[Santiago do Chile] Reconto do ato comemorativo em memória do companheiro Mauricio Morales

Retirado de ContraInfo:

Na segunda feira, 22 de Maio, concentramos-nos entre companheirxs, irrompendo com a normalidade cidadã do bairro Matta, para recordar o Mauricio Morales, o Punky Mauri. Reunimos-nos na mesma rua onde o companheiro morreu  naquela madrugada de Maio de 2009, ao ativar-se antecipadamente a bomba que transportava até à escola dos carcereiros.

Quisemos encher de vida negra esse espaço de morte donde o poder, com os seus lacaios de sempre, festejou incansavelmente com o corpo de Mauri, procurando propagar o terror e a derrota, na mais que conhecida coreografía policial e mediática.

Passaram 8 anos e Mauri goza de excelente saúde entre os corações negros – a presença maioritária de companheirxs que nunca o conheceram é uma mostra clara da vigência das suas ideias/práticas e uma realidade concreta do fruto da memória materializada sob diversas formas ao longo dos anos: cartazes, grafitis, canções, murais, autocolantes, ações diretas, barricadas, atividades, livros, tudo isto contribuindo para coletivizar as ideias de quem se auto-defenira como um “aprendiz de anarquista”.

O lugar encheu-se de propaganda anárquica, da música de que tanto gostava, compartilharam-se momentos vividos plenos de risos, erros e ensinamentos, também foram lidos alguns escritos de companheirxs do outro lado dos muros, tudo frente à presença policial – que à distância estava expectante dos nossos atos – enquanto a escola de polícia estava a ser fortemente custodiada por carros blindados.

Abandonámos o lugar todxs juntxs e ao chegar à Av. Matta – em frente ao quartel de bombeiros –  os seus membros começaram a insultar e a atacar companheirxs, ao mesmo tempo que a caça policial (que não tardou em surgir). Os bombeiros atacaram e retiveram companheirxs para xs entregar à polícia, cumprindo o seu papel histórico de repressores que tentam maquilhar com vitimismo e bondade.  Se há algo a destacar é que contra o derrotismo e a resignação xs 4 companheirxs detidxs deram luta até ao final – ainda que se vendo ultrapassadxs em números, nunca se renderam. Na manhã a seguir já estavam todxs de novo nas ruas.

Solidarizamos-nos com elxs e entre todxs continuamos a mecha da memória negra.

Procurando que viva a Anarquia
Mauricio Morales Presente!

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Brasília: O ministério da agricultura em chamas e demais ataques às instituições estatais

Nota de Cumplicidade:

Nesta quarta-feira 24 de maio foi organizada por diversos partidos políticos e organizações sindicais outra manifestação “fora Temer” reivindicando “diretas já” diante da saída à luz do envolvimento do Temer nos casos de corrupção que desde há um par de anos fazem parte do circo midiático brasileiro, entretendo assim à sociedade brasileira aborrecida. Talvez esses últimos acontecimentos sirvam de reflexão a algumas pessoas para pensarem que os problemas atuais não tem a ver necessariamente com tendências e/ou partidos políticos mas sim com a própria estrutura que os atravessa.

A manifestação que pedia “diretas já” foi bastante tumultuada, deixando mais de 3 ministérios totalmente quebrados. Os ministérios da Agricultura e da Fazenda foram incendiados e todos os prédios da esplanada tiveram que ser evacuados. Pixações anarquistas deram alento ao fogo devastador. Em resposta a repressão foi bastante forte, várias pessoas foram feridas, tem até relatos de pessoas que foram feridas atingidas por bala de verdade.

Manifestantes que protestam nesta quarta-feira contra as reformas e pela renúncia do presidente Michel Temer colocaram fogo no prédio do Ministério da Agricultura, em Brasília. Carros do Corpo de Bombeiros, Samu e caminhão pipa já estão no local para controlar a situação. Enquanto bombeiros se aproximam, manifestantes jogam pedaços de pau e uma pessoa se feriu no rosto (Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo)

Obviamente, não difundimos essa nota de maneira a-critíca com as tentativas de manipulações dos partidos políticos e o vanguardismo esquerdista. Sabemos que novas eleições não mudaram o fundo do problema nem serão transformadoras de nada. O problema está na estrutura, não somente nos seus componentes.

 Contudo, somos cientes porém que as ruas não são cheias só de corações anarquistas e anárquicos, pois, os “retrocessos” sociais fomentados pelo governo atual teve como repercussão um descontentamento de parte de boa parte da sociedade e parece ter proporcionado certo questionamento da paz social existente e em alguns casos das próprias estruturas do poder. Por isso mesmo, a presença anárquica nas ruas segue sendo necessária para desestabilizar a ordem estabelecida (e a que procure se estabelecer).

A beleza está na insurgência.

Que o fogo devastador siga seu rumo…Vamos Companheirxs, que do lado dos ministérios está o Congresso e do lado do congresso, o palácio do Planalto…  

.Um salve axs companheirxs que estiveram na batalha em Brasilia e para xs que seguiram…

vidéos: http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/manifestantes-marcham-em-brasilia-pela-renuncia-de-temer-e-contra-reformas.ghtml

 

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Sobre cegas/os que percebem apenas a pata do elefante que lhes pisoteia

Mandado no email:

Acho que muita gente conhece a historinha da/os cega/os que, querendo saber como é um elefante, começaram a tocar um desses animais e, cada um, à medida que apalpava alguma das suas partes, descrevia o elefante como tendo a forma daquela parte que tocava, de modo que, quem tocava a tromba dizia ‘um elefante é longo e parece um cano grosso’, quem tocava a orelha dizia ‘um elefante é como uma grande e larga folha de uma palmeira’, quem tocava o rabo dizia ‘um elefante é como um pequeno chicote’, quem tocava a perna dizia é um elefante é como uma grossa e alta coluna’, e paremos por aqui.

Hoje, no Brasil, temos a oportunidade de assistir, com uma carga maior de dramaticidade patética, o já tradicional (não apenas no Brasil, mas no mundo) espetáculo da/os cegos ‘desvendando o segredo’ do elefante: diante das revelações (delações e documentos) cada vez mais comprometedoras do sistema como um todo, uns dizem, ‘as delações e provas contra a/os vermelhos são falsas, isto é uma conspiração, mas as contra a/os amarelos são confiáveis’; outros dizem ‘as delações e provas contra a/os amarelos são falsas, isto é uma conspiração, mas as contra a/os vermelhos são confiáveis’; e uns terceiros dizem ‘a única coisa confiável é a Lei, os políticos e o mercado não merecem confiança’; e por aí afora… Mas, e o elefante nisso?

O elefante é muito maior que ‘vermelhos’, que ‘amarelos’, que a própria Lei. É para isto que o acúmulo de delações e documentos das investigações da Operação Lava Jato apontam – isto ‘para quem tem olhos para ver’, claro.

Como se já não bastassem as delações da Odebrecht e da OAS, que apenas reforçam aquilo que qualquer pessoa não manipulada por catecismos da direita ou da esquerda já sabia, ou seja, que as mega empreiteiras têm associações ‘ilícitas’ com mandatários pertencentes a partidos e bandeiras políticas de todas as cores – desde ‘coxinhas’ até ‘catchups’ (aqueles ‘vermelhos e sem consistência’), desde a direita até à esquerda, desde o Brasil até o exterior, inclusive, até governos ‘anticapitalistas’, como o do Presidente Maduro na Venezuela -, agora, as delações dos proprietários do mega frigorifico JBS vêm corroborar isto, ao deixarem claro que tanto Michel Temer, quanto Aécio Neves e o Ministro de Lula e Dilma, Guido Mantega – em nome do PT – estavam associados ‘ilicitamente’ aos interesses deste grande grupo econômico.

O curioso é que estas mais recentes denúncias, que atingem em cheio os – supostos – grandes ‘desafetos’ do PT – além de atingirem o próprio PT – foram feitas pelas empresas Globo de Comunicação, ou seja, justamente aquela empresa que a/os ‘filha/os políticos de Lula & Dilma’ acusam de ser a grande perseguidora do seu partido e apoiadora do ‘golpe’. E o mais curioso vai vir quando, durante o aprofundamento desta questão, se desvelar mais o processo do investimento bilionário que o Governo Lula fez neste mega empreendimento de exploração da vida animal (frigorifico JBS) e que, ainda por cima, além de não ter ressarcido o investimento feito por este governo de esquerda, lesou também a população de consumidores dos seus ‘produtos’, colocando a venda no mercado carne estragada ‘maquiada’ com coisas como ácido e papelão. Neste momento – quando esta relação ‘íntima’ entre o Governo Lula e a criminosa JBS for desvelado -, será muito mais curioso ver muitos argumentarem: ‘não, mas as delações da JBS só valem contra os amarelos, não valem contra os vermelhos’.

E o danado do elefante nisso?! Será que entrou nessa história só porque ‘o coringa do baralho’ agora é um mega frigorífico?

Não: o ‘elefante’ aqui, ‘para quem tem olhos para ver’, é o capitalismo global. E a/os ‘cegos’ são a/os militantes partidários de esquerda (a/os ‘vermelha/os’), a/os militantes partidários de direita (a/os ‘amarela/os’) e a/os ‘legalistas’: toda/os estes são cegos que só enxergam partes do elefante que é o sistema global e assim, caem na esparrela de pensar que ‘a solução para os desmandos’ do sistema está na mudança de um grupo qualquer no poder político por outro e/ou que – ‘a solução’ – está na mudança da Lei (da Constituição). Mal sabem que ‘o elefante’ é muito maior que este ou aquele grupo político, que é maior até mesmo que as próprias fronteiras dos Estados e suas constituições. Dinheiro não tem cor partidária e nem limites de fronteiras, tanto que as mesmas mega empresas mantêm associações ‘ilícitas’ tanto com grupos políticos da esquerda quanto com grupos da direita, tanto com os poderes da sua nação de origem, quanto de outras nações.

E para a/os nacionalistas ‘socialistas’ e/ou legalistas que dizem que ‘é menos ruim’ para o povo que mega empresas nacionais se fortaleçam e que o que se deve fazer é reformular os aparatos jurídicos para coibir melhor os ‘desvios’, lembramos que em países ‘democráticos avançados’ como a Islândia, a indústria pesqueira nacional daquele país viola as convenções internacionais de proteção das espécies marinhas de modo que está contribuindo decisivamente para a extinção completa das espécies oceânicas de peixes (colocando em risco, assim, não apenas a sobrevivência do planeta, mas também a do seu próprio povo, claro); que na Alemanha a Volkswagen adulterou resultados de testes de equipamentos de controle de emissões de gases poluentes dos seus automóveis (burlando a lei), pondo em risco assim a saúde do próprio povo alemão e que, sua resposta à sociedade foi trocar a presidência da empresa; que na Suíça os bancos que enriqueceram aquele país com práticas de lavagem de dinheiro oriundo das atividades criminosas internacionais mais hediondas – atividades criminosas estas que vitimam indiscriminadamente cidadãos do mundo inteiro, inclusive suíça/os, tal como o tráfico de órgãos – exerceram uma verdadeira censura sobre o pesquisador e professor Jean Ziegler, que foi obrigado a pagar uma indenização astronômica a estes banco s (além de ter sofrido ameaças de morte) por ter publicado um livro desvendando todos estes esquemas financeiros dos ‘donos do mundo’ (termo dele), etc. Isto sem lembrar que, não é pelo fato de a PETROBRAS ser estatal, que seus trabalhadores deixaram de ser super explorados, que sua atividade deixou de provocar impactos ambientais altamente danosos e, mais do que isto, que o uso do petróleo como combustível deixou de agravar cada vez mais o problema do aquecimento global.

Os discursos sobre a atual ‘crise institucional’ que afirmam que ‘isto só acontece no Brasil’, que ‘é preciso eleições gerais já e uma nova constituinte para mudar isto’ e que ‘isto é uma disputa entre os interesses nacionais e internacionais’, são discursos de ‘cega/os’, que não enxergam que ‘o elefante’ é muito maior, pois o sistema globalizado constitui-se de tal modo que não existem mega empresas ‘comprometidas’ apenas com seus povos de origem: ontem como hoje, o compromisso do Capital é com o lucro (lembremos aqui que a IBM – gigante estadunidense da informática – forneceu tecnologia para os campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra e que banqueiros alemães ‘investiram’ no projeto dos líderes revolucionário russos Lenin & Trotsky), além de – o compromisso do Capital ser – com a manutenção da ‘ordem’ social dividida entre ‘a/os de cima’ e ‘a/os de baixo’ – pois isto garante que a/os que mandam possam dominar e explorar a/os que obedecem – mesmo que esta ‘ordem’ seja de um governo ‘socialista’.

Para preservar esta ‘ordem’, o Capital é capaz de descartar até antiga/os aliada/os, dependendo das circunstâncias, e esta compreensão resolve o aspecto da questão que fica mal resolvido no discurso dos partidários tanto da esquerda quanto da direita, ou seja, a visão maniqueísta segundo a qual ‘quando as denúncias são contra a/os outra/os, são verdadeiras, quando são contra os meus, são fruto de uma conspiração’ – mesmo que ambas as classes de denúncias venham de uma mesma fonte: para mega empresas transnacionais como o Grupo Globo de comunicação, as megas empreiteiras Odebrecht e OAS, o mega frigorífico JBS etc., o importante é que ‘vão-se os anéis, ficam os dedos’, ou seja, mudam os mandatários, fica o poder.

E enquanto persistirem na limitação da visão que afirma que ‘a solução’ está em ‘renovar’ o sistema político, ‘o/as de baixo’ permanecerão como cega/os, sem perceberem nem mesmo que ‘o buraco do elefante’ – quanto mais o seu ‘cérebro’ – está muito mais acima das comandadas patas que lhes pisoteiam.

Vantiê Clínio Carvalho de Oliveira

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Buenos Aires, Argentina: Todo o confinamento é tortura, toda a prisão é opressão, toda a luta é um desejo de liberdade!

Retirado de ContraInfo:

Contra todas as leis, contra a reforma da lei 24660!

No dia 5 de Maio, realizou-se um corte de estrada nas proximidades das instalações do serviço penitenciário federal (no cruzamento das Lavalle e Corrientes, Once). Além disso foi feita uma concentração com faixas junto à penal de Devoto (a 12 de Maio) apoiando xs presxs que fizeram uma greve de fome contra a reforma da lei 24660, um projecto que pretende endurecer as penas, limitando as saídas transitórias e a liberdade condicional, exigindo todo o cumprimento da pena sem nenhum tipo de benefício. Para agravar isto ainda se junta a construção de novas penais à volta da Argentina e a transferência das prisões para fora das cidades.

Em dezenas de unidades prisionais de diferentes âmbitos (provinciais, federais e de Buenos Aires) iniciou-se uma greve de fome, paragem de actividades e batucadas dentro das prisões do país contra a realidade prisional, pondo em risco a única coisa que possuem, o seu próprio corpo.

O Estado e os seus verdugos, aliando-se a um bombardeio mediático sobre a insegurança e à mesma sociedade que o alimenta, permitem aos juízes continuar a sentenciar ANOS E ANOS DE CONFINAMENTO, acrescentando a isso tudo o que de igual modo lá sucede: conglomeração, sobrepopulação, isolamento, verdugos, solicitações, castigos, violação e morte. Coisa quotidiana dentro das prisões da democracia.

Solidarizamos-nos con xs presxs em luta, para lá das diferenças, apoiamos sempre aquelxs que não se vendem e que decidem tomar a vida nas mãos.

Todo o confinamento é tortura, toda a prisão é opressão, toda a luta é um desejo de liberdade.

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[Grécia] Vídeo: Anarquistas tentam invadir o parlamento grego durante o segundo dia de revoltas anti-austeridade

Mandado no email:

Na quinta feira, 18 de maio de 2017, milhares de pessoas aderiram ao segundo dia de protestos após a greve geral por toda a Grécia no dia anterior, contra as novas medidas de severa austeridade com 4.9 bilhões de euros incorporados ao Quarto Memorando assinado pelo governo grego, direcionado mais uma vez às classes mais baixas ao invés de bancos e ricos.

O auto-proclamado governo de esquerda do SYRIZA, em cooperação com o partido de direita ANEL, desencadearam uma nova guerra de classes, desta vez especificamente direcionada às pessoas com incapacidades e pensionistas que trabalharam por toda a vida e pagaram sua parte sob a falsa noção – ao que parece – de que durante o momento em que estiverem mais vulneráveis, teriam acesso a serviços de saúde pública gratuitos e subsídios para ajudá-los. Ao contrário, após 23(!) severos cortes nas pensões e subsídios durante os 8 anos de crise financeira na Grécia (somando cortes de mais de 50 bilhões de euros em pens&o tilde;es e subsídios nos últimos 7 anos), o povo está sendo forçado a viver na mendicância, e mais 18% de cortes serão impostos sobre pensões com o Quarto Memorando votado no parlamento grego na quinta-feira, 18 de maio de 2017, com um “congelamento” de até mesmo os mais baixos aumentos nas pensões até

Como se uma vida sem futuro não fosse o suficiente, as ruas de Atenas foram preenchidas por milhares de policiais antidistúrbio para impor medo às pessoas que ousem protestar. Durante o protesto em Atenas, anarquistas tentaram invadir o parlamento grego e atacaram as brigadas policiais nas escadarias que levam ao pátio da frente do prédio – que uma vez se pretendeu que fosse o palácio real na Praça Syntagma – enquanto do lado de dentro políticos estavam votando as novas medidas de austeridade financeira que serão impostas sobre o povo, sem o povo.

O video: https://www.youtube.com/watch?v=FR7ao-qdwg0

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[POA] Entramos incomodando e saímos provocando A Biblioteca Anárquica Kaos comunica que esta sem espaço.

Recebido no email:

Como acontece com cada okupação, e ainda mais se está pela anarquia, o tempo é uma incerteza. Mas, isso não pode frear esforços e vontades que quebrem a normalidade urbana e cidadã. Já contrárixs ao sistema, dificilmente mediremos nosso passos com relógios ou acumulo de tempo. Já em contra da dominação, cada ataque ao sistema para nós é uma vitoria ganha, mas não aquela vitoria do ponto final na guerra. Cada ação feita, cada passo dado fora das celas ordeiras do comportamento normativo que impõe a vida moderna, cada fogo aceso, pedra atirada, regra quebrada, são pequenos triunfos. Cada vez que procuramos a anarquia e fazemos as coisas acontecer ganhamos um pouco da preciosa liberdade. Essas são nossas vitórias.

Entramos incomodando

Ao longo de pouco mais de dois meses okupamos uma casa pertencente à alta burguesia local e os incomodamos certamente. Suas constantes aparições, os esforços que tiveram que fazer para “limpar sua imagem” diante de uma vizinhança que sentia-se afetada pelo abandono do lugar, até o fato deles ter que sair de suas cômodas casas para ir constantemente a nos enxergar,  desacreditando que tínhamos tomado “sua” casa foram gratificantes formas de saber que estávamos incomodando aos poderosos de sempre, os donos da cidade faz séculos. E foi atrevido sim.

Rodeados pela Praça Matriz, uma delegacia, o palácio de governo, em pleno coração da materialidade do sistema estatal, okupamos uma propriedade histórica com a aberta confrontação anárquica de espalhar nossas idéias sem amaciá-las, as vezes rodeadxs e constantemente fotografadxs pelos puxa sacos dos donos, conspiramos no meio do monstro. E foi uma ousadia sim.

Sem esperar as melhores condições, sem buscar seguranças absolutas, procuramos o impossível e o fizemos acontecer.

Para quem duvide da força dxs individuos, há certamente um antes e um depois da Biblioteca Kaos na rua, no bairro e no entorno. Poucxs e loucxs, mudamos a paisagem do lugar em poucos dias, possibilitamos encontros, debates, conflitos e conspirações sem precisar cabeças nem estruturas verticais para espalhar revolta. E como um espaço anárquico não é o local mas as individualidades que fazem ele acontecer, cada umx dxs  que agimos nesse espaço, assim como todxs xs que nos fortaleceram chegando até lá, propiciamos essa transformação. A expansão disso tudo seguirá como a expansão das gotas que caem no charco da água, insondável, imponderável.

Saímos provocando…

Quando apareceu o oficial de justiça para nos informar que tínhamos uma ordem de saída com intimação (o que quer dizer que ainda antes do processo de reintegração de posse nossa saída ia a ser forçadas pela brigada militar), o contexto estava dado e uma data marcada. Decidimos nos riscar alguns dias, ficando além da data, procurando sempre manter o mais valioso para nós. A informalidade.

Nos individualizar em sujeitxs diante do poder nunca foi nossa intenção e certamente também não foi nossa proposta entrar em processo jurídico nenhum. Não nos interessa a propriedade. Nesse contexto, decidimos dar um passo antes. Se não comunicamos nada sobre isto foi para manter o entusiasmo nos últimos encontros. Para ficar fortes e deixar acesa a brasa da vontade por ter um lugar de encontro. Para viver ao máximo o espaço.

Assim, fizemos de nossa saída uma festa. O ultimo evento foi uma vivencia convocada para a solidariedade que fez presentes compas de outras terras que foram despejadxs, compas que foram seqüestradxs. Foi um encontro de diversidade de pessoas que vivem diferentes formas de insubmissão e conflito contra a dominação e que sentiram a raiva de dizer vamos fazer alguma coisa, vamos sair, vamos tomar as ruas.  A “perda” do espaço, era algo iminente desde que descobrimos o histórico de poder dos donos mas, não queriamos que as forças e os ânimos declinassem. Aliás, não perdemos nada, Um espaço de anarquia é o encontro de afinidades. Nossas vontades estão intatas e nos acompanharão nas seguintes ousadias.

Saímos furtivamente nessa mesma noite, logo depois do evento, mas sobretudo, saímos provocando a insubmissão e o conflito em palavra e ação.

Então esta saída não é uma derrota: é a conseqüência lógica de ter atingido o poder, é a clara demonstração de que incomodamos tanto que varias influências foram movimentadas para conseguir essa ordem judicial contra nós em tão pouco tempo.

A força do efêmero nos posicionou numa conflitividade e confronto que se espalhou rapidamente para varias individualidades e espaços. Sentimos assim cada encontro que tivemos e cada idéia, vontade e grito de raiva que saíram da Biblioteca. O tempo da anarquia não pode ser medido por um relógio, a intensidade rebelde do que aconteceu nesta aparição da Biblioteca Kaos é  inenarrável.

Nossa proposta de okupa em conflito foi uma determinação que culminou em provocações que sabemos tiveram ações como resposta.

Atiramos uma flecha no coração do sistema… e gritamos vitoria na guerra!

Nosso salve para cada pessoa que participou e fez atividades, nos possibilitou acesso a elementos necessários para sobreviver e construir o espaço, que compartilhou com nós leituras e trocas de ideias incríveis, para aqueles que nos doaram livros e levaram outros em empréstimo, para aqueles que desde a distancia nos mandaram material ou palavras de força (desde vários pontos do mundo e em vários idiomas): foram lenha forte que aqueceu o ambiente e que iluminou as noites. E nosso abraço cúmplice aos espaços okupados no mundo: são um ataque insubmisso ao sistema!!!

Biblioteca Anarquica Kaos.
15 de maio 2017

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[Argentina] Morreu o Companheiro Carlos Scharf (Puchero)

Recebido no email:

Hoje, 17 de abril de 2017, ao meio dia, se fecharam para sempre na cidade de Buenos Aires os olhos do Companheiro Carlos Scharf (Puchero).

Se esgotou a intensa vida de um militante anarquista completo, um coerente entre o dizer e o fazer.

Lúcido analista da realidade social, apaixonado leitor de Mikail Bakunin, Piotr Kropotkin, Gustav Landauer, Albert Camus, Panait Istrati, Manuel Rojas e muitos outros propagandistas e autores libertários.

Puchero foi um operário construtor naval que participou ativamente na greve contra a ditadura dos militares Aramburu e Rojas. Antes, havia padecido o cárcere durante os anos do regime peronista.

Sempre esteve presente nas lutas contra o autoritarismo, fez parte do Grupo Editor do periódico anarquista “La Protesta”.

Também impulsionou a publicação de livros tais como “La Prehistoria del anarquismo”, de Angel J. Cappelletti, “La revolución”, de Gustav Landauer, “La estética anarquista”, de Ressler, e “El discurso sobre la servidumbre voluntaria”, de Ettiene de La B oettie.

Estas linhas, sequer pretendem ser um esboço biográfico do companheiro Carlos Scharf, são só a lembrança de um homem de vida intensa que semeou ideias de emancipação integral e lutou de maneira inabalável contra o Estado e o Capital.

Em síntese, um militante anarquista que combateu contra o capitalismo em todas as suas versões, contra suas imposturas e contra toda forma de autoritarismo e de restrição da liberdade.

Carlos A. Solero

Rosario, Argentina, 17 de abril de 2017.

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[POA] TATTOO COMBATIVA. SOLIDARIEDADE ENTRE OKUPAS. ENCONTRO DE TATUAGEM COMBATIVA.

Recebimos no email:

A partir da onda de perseguições e possíveis punições no Uruguai pelo despejo da Solidaria, várias questões nos agitaram.  A necessidade de apoiar os compas e também a visão de estar sempre preparadxs para este tipo de acontecimentos.

Por isso xs convidamos ao evento. Tattoo Combativo. Solidariedade Entre Okupas. Neste evento alem de trocar idéias sobre anarquia e posições anticarcearias, poderemos nos tatuar e colaborar assim com a geração de uma caixa solidária antirepressiva, Acreditamos que é importante  e urgente tanto mandar um apoio solidário aos compas que estão precisando de isso, e nossa resposta tem que ser imediata. Ao mesmo tempo, é importante estar sempre preparadoxs  para este tipo de necessidades com antecipação.

Xs convidamos a ser parte de este evento e confirmar sua presença,  para os dias sábado 13 e domingo 14 de maio em que  realizaremos o evento.”

Estaremos com mais informação, contatos e as paginas dxs tatuadores em breve

Para fazer da solidariedade palavra e ação.

Biblioteca Kaos

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