia 16 de janeiro (2013) cheguei no aeroporto de Barajas (Madrid) escoltado pela Interpol; e daí me dirigiram aos Tribunais da Praça Castilla; não sem antes ter sido fotografado (com especial interesse no peito, pois esperavam, a toa, encontrar tatuado o acrônimo da FAI/FRI), “tocado o piano” (tirar as impressões digitais) para se assegurar que, efetivamente, era eu… Devo dizer que deveria ter abandonado a Alemanha em dezembro e/ou novembro; mas isso foi repentinamente “bloqueado” posto que a Republica da Itália tinha interposto uma “OEDE” ante a Bundesanwaltschaft de Karlsruhe com a intenção de me extraditar pelo relativo à “Operação Osadia”… Por “sorte” (ou pelo fato de ser juridicamente “cidadão espanhol”, reclamado por uma OEDE apresentada com anterioridade por esse pais) os “Digos”(1) italianos tiveram que “ficar com vontade” (momentâneamente), quando o tribunal alemão (após várias “gestões” jurídico-policiais) decidiu que as “acusações indiciárias” vertidas contra a minha pessoa pelo ROS eram (e são) insuficientes para conceder à Republica italiana minha extradição.

Assim, tive a sorte de me salvar de conhecer o “Bel Paese” através das suas prisões e sistema jurídico… “Ingênuamente” acreditava que, finalmente, tinha me “tirado de cima” aos Digos com as suas delirantes acusações e podia acabar de “terminar” resto do meu sequestro legal nesse país.

Me resulta impossivél resumir em umas folhas de papel todas as impressões-idéias-emoções que senti quando deixei atrás a prisão de Aachen e a Alemanha no seu conjunto… após oito anos e meio “sepultado vivo” nesse país (23 horas por dia trancado em uma cela e uma hora de pátio diária) por me negar em desempenhar “trabalhos forçados” e me vestir do uniforme de presidário (além de terem me roubado e sabotado sistemáticamente minha correspondência: com o qual me foi tirando a vontade de escrever de maneira gradual nos últimos anos…) acreditava que “o pior” ficava definitivamente para trás… Finalmente ingressei na prisão de “Soto del Real” a meia noite. Qual não seria a minha surpresa quando constato QUANTO tinham mudado “as coisas”  nesses quase 10 anos de “ausência” (exílio?) forçoso das masmorras hispânicas!

Fiquei estupefato ao constatar/ver que os próprios presos (verdadeiros auxiliares de carcereiros) encarregavam-se de registrar os meus pertences junto com os carcereiros. Esta primeira impressão foi um duro golpe moral para mim. Surpreendentemente (jà que eu contava com ser classificado em primeiro grau e incluído no FIES, nada mais ao chegar…) no dia seguinte me recebem o diretor e subdiretor de dita prisão para me comentar/dizer que lhes tinham chamado desde a mesmíssima “D.G.I.P” (literalmente me disseram que quando os “chefes” viram o meu nome se acenderam as “luzes vermelhas”) para que me perguntassem “com que intenções voltava”. Com ironia respondi que as intenções minhas sempre tinham sido (e serem) as mesmas: conquistar a minha liberdade… Me notificam que cumpria “minha” pena (isso logo se  notifica a mim, em um documento que se denomina “liquidificação de penas”) no dia 10/4 de 2015… e além disso que permaneceria no segundo grau e que me trasladariam a minha terra na maior brevidade possível…

Que vou  contar para vocês? No final “pareceria” que depois de mais de 28 anos de prisão “só” deveria esperar “apenas” um par de anos para poder desfrutar da minha ansiada liberdade.

Afastado ,isolado,  segregado durante os últimos anos de sequestro na Alemanha, TUDO o que ia olhando-escutando-sentindo era simplesmente alucinante… Foi uma “overdose” auditiva, visual, sensorial, emocional, indescritível… Em certo sentido (e em comparação ao sofrido na Alemanha) já me sentia “meio livre” e estava aprendendo de novo a me “esclarecerr” com isso de me ver sobrepassado pelo meu “novo” entorno; com “tanta gente”, com tantas horas de pátio, com tantas cores e as “lindas vistas” até a Serra de Navalcernada… O “único” negativo foi constatar que os carcereiros se tinham feito com os pátios e a maioria dos presos tinham se tornado gestores da sua própria prisão, além de “auxiliares de carcereiros”… Obviamente, fui dirigido em um módulo de “conflitivos” e aí (Módulo 5) pretenderam os carcereiros que dividiria a cela com outro preso… Dado que me neguei por completo em “dividir cela” com preso nenhum, fui dirigido ao Departamento de isolamento no dia 17 de janeiro pela noite… e além disso me castigaram com duas faltas “muito graves” por (segundo eles) “ameaçar com golpear ao preso com o qual pretendiam que convivesse” e “me negar e  resistir” a obedecer às ordens dos carcereiros.

Depois de um dia em isolamento, no dia 18 de janeiro me voltam ao módulo 5 e essa vez me dão uma cela para mim sozinho… Porém, no dia 30 de janeiro me notificam que fico incluído no FIES-5 (características especiais). Isso o tomei com certo senso do humor, pelo menos (me disse a mim mesmo) não terei que  buscar mais “castigos disciplinares” pelo tema de “dividir cela” com alguém… Bom… agora só esperava que chegasse o meu traslado à Galícia tal e como me tinham dito no momento do meu reingresso… No dia 16 de fevereiro me dizem que recolha as minhas “coisas” que me ia de condução. Não quiseram me dizer em que prisão mas pensava que seria a qualquer das existentes na Galícia. Qual não seria a minha surpresa quando me dou conta que me levam para Alicante? Em Alicante me notificam também a limitação e intervenção das comunicações (telefônicas, escritas etc.)… já não entendia nada.

Os primeiros meses tanto no Soto do Real (Madrid) como em Villena (Alicante) põem-me todo tipo de travas e impedimentos para comunicar e/ou falar por telefone, tanto com a minha companheira como com a minha família. Porém a presença de vários presos da ETA fazem que minha estadia seja algo mais divertida… Supreendentemente no dia 20 de março, a D.G.I.P decide me tirar da inclusão no FIES-5 (C-E) e me levantar a sua vez, a intervenção e limitação das comunicações… Inclusive me “autorizam” poder ligar para a minha irmã por telefone, à minha companheira e ao advogado… Porém no dia 3 ou 4 de abril me dizem que volte a recolher as minhas coisas que vou de condução. Inocentemente acho que finalmente me levam para Galicia… mas, qual não seria a minha surpresa quando me dizem que vou a Valdemoro? E que vou fazer eu em Valdemoro? A resposta não se faz esperar e no dia 9 de abril me levam ante a Audiência Nacional: os “Digos” voltavam ao “contra- ataque”. Me nego em prestar declaração nenhuma e rechaço o advogado (de ofício) que me dão. No dia 16 de abril volto a ser citado, essa vez com o meu advogado. Não tenho NADA que declarar sobre as acusações das que sou objeto por parte do R.O.S, e… Porém me decretam a “liberdade provisional” entretanto e enquanto ainda me encontro cumprindo pena nesse pais e para “me extraditar temporáriamente” na Itália se deve pedir uma “rogatória internacional” a Alemanha (dado que eles me entregaram a Espanha e não aceitaram os indícios supostamente incriminadores do R.O.S contra a minha pessoa) e devo cumprir “minha” pena na Espanha… O mês de abril, o passo praticamente em Valdemoro e é aqui onde tenho as minhas primeiras comunicações, tanto com a minha irmã como com a minha companheira. No dia 30 de abril me encontro de novo em Alicante. Finalmente no dia 31 de maio tenho o meu primeiro “vis-à-vis” com a minha companheira e se vão regularizando periodicamente e com “normalidade” tanto as chamadas como as visitas com outrxs companheirxs.

No dia 15 de julho finalmente abandono a prisão de Villena com destino a “A-LAMA”… chego na Galícia no dia 25 de julho. No dia 27 me notificam a “intervenção e limitação” das comunicações (simplesmente “porque sim”) com data do dia 23 de julho! Quer dizer que ainda não tinha chegado a essa prisão quando o subdiretor decide (a título pessoal e contra da resolução da D.G.I.P  e o J.V.P de Villena) voltar mais um passo atrás e não cumprir as próprias “normas”, “normativas” e “diretrizes” dos seus superiores e do poder judicial. E dado que me nego em assinar dito acordo (unilateral e arbitrário) não  lhe ocorre nada melhor que me voltar a incluir no FIES-5 no dia 9 de outubro!

Simplesmente tenho decidido deixar de escrever ( o que sempre tinha sido minha janela até o exterior) desde que cheguei nessa prisão, porque me nego a que um “qualquer” que exerce de pequeno chefe local, decida a quem e quando escrever e o que ler…

A tudo isso e em sucessivas “liquidificações de pena”, acabo por não entender que merda de sistema jurídico-penal é esse que me concedem várias: a) ( a primeira) no Soto do Real com data de saída 4/4 partes cumpridas no dia 10-4-2015; b) ( a segunda na Villena-Alicante) com data de saída no ano 2033!! E c) ( a terceira no A-Lama) onde põe que cumpro (3/4 condicional) em janeiro do 2015 e a total (4/4 partes) no ano 2020. Obviamente tudo isso ( a nova inclusão no FIES mais a intervenção de correspondência mais liquidificação de penas) se encontra recorrido ante o JVP de Pontevedra. Se esse JVP aplica sua lei deveria ser posto em liberdade no ano que vem.

A todxs xs companheirxs devo de dizer que além do que dizem seus “papéis jurídicos” e suas sujas manobras políticas, levando como levo 29 anos preso, não vou entrar nas provocações destxs miseráveis agora que minha LIBERDADE está ao alcance da minha mão… Me consta que o mero fato de escrever isso (a minha verdade) lhes pode dar Pé aos carrascos para novos “translados” (já sejam de módulo ou de prisão) e/ou “castigos” de tipo administrativos.

A situação carcerária nesses últimos anos de “ausência” forçada tenha mudado a tal ponto de que tudo está irreconhecível para mim.

Existe agora (começou faz alguns anos…) em todas as prisões do Estado espanhol uma “novidade” que se denominam “módulos de educação e respeito” e/ou “módulos de convivências”. Em umas prisões esses módulos ja são majoritários. Mas que quer dizer isso? Quem deseja que se aplique a lei ( o que lhes corresponde por lei e não pelo benefício de uns usurpadores) devem de ir a um desses “módulos de respeito” onde assinam um contrato onde lhes “programam” as atividades que devem de fazer obrigatoriamente (o qual vai contrariamente à L.O.G.P) como limpar, estudar, fazer esporte etc. Os próprios presos são os encarregados de executar as funções de carcereiros e “técnicos” chegando a controlar a seus próprios “companheiros”, a mediação (eufemisticamente as drogas com que empinam aqui aos presos) é cagueta-los por se levam drogas ilegais ou fumam (ou não trabalham) em zonas proibidas. Inclusive fazem “assembléias” onde uns se “caguetam” dos outros. Ir por um desses módulos, supõe renunciar (ou seja delegar tudo aos funcionários) aos “direitos” contemplados na L.O.G.P que tantos mortos e sangue nos custou aos/as “velhxs combatentes”. Visto pelo visto ( e dado que nego a tragar aquela porra) prefiro conviver nos chamados “módulos conflitivos” e lutar pelos meus “direitos” (aqueles pelos quais já lutei) e não “delegar essa responsabilidade” a um grupo de traidores e carcereiros.

Quero ressaltar que isso que aqui escrevo não pretende ser “ chamado à solidariedade” com a minha situação. É tão só uma “radiografia” da minha situação ( e a de outrxs tantxs que não  baixaram as calças) e uma constatação de que as suas “leis e direitos” são um lixo, papel molhado, algo com o qual pretendem se investir “eles” de “ordem” e “legitimidade” e assim mesmo justificar o monopólio da violência (legal e armada).

O que eu penso e acredito o fui ( e sigo fazendo em menor escala) refletindo nos meus textos e em cada ato da minha vida.

Minha solidariedade é agora (como sempre) com todxs xs que lutam: Jamais vencidxs, nunca arrependidxs!

Em luta até que todxs sejamos livres!

Pela Anarquia!

A-Lama, Outubro de 2013

Nota: Não me chegam nem correio nem as publicações anarquistas, mas estou aproveitando para traduzir o livro do companheiro Thomas Meyer Falk.

 

Notas:

(1)Polícia política Italiana

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Uruguai: Marcha até a embaixada da Espanha em Muertevideo, em apoio a Monica e Francisco.

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Retiramos de Viva la Anarquia e traduzimos:

No dia 13 de novembro de 2013 são detidos em Barcelona (Espanha), 5 companheir@s anarquistas (3 do Chile, 1 da Argentina e outra da Itália), acusados de atentar com artefatos explosivos contra basílicas e catedrais espanholas, estruturas onde se expressa no seu mais alto esplendor, o saque realizado por essa metrópole às colônias que agora conhecemos como América do Sul. Nesses lares onde a maior mentira do mundo cobra força, é ai onde ainda podemos ver com ignorância nossa submissão ante essa nação; tudo o que nos rodeia é de inversões espanholas, nos impuseram o seu credo, sua língua, sua historia, sua “cultura”.

As polícias internacionais, fiéis serventes dos poderosos donos do mundo se coordenam para golpear. É assim que tanto os serviços de inteligência espanhol e chileno se sentaram e conversaram sobre o seu atuar, sobre as suas estratégias repressivas.

Noss@s companheir@s Monica e Francisco se encontram detid@s sob a lei de estragos terroristas e arriscam penas altíssimas de prisão. Seus familiares e companheir@s no Chile estão vivendo a perseguição policial constante. @s companheir@s nascid@s na região dominada pelo Estado chileno foram para Espanha ha mais de um ano, se estabeleceram em Barcelona, lugar onde foram pres@s.

Nós, anarquistas refratári@s não podemos olhar até o outro lado enquanto noss@s companheir@s estão sendo sequestrad@s pelas mais mafiosas das instituições, não podemos ficar paralisad@s pelo seu desenvolvimento, seguiremos adiante com o nosso caminhar destruidor de autoridades, destruidor de imposições, destruidor dos seus controles e leis. Nada freará a nossa luta.

Liberdade para Monica Caballero e Francisco Solar sequestrad@s pelo Estado espanhol.

Viva a luta anarquista internacional!

 

 

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Estado espanhol: Rompamos a moderna inquisição. Restrições nas cartas para Monica e Francisco.

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Retiramos de Viva la Anarquia e traduzimos

Rompamos a moderna inquisição

A biblioteca Durruti mandou um telegrama as/aos 2 compas na sexta 22 de novembro; o telegrama para Monica tem sido devolvido com o aviso de que não foi entregue.

A justiça proíbe a entrada de cartas, livros ou textos aos/as nossxs companheirxs anarquistas Francisco e Monica. Nós, pensamos que nenhum/a detidx deveria ser posto em um buraco e ser abandonado à sua morte no mais absoluto silêncio, sem a possibilidade de poder entrar em contato com os seus familiares ou conhecidxs, através da única via possível que existe nas prisões: a correspondência epistolar…

Em uma situação onde somente xs familiares podem visitá-lxs, obrigar xs detidxs nas prisões, romper suas relações com xs seus próximxs, é um ato de infâmia. Desumanizadxs e humilhadxs, estão sendo usadxs como reféns e xs aplicam uma crueldade desnecessária, porque, romper com as relações afetivas dxs encarceradxs é, em definitiva, mais uma forma de tortura. Entendemos, que é, além disso, uma tentativa de extorquir as/aos detidxs; dizemos que é uma extorsão porque castiga às próprias ideias dxs detidxs impedindo a livre circulação das mesmas e por fim a liberdade de expressão que todxs, xs presxs também, deveriam poder ter em um regime que se autodenomina democrático.

Na censura as/aos nossxs companheirxs vemos somente a vingança do Estado, que sabe bem que as suas abordagens e ações não são aceitados pela maioria dxs oprimidxs e que sabe também que somente com a coerção pode impor as suas ideias.

Liberdade para Mónica e Francisco!
Liberdade a tod@s @s que lutam!
Basta da caça inquisitória!

Biblioteca Durruti (conjuntamente com individualidades anarquistas)

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POA: Relato da Bicicletada em solidariedade axs presxs pelos combates de rua..

Recebido no email:

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Relato da Bicicletada em solidariedade axs presxs pelos combates de rua…

Na sexta feira dia 6 de dezembro nos reunimos no Largo Zumbi dos Palmares para fortalecer a proposta de pedalar em solidariedade axs que foram encarceradxs em decorrencia de montagens da imprensa e da polícia, em relação aos levantes em forma de protestos e manifestações que ocorreram em diferentes cidades deste território denominado brasileiro, neste ano de 2013.

Saímos daí com a intenção de chegar no Presídio Feminino localizado a alguns quilômetros daí.

Logo de cara nos deparamos com o transito caotico da Av. Perimetral retomando nosso espaço nas ruas, não esperávamos pelos sinais de transito e menos ainda pelo respeito dos carros, preocupadxs somente com suas próprias vidas materialistas e capitalistas.. não foram poucxs xs que se incomodaram quando viramos na Av. João Pessoa trancando as quatro pistas. Ao som de petardos e gritos de liberdade e solidariedade, lançando panfletos por onde passávamos, o que incomodava um número cada vez maior de descontentes cidadãos/dãs ordeirxs civilizadxs, que pouco se importavam com as nossas motivações, que chegavam a se assustar com xs encapuzadxs de bicicleta.

Seguindo nossa rota, fechamos a Av. Azenha e passando por trás do Estádio Olímpico começaram as explosões de cores nas fachadas dos comércios.

A pedalada ia chegando ao seu destino quando recebemos a indesejada escolta de um veículo da Brigada Militar, alguns metros mais pŕa frente um cidadão na mais perfeita encarnação do modelo caguete, otário, cumpre seu papel em cobrar uma postura mais repressiva da policia, dizendo que havíamos sujado seu amado automóvel de tinta. Assim a viatura nos corta a frente, intimando a todxs, sabendo de suas intenções em coibir/repŕimir qualquer comportamento que fuja da normalidade, sem querer dialogo nenhum, saimos em retirada, infelizmente 3 companheirxs acabaram sendo identificadxs pelxs vermes, ninguém foi detidx porém a pedalada acabou se dispersando.

com a finalidade de levar a cabo nossas intenções, no domingo dia 8, nos dirigimos até o Presídio e estendemos uma faixa com a mensagem de solidariedade  na frente do presídio feminino madre peletier

Contra todas as prisões

Liberade a todxs presxs por lutar

Em repúdio as montagens da imprensa e da polícia

Liberdade a Baiano e Rafael!

solidariedade apoio mutuo

viva a anarquia

ciclistas do caos

 

texto do panfleto:

Ninguém será Esquecido…

Hoje trazemos pras ruas a constante sensação que pulsa em nossos corações de que não estamos todxs, faltam nossxs presxs. O capitalismo assegurado pela democracia vivem um momento de auge, de avanço de inúmeros projetos megalomaníacos de mineração, geração de energia e reurbanização, buscando tornar as cidades cada vez mais cômodas para as classes “bem favorecidas” , para isso se valem de todo tipo de humilhação e violação da vida, arruinam meios naturais, expulsam comunidades de seus territórios tradicionais, militarizam sufocantemente todas as zonas que sejam alvos dos projetos econômicos, despejam xs pobres para xs ricxs ganharem espaços mais tranquilos para viver. Desde junho deste ano, o acúmulo se viu traduzido e descarregado como revolta, belíssimos gestos de insatisfação que foram muito além de qualquer reivindicação por reformar este mundo, as ruas falaram a profunda necessidade de destruir uma lógica que sufoca, tortura e humilha diariamente a todxs que não vivem confortavelmente nesta sociedade, aos/as pobres, as/aos rebeladxs. O estado e o capital se vêem assustados com a possibilidade de seus grandes eventos, Copa e Olímpiadas, serem recebidos com barricadas, já que após a tempestade não veio a calmaria, a tormenta segue furiosa, em inúmeras localidades as pessoas sentem cada vez mais a necessidade de sair as ruas e expressar de todas as formas possíveis sua indignação. Para combater essa situação uma progressiva e desenfreada repressão se lança contra xs que nas ruas se encontram, são incontáveis detenções, processos, invasões em domicílios e prisões. No Rio de Janeiro atualmente duas pessoas se encontram presas em consequência da onda de revoltas, Rafael Braga Vieira, que vivia nas ruas e foi detido quando no dia 21de junho, em meio a maior manifestação da história daquela cidade, saia da loja abandonada onde morava com duas garrafas de plástico na mão, condenado a 5 anos de prisão numa absurda montagem que diz que essas garrafas eram para a confecção de coquetéis molotovs.Já Jair Seixas, o Baiano, militante da Frente Internacionalista de Sem-Tetos, está preso desde a manifestação do dia 15 de outubro, parte dos intensos e combativos protestos que aconteciam no Rio em decorrência da greve dos professores, o apriosionaram acusando-o fantasiosamente de ser uma conexão internacional em uma organização terrorista que organizaria distúrbios de rua, já que x companheirx havia viajado umas quantas vezes a distintas partes do mundo, atualmente ele se encontra isolado, sem poder receber visitas, sem acesso a correspondência e sofrendo contínuas represálias por suas opções políticas. Além disso não podemos esquecer de Samuel Eggers, assassinado em Caxias do Sul, em situações obscuras muito provavelmente por mãos de fascistas ou policiais, após declarar-se publicamente anarquista em um congresso de “psicologia e movimentos sociais”; e de Gleise Nana, ativista que morreu em Duque de Caxias,RJ, após 32 dias de coma em decorrência de um incêndio provocado em sua casa, Gleise havia reunido vasta documentação dos “abusos” cometidos pela PM nas manifestações desde junho e vinha sofrendo ameças constantes por telefone e internet. Estes acontecimentos evidenciam que o Estado não persegue fatos, mas sim idéias, que busca com as prisões, torturas e assassinatos semear o medo e a paranóia e com isso frear a crescente onda de Rebelião que se faz cada dia mais presente por todos os lados desse território. Frente a isso queremos dizer que a solidariedade sempre se fará sentir a cada pessoa sequestrada pelo Estado por rebelar-se, que a memória estara sempre viva, que as energias de nossxs mortxs se farão presentes em cada ato de rebeldia e de desprezo ao poder, que hoje em pequenos gestos derrubamos os muros das prisões  e fazemos de nossas ações e nossas palavras asas que nos aproximam de quem  se encontra nas garras do inimigo, já que não há grades que aprisionem nossos desejos de liberdade.

 

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