Breve entrevista de Contra Info a Claudio Lavazza

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Entrevista de Contra Info ao compa Claudio Lavazza que, desde 1996, se encontra encerrado nas cadeias da democracia espanhola. A entrevista foi apresentada no evento em solidariedade com anarquistas presxs de longa pena, realizado a 11 de Janeiro de 2014 no CSO La Gatonera, Madrid.

Na busca da liberdade plena, optaste por atacar o mundo do poder, com todos os meios possíveis. Quais foram os principais motivos que te impulsionaram a seguir este caminho de rebeldia armada?

Os motivos pelos quais empreendi o caminho da rebeldia foram um conjunto de circunstâncias que vão desde a tentativa de golpe de estado em Itália – utilizando a estratégia da tensão (ataques terroristas com explosivos em lugares públicos) por parte da extrema direita e com a ajuda dos serviços secretos – aos ataques dos partidos políticos do arco constitucional como a Democracia Cristã, particularmente ativa em apontar a esquerda revolucionária e os anarquistas como responsáveis dos graves atentados ocorridos, para além da injustiça e dos abusos perpetuados à classe trabalhadora pelas autoridades;
essas mesmas que aplaudiram o governo fascista de Benito Mussolini e a entrada da Itália, ao lado dos nazis alemães, na segunda guerra mundial.

No teu livro “Autobiografia de um irredutível” contas como, em 1981, participaste no assalto à prisão de Frosinone (na região de Lazio, Itália), a fim de libertar um compa que se encontrava preso nessa cadeia. Hoje, mais de 30 anos depois, contam-se pelos dedos as ocasiões em que a solidariedade de facto com xs presxs da guerra social chega a este ponto. Como se pode entabular de novo a perspetiva da libertação imediata dxs nossxs irmãos?

Voltar hoje a agregar-se a perspetiva da libertação imediata dxs nossxs irmãxs prisioneirxs, tal como no passado, é um objectivo fundamental nesta guerra social…mas aqui, enquanto o sistema tem progredido em infraestruturas e meios de repressão, ficámos parados na pré-história, sem avançar na preparação militar e tecnológica para fazer frente às imponentes macroprisões. Estas construções, isoladas das povoações e cidades, são quase impossíveis de atacar como o fizemos em 1981, em Itália, libertando dois prisioneiros. É verdade que os tempos mudaram. Quando se fala de ataques contra o sistema, ainda que não goste de utilizar palavras como preparação militar e tecnológica, é evidente que se trata aqui de guerra e de confronto e para ter sucesso é necessário estar à altura dos tempos, pois o avanço tecnológico do sistema repressivo assim o impõe. Não estou a dizer que é impossível atacar estruturas como as macroprisões, mas na situação atual esse é um sonho irrealizável, o de libertar prisioneirxs presxs aí.

 da luta polimorfa, supomos que te tenhas envolvido em diversos tipos de organização de contra-ataque ao estabelecido.  Quais foram as experiências que colheste, relacionadas com o tema da verdadeira auto-organização.

As minhas experiências, na auto-organização do combate, sem dirigentes nem dirigidxs amadureceram, pouco a pouco, ao longo de 16 anos de clandestinidade. Ninguém nasce ensinado e todxs temos de aprender com xs outrxs, com os que tenham mais preparação e experiência; entre anarquistas, temos uns princípios simples, que nos permite avançar rápidamente na auto-organização do combate: uma vez formado o grupo, existem tarefas que cada qual tem de respeitar…por exemplo, se sou um perito em táticas de ataques, os outrxs serão levadxs a escutar-me, sem que vejam em mim um dirigente e sem que se sintam dirigidxs; evidentemente todxs têm opiniões no assunto, mas se essas palavras forem o fruto da incapacidade e da falta de experiência tenderão a escutar-me, para o bom êxito da operação. Da mesma forma serei levado a escutar o perito em qualquer outra tarefa, se demonstrar mais capacidade que eu. Ou seja, sou professor, segundo as circunstâncias de um dado momento, e sou aluno quando alguém mais preparado que eu toma a responsabilidade do grupo. É assim que se cria a auto-organização, segundo as minhas experiências.

A anarquia constitue uma via ilegalista por si só? E, se assim é, como poderão as individualidades insurretas confluir em rios que afoguem as leis e normas que nos atam à miséria?

A anarquia é, pela sua natureza, ilegalista porque procura existir independentemente da legalidade imposta pelo sistema. Nós, anarquistas, temos as nossas leis e modos de ser, sempre condenados pelas leis e modos de ser dos Estados. Esse simples fato, de não aceitar as regras impostas pelo trabalho assalariado procurando roubar o dinheiro dos ricos, é considerado ilegal pelo sistema, mas para nós, como é justo e vinculativo, é, portanto, legal. Da mesma forma, qualquer atitude que não esteja envolvida na manutenção do poder capitalista, pode ser considerada como o rio da rebeldia que faz afogar as leis e regulamentos que nos ligam à miséria.

 revolucionário é permanente, surge a necessidade da ação direta, tanto pela destruição de tudo o que nos oprime, como pela criação de um novo mundo. Como unir essas duas tarefas subversivas, sem cair numa militância seca e alienante nem num reformismo derrotista?

A criação de um mundo novo e a necessidade do trabalho revolucionário no dia a dia, cumprindo com as tarefas subversivas, não pode cair nem na militarização seca e alienante nem no reformismo derrotista. Há que ter cuidado com este assunto para não se correr o risco de cair no cansaço e que este propicie o abandono dos companheirxs.. É aqui que a nossa criatividade se manifesta, com a contribuição de novos estímulos e ideias, a revolução e o caminho não podem cair em alienações… há que fazer uma pausa de vez em quando, se não caímos na rotina. Os horários e os padrões de nossas ações pertencem-nos, nem o poder nem a tristeza social estão acima das nossas necessidades como pessoas livres.

Em 1996, és detido na aldeia de Sete Portas, após uma fuga falhada, na sequência da expropriação da sede do Banco Santander, de Córdoba. Quais foram as reações dos círculos anarquistas (entre e sem aspas) na altura, tanto no estado espanhol como fora dele?

A aldeia onde caí prisioneiro chama-se Bujalance, Sietepuertas é o nome da cafetaria onde me apanharam os guardas civis; hoje já não existe, uma entidade bancária tomou o seu lugar. As reações dos círculos anarquistas do estado espanhol foram críticas duras, de alguns, e de aceitação de outros, a favor da expropriação do banco Santander em Córdoba (um dos mais ricos da cidade). Fora do Estado espanhol, recebemos um apoio comovedor de Itália. Lembro-me que quando estava em isolamento, na prisão de Córdoba, ferido e espancado, recebi um telegrama do meu país que me fez chorar, pelo calor e companheirismo que desprendia. Depois, ao longo do tempo, também chegaram cartas e cartões postais de Espanha e de outros países da comunidade europeia e internacional, muitas mensagens com a mesma intensidade e carinho.

Levaste à prática a ofensiva, para além das fronteiras dos estados, burlando durante anos as autoridades de vários países. Como vês a luta antipatriótica e internacionalista dxs anarquistas, em todo o mundo, no momento atual?

As lutas antipatrióticas e internacionalistas dos anarquistas, de todo o mundo, vejo-as presentes e constantes, recebendo de volta duríssimas reações policiais e dos tribunais, os quais têm um medo atroz dessas lutas. Vocês, que estão lá fora, possuem mais dados, atestando a intensidade  dessas lutas. O que  gostaria de ver, antes de desaparecer, é algum desse triunfo. Isso seria para mim e para todxs vocês o presente mais bonito que se possa vir a ter… Espero que em breve.

Quando te encontravas nas masmorras da democracia espanhola, levaste a cabo duras lutas para quebrar o isolamento e pela abolição do regime especial FIES. Como avalias esses momentos, hoje em dia?

Levei a cabo duras lutas quando estava nas masmorras da democracia espanhola, contra a abolição do regime FIES e contra o isolamento, a abolição das penas de longa duração e as penas perpétuas encobertas. Agora estou na luta pela abolição das torturas e maus tratos nas prisões, luta essa começada em Outubro de 2011, com ações comuns realizando greves da fome simbólicas ao primeiro dia de cada mês e conseguindo assim uma rede de apoios de advogados solidários para assistência jurídica aos companheiros em luta, enfrentando as represálias do sistema penitenciário. Não avalio esses momentos de luta como um passado…mas como algo presente, talvez com menos intensidade e participação da comunidade de presos que antes. Estar preso significa para mim estar numa luta permanente. Estar preso significa estar em luta, a prisão não é um lugar onde alguém se possa relaxar e esquecer da realidade que o rodeia..

O teu é um dos casos de anarquistas condenadxs a penas de longa duração, em todo o mundo. Passados tantos anos existem alterações na sociedade carcerária e na sua população?

As alterações no âmbito da sociedade carcerária e na sua população, foram muitas desde que aí entrei, pela primeira vez, em 1980. A  população mudou com a entrada das drogas legais, fornecidas diariamente, por parte da administração, caso da metadona e psicofármacos. Conseguiram isolar uma boa parte da população reclusa, tornando-a individualista. Já não existe essa solidariedade combativa que havia antes, quando tocavam a um e se rebelavam todos. Hoje em dia, e desde há muitos anos já, existe um controlo sobre os presos, não só físico mas também mental, que lhes impede de encontrar um caminho adaptado à sua personalidade; as drogas tomadas diariamente retiram o melhor de si, deixando somente a preocupação de continuar a tomá-las… tudo o resto é secundário, de menor importância… esta é a sua miserável luta e tentar convencê-los do contrário, na maioria dos casos, é uma perda de tempo e energias. Quem se droga aí é escravo do sistema por duas vezes, uma por estar preso e outra por ser um adito. Por sorte, nas prisões, existe também uma parte…pequena…de população reclusa que não entra neste colectivo e é com ela que se pode lutar para conseguir aqui dentro mudanças.

Continuando com o tema das penas de longa duração: como é que influenciou a tua já longa permanência em cativeiro, a solidariedade expressada sobre ti, mas também as tuas relações de amizade e pessoais?

A solidariedade expressa desde fora sempre foi e continua a ser um orgulho para mim, sobretudo agora que foi publicada a minha autobiografia.

 Qual é o actual andamento dos procedimentos jurídicos  contra ti e quais são as perspectivas para o futuro próximo e o mais longínquo?

Agora, a minha situação jurídica continua a ser complicada, estou há 17 anos encerrado e a minha pena em Espanha é de 25 anos. Uma vez terminada, espera-me a pena, em Itália, de 27 anos e 6 meses, e outra em França de 30 anos (com um julgamento ainda por realizae e que, com um pouco de sorte, pode ficar nos 15 anos). O meu objectivo é conseguir uma fusão das condenações pendentes num total de 30 anos, mas vai ser muito difícil que algum tribunal o reconheça. Não existe na atualidade nenhum artigo da legislação penitenciária onde se diga que, com 30 anos de prisão interrompida, tenham de me pôr em liberdade. A luta deve continuar até chegar ao Tribunal de Direitos Humanos para que me reconheçam uma limitação de pena, senão a minha vai ser uma prisão perpétua.

Que mensagem gostarias de transmitir aos que lutam dia e noite, dentro e fora dos muros?

Aos que lutam dia e noite, dentro e fora dos muros, transmitir-lhes-ia esta mensagem…mantenham-se fortes e livres porque a melhor maneira de lutar contra o sistema e as prisões é não entrar nunca.

Um grande abraço para todxs.
Claudio

Para lhe escrever
Claudio Lavazza
C.P. Teixeiro (módulo 11)
Carretera Paradela s/n
15310 Teixeiro-Curtis (A Coruña)
España

N.T:  Claudio Lavazza (Cerro Maggiore, Milão) foi protagonista dos chamados “anos de chumbo” em Itália. Membro dos grupos Proletários Armados pelo Comunismo (P.A.C.) e Comunistas Organizados pela Liberação Proletária (C.O.L.P.), teve que se exilar em 1982 devido à repressão. O seu rastro se perde até à sua detenção em Córdoba (Espanha) em 18 de dezembro de 1996, depois do  assalto mal-sucedido à agência central do Banco Santander. Durante a perseguição policial morreram dois agentes da polícia local de Córdoba e Claudio e seus companheiros foram baleados várias vezes. Condenado em 1998 a 50 anos de prisão, atualmente permanece preso, tendo passado muitos desses anos em módulos de isolamento FIES criados pelo PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) em 1991,  onde participou em numerosos protestos, sendo fortemente criminalizado por isso. Claudio tem pendente, além das condenações em Espanha pelos fatos de Córdoba e outros assaltos pelos quais poderia estar até 25 anos encarcerado, condenações pendentes em Itália e em França. Seu relato autobiográfico, “Autobiografía de un irreductible”, publicado em 2010, foi traduzido para o italiano. Recentemente, foi também apresentado durante a 4ª Feira Anarquista de Porto Alegre, Brasil, em Novembro de 2013.

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POA: Solidariedade sem fronteiras com Mario González

Retirado de Contra Info:

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Hoje, estamos a uns meses da copa do mundo, esta claro que a repressão acontece de maneira ainda mais forte. Nas vilas, milícias da limpeza social foram contratadas para matar, por vários lugares, pessoas que abertamente se declaravam em contra da policia desapareceram ou “morreram” em “incêndios repentinos” que foram divulgadas em invenções mediáticas redatadas por “jornalistas”- lacaios do Estado cujo papel é esconder, diariamente, o que realmente acontece.

Essa repressão cotidiana, seja aqui ou no México, não deve frear as nossas ânsias de liberdade, mas sim devem nos fazer questionar as nossas próprias estratégias  e repensar a nossa táctica, para estarmos sempre um passo adiante dos nossos inimigos…

Mario, não estas sozinho. Tua atitude nos fortalece.

Que caiam os muros da prisão!

Solidariedade também com os 3 anarquistas do 5.EM. Amélie, Fallon e Carlos, os mandamos muita força!

Cronologia da situação de Mario:

2 de outubro de 2013: Mario Gonzalez e outrxs 8 estudantes da UNAM (Universidade Autônoma de México) são detidxs acusadxs de “ataques à paz publica”. Uma juíza fixou fiança para todxs menos para Mario quem ficou preso.

8 de outubro de 2013: Mario começa uma greve de fome como forma de protesto pela sua detenção, essa greve durou 56 dias.

10 de janeiro de 2014: Mario é sentenciado a 5 anos e 9 meses de prisão, sem direito a fiança.

Texto que foi colocado no cartaz:

Mario é um anarquista sequestrado pelo Estado mexicano num contexto de perseguição das praticas anarquistas, assim como do combate em contra dos movimentos sociais em geral. Como anarquistas de ação/práxis/individualidades tendo à anarquia, solidarizamos com a sua combativa atitude frente a prisão e manifestamos o nosso apoio com Mario.

Força e dignidade frente a prisão!
Até te ver em liberdade Mario!

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Balneário Camboriú: Reivindicação de ataque a Subestação de Energia – por uma Internacional Negra – MDC – FAI

Mandado ao email:

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Por volta das duas horas da manhã do dia 19 – 20 de janeiro, com a cumplicidade da noite, uivos leais denunciavam-nos, mas os uivos não eram estridentes o suficiente para xs lobos solitários que visitaram a Subestação de energia da CELESC na marginal leste de Balneário Camboriú. A ação é em resposta ao chamado da internacional negra e demarcando o início das atividades do ano. Não tivemos qualquer problema durante o trajeto, pois os porcos estavam se alimentando de alguma coisa durante a  Blitz do grupo Tático de operações especiais, e outras viaturas, Guarda Municipal e a Polícia Militar, um dia de grande movimentação da polícia. Estávamos equipados com 2 artefatos explosivos com estilhaços, um deles sem sucesso pois desintegrou-se no ar sem alcançar o alvo e sem nenhum ferido. Já o outro dispositivo, acertou o pátio da Subestação elétrica onde atingiu  um dos transformadores, mas sem muitos danos. Os artefatos foram lançados da passarela (imagem).

Até a completa destruição do existe, do Capital ao Estado! Liberdade aos combatentes caídos nas mãos do estado, nada ficará impune. Estamos de olho nos seus atos repressivos carxs militares, e vocês deveriam saber, ninguém e nada é intocável. A cidade de Balneário Camboriú está em constante processo de gentrificação / limpeza social assim como o resto do país. Que o cheiro da pólvora trilhe caminhos e chegue a todos os compas anarquistas, do Brasil, Portugal, México, Chile, Argentina, Grécia, Espanha, França, UK, Indonésia, Peru, Estados Unidos, Austrália, Turquia, Alemanha e mundo. Movimento de Desobediência Civil  (MDC) –  Célula da Federação Anarquista Informal (FAI)

 

 

 

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Não Vai Ter Copa… Algumas imagens a serem propagadas…

Nota de Cumplicidade:

Em resposta às propagandas descaradamente hipócritas que com o impacto visual que possam alcançar as imagens pretendem enganar quem não esta convencidx que a “copa do mundo” somente se nutre de sangue, achamos no ar algumas imagens que nos inspiram cumplicidade, então sentimos a vontade de difundi-las por aqui, assim como um convite a serem propagadas pelas ruas do território “controlado” pelo Estado brasileiro e além dele…

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Em resposta:

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Mexico: Novo blog em solidariedade com os presxs do 5E-M e cartas dxs companheirxs detidxs.

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Endereço do novo blog Fuego a las carceles: https://fuegoalascarceles.wordpress.com/

Carta da companheira Fallon:

Olá amigos e amigas!

Estamos aqui juntxs, nos desse lado e vocês do outro talvez. Na língua do Estado têm anos ou quilômetros que nos vão a separar, mas a coisa que compartilhamos é bastante maior que todos os quilômetros ou anos. O Estado pensa criar uma distância entre nós, mas é o contrario, vamos a estarmos mais juntos que nunca!

Hoje é o dia 8 janeiro, faz mais ou menos 60 horas que estamos viajando entre os carros da policia de merda e os centros federais e provinciais, embora eles decidam que vamos a ficar aqui outras 48 horas, eles não têm nada porque o silencio é mais forte que a repressão.

O mais importante para mim agora é construir uma força maior que a prisão. Temos o contexto para fazer relações internacionais. Para mim a solidariedade é de amigxs, não sou uma vitima ou uma detida política, eu quero utilizar a realidade que vivemos agora para construir amizade mais forte e maior. Estou pronta para combater a autoridade aqui como fora, nunca vou a parar. A prisão é uma realidade normal e vou a utilizar essa experiência e espero que vocês também, para desenvolver uma força individual mais forte cada dia.

Estamos aqui e sempre vamos a estar aqui para enfrentar toda a realidade na prisão e fora.

Abraço grande para todos e todas. Contra a autoridade aqui e fora!

Fallon.

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Carta do companheiro  Carlos (el Chivo):

Com muita energia e raiva escrevo essas breves linhas para dar a conhecer a minha atual condição de sequestro por parte do Governo do Distrito Federal, assim como para divagar um pouco sobre alguns aspectos, acho que agora me vêm bem.

Minha situação política ainda não se decide, assim que por razões obvias não posso entrar muito em detalhes para não entorpecer a minha defesa. A noite do domingo 5 de janeiro, as companheiras Fallon, Amélie e eu fomos detidxs por elementos da policia como supostos responsáveis de uns distúrbios com bombas molotovs realizadas na Secretaria de Comunicações e Transportes e também pelo incêndio de vários carros de uma concessionária da NISSAN. Até hoje, quarta-feira 8 de janeiro se nos acusa de terrorismo, delinquência organizada e dano a propriedade.

A pesar de tudo nos encontramos bem, fortes e unidxs e chegamos ao terceiro dia de detenção entre perguntas, intimações e telenovelas, cenas de montagem como o curioso caso de um falso grupo de direitos humanos que ao estarem sozinhos comigo falaram que foram mandados por uma companheira, me disseram o seu nome e características, no inicio acreditei, comecei a conversar com um deles que se mostrou muito interessado no caso, mas é bem fácil identificar os métodos utilizados por um porco (com licencia pelos porcos) e logo me dei conta que era um policia. Na sua suposta intenção de nos defender, me mostrou varias fotos onde apareço eu com uns amigxs e “amistosamente” me pedia nomes e especificações e logo pensei: como pode um policia querer atuar como companheiro se no seu coração já não existe mais a dignidade? Pois na sua formação intrínseca se lhes domestica como cachorros de caça ao serviço de um amo, ao som de “obedece e não pergunte”, somente atua e não sinta, dando lhes uma singular forma de babar e um brilho de moléstia maliciosa nos seus olhares.

No pessoal me reivindico como anarquista de praxis insurrecionalista, entendo por isso a ruptura com toda forma de dominação mediante a luta diária, pensando e repensando métodos e objetivos, partindo da livre vontade do individuo à organização das relações sociais de maneira horizontal, capazes de decidir sobre nossas próprias vidas, começando pela destruição de nossos próprios paradigmas mentais que nos associam a obediência e submissão, para transcender a conflitividade de maneira permanente e informal.

Sei que a solidariedade entre anarquistas é forte como um carvalho, como o que vai além da simples palavra.

Solidariedade com Gustavo Rodríguez, Mario González, Amelie, Fallon Poisson, Gabriel Pombo. Felicity Ryder e todxs xs companheirxs em situação de deportação, fuga ou prisão.

Carlos López “El Chivo”
Separos Procuraduría General de la República, Camarones, Distrito Federal.

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Argentina,Buenos Aires: Ataque incendiário contra concessionária Fiat e outros carros

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Recebimos e traduzimos:

Argentina/Buenos Aires: Ataque incendiário contra concessionária Fiat  e outros carros

Sempre que nos pronunciamos o fazemos porque sentimos a necessidade de levar aos fatos o que pensamos. Teoria são todas as ideias que têm em nossas cabeças, pratica é tudo o que sai de nosso corpo, inclusive as palavras. Enquanto fazemos uma coisa também fazemos a outra, não podemos separa-las, terá momentos nos quais uma se impunha sobre a outra, mas nunca queremos separa-las, são a nossa força, nossa projetualidade.

Somos cientes das diferentes realidades que se manifestam no mundo mas também das mesmas vontades que têm os companheirxs anarquistas de ser cada dia mais livres. Enquanto uns estão presxs, outrxs estão mortxs, e nos seguimos lutando nas ruas contra o Estado/Capital e pela Anarquia.

Através da destruição reivindicamos o incêndio da concessionária Fiat de Alvarez Thomas 2670 (Villa Urquiza) na quinta 9 de janeiro de 2014 a 1 hora, no qual se queimaram ao redor de uma dezena de carros novos e a queima de carros nas festas portenhas.

Recordamos como um exemplo de luta ao companheiro Sebastian Oversluij. Solidarizamos-nos com as causas dxs companheirxs anarquistas de tudo o mundo. Liberdade para Monica e Francisco.

 Amigxs de la Tierra / Federação Anarquista Informal

http://tn.com.ar/tnylagente/quema-coches-en-belgrano_433036

http://www.youtube.com/watch?v=O2LHvY0RKQU

https://www.youtube.com/watch?v=JOihaPhzCUE

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Floripa: Manifestação contra o Plano Diretor acaba com uma pessoa presa e outra ferida.

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Nota de Cumplicidade:

É fundamentalmente necessário aos senhores do poder legitimizar continuamente seus empreendimentos de exploração da terra e de tudo que é vivo. Esta legitimação gera a “paz social” a aceitação por parte das pessoas massificadas diante tão mal intencionadas manobras. As leis elaboradas em suas masmorras e palácios são base firme para a legitimação de suas cobiças. Pois afinal “a massa” acredita nas leis, políticos, parlamentos, televisores e noutros contos mais estúpidos, apesar de seu descrédito generalizado. Em Florianópolis belíssima ilha do litoral sul do território controlado pelo estado brasileiro, capital do estado de Santa Catarina, onde o turismo é elemento de destaque para os empresários lucrarem, foi palco de um protesto de moradores da ilha em resposta a votação na câmara de vereadores para a aprovação da novo Plano Diretor da cidade.

O Plano Diretor é um conjunto de regulamentações municipais formalizado pelos vereadores e prefeito que ditam entre outras questões especialmente sobre as construções urbanas no território municipal. Aos especuladores da construção civil é um elemento basilar para ampliar sua órbita de lucro e expandir seus domínios. Esta batalha se dá contra todas comunidades que habitam o município e também contra as “áreas de preservação permanentes” (APP’s) onde os empresários insistem ardorosamente em ampliar suas fronteiras de ação devastando a terra e roubando territórios de comunidades. 

Tem alguns anos esta batalha entre empresários/políticos e comunidades vem se esquentando com as crescentes demandas do império do turismo, prédios de luxo, ambientes privados, campos de golfe. Nos últimos meses de 2013 se acelerou as atividades legitimadoras do novo Plano Diretor na câmera de vereadores marcada por protestos resultando no carro do vereador Badeko (PSD) alvejado pela ira indo embora sem seu vidro traseiro. Nos primeiros dias de 2014 (6 de janeiro) o Plano Diretor foi votado e aprovado pelos vereadores. Durante o protesto no entorno do antro parlamentar um manifestante levou uma cacetada no rosto por parte da Brigada Militar resultando em grave ferimento.

Não há o que pedir a tais vermes. Afinal a camarilha politica, empresarial e seus lacaios policiais são os que estão lucrando com o roubo da terra e das vidas, não há o que negociarmos, eles/elas acreditam estarem com a razão de viveram a custa de tudo e de todos. Sinceramente você pensa em convencê-los/as do contrário? 

“Assim como a terra há que lhe dar água e adubo ao que oprime há de dar-lhe chumbo e pólvora”

Não há negociações não se iluda, ataque-os/as onde não esperam, os palácios parlamentares são deles não há o que recuperarmos em tais recintos hostis a liberdade …

Contra toda forma de autoridade … que viva a anarquia.

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Nota da imprensa corporativa

6 de janeiro de 2014 – 20:55 – Política Florianópolis

Grupo contrário a emendas no projeto tentou invadir a Câmara de Vereadores para protestar

Um manifestante foi preso após o tumulto que se seguiu à votação do Plano Diretor de Florianópolis. O protesto começou antes da sessão da Câmara de Vereadores que aprovaria o texto final e acabou indo para as ruas próximas, no Centro. Depois da confusão, muita gente continuou reclamando que as emendas descaracterizaram o projeto original.

O tenente-coronel Araújo Gomes, comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar de Florianópolis, se manifestou através das redes sociais a respeito do confronto entre a PM e manifestantes em frente à Câmara de Vereadores. Um grupo de estudantes e lideranças comunitárias protestavam contra a aprovação do Plano Diretor da Capital, e tentavam ingressar no Plenário, mas foram contidos pela Guarda Municipal e Polícia Militar.

Araújo Gomes disse em sua página no Facebook que não estava no local no momento do confronto, e prometeu averiguar fotos, vídeos e relatos sobre o caso para avaliar a situação e também o comportamento dos policiais.

– Em geral, a narrativa da mídia é muito rigorosa com as ações policiais -, salientou.

A Guarda Municipal chegou a utilizar equipamentos de choque elétrico para tentar afastar os manifestantes. A PM usou gás lacrimogêneo e também agrediu alguns manifestantes com o cassetete.

No estacionamento da Câmara, onde houve outro confronto entre a PM e os manifestantes, o estudante Marcelo Venturi foi agredido no rosto, e precisou ser submetido a uma cirurgia nos ossos da face.

Mais fotos e vídeos na imprensa burguesa:

http://ricmais.com.br/sc/politica/videos/manifestantes-e-policiais-entram-em-confronto-apos-a-aprovacao-do-plano-diretor-em-florianopolis/

 

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México: Chamada de solidariedade com Mario González, condenado a 5 anos e 9 meses de prisão

retirado de Contra-Info:

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México: Chamada de solidariedade com Mario Gonzalez, condenado a 5 anos e 9 meses de prisão.

Hoje, sexta-feira, 10 de Janeiro, notificaram Mario da sua sentença, 5 anos e 9 meses de prisão os quais deverá cumprir no Centro de Readaptação Social para homens de Santa Martha Acatitla (CERESOVA). O delito do qual é acusado é de ataques à paz pública, os quais implicariam danos a objetos ou pessoas e uma “afronta à sociedade”, porém, absurdamente, a mesma juíza determinou que o absolvia da reparação de danos “por ser um delito carente de resultado material”, ou seja não existe esse suposto dano e torna-se evidente que está é a ser castigado pela sua atividade política.

Fazemos um apelo para expressar a sua solidariedade,  tanto na difusão como de maneira    presencial.

Que caiam os muros das prisões!

Plantão pela liberdade de Mario González

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