Retirado de ContraInfo:
Uma semana depois da manifestação de 1 de Novembro de 2014, terminada já em confrontos com a polícia, foi convocada outra manifestação a nível nacional contra a violência policial em Toulouse – a maior cidade nas proximidades de Testet, onde na noite de 25 para 26 de Outubro Rémi Fraisse foi assassinado pela bófia no decurso de confrontos.
A 8 de Novembro as autoridades da cidade decidiram proibir a manifestação enquanto as organizações e partidos ecologistas e de esquerda apelavam para que as pessoas não participassem nela. Mesmo assim, éramos mais de um milhar reunidos na praça Jean Jaurès, completamente cercadxs por centenas de polícias. Os esquerdistas do NPA (Novo Partido Anticapitalista) acabaram por negociar um novo percurso de algumas centenas de metros na avenida Jean-Jaurès. Apesar das vaias da multidão, toda a gente acabou por seguir naquela direcção a ver se era possível sair do cerco policial. Pouco depois, a bófia bloqueou completamente a estrada e todas as saídas da avenida, encontrando-nos presxs nas laterais. Os palhaços a fazer palhaçadas, os pacifistas a indignarem-se, outras pessoas a porem capuchas e os do NPA a tentarem negociar a sua saída.
Todo se manteve calmo durante um momento, depois a bófia começou a inundar de gás lacrimogéneo a praça. Toda a gente corre e as primeiras pedras voam enquanto se monta algo parecido com uma barricada. O lançamento de gás lacrimogéneo e de pedras durou aí uns vinte minutos tendo a manif sido separada mais ou menos a meio; uma das metades ficou presa na armadilha e o gás continuou a tombar. Alguns molotov voam em resposta, uma viatura pega fogo (ao que parece devido a uma granada lacrimogénea). Começamos a questionarmo-nos como se vai sair dali.
De seguida, o que restava da manifestação é novamente cortada em duas. Uma delas é repelida nas ruas à volta da praça Belfort, mediante grande reforço de lacrimogéneos, toda a gente corre sem ver nem respirar. Uma vez saída da nuvem de gases, esta parte do cortejo (essencialmente composta por pacifistas lamuriando “Paz, Respeito, Amor”) dispersa-se.
A outra metade, muito mais encapuçada, reuniu-se ao lado da estação de metro de Jeanne d’Arc e acabou por descer as ruas na direção da praça Esquirol e do Palácio da Justiça, levantando barricadas à passagem e destruindo os bancos, apanhando a polícia de surpresa. Apesar do cerco policial os manifestantes conseguiram tomar as ruas do centro da cidade. Fazer frente à presença policial permitiu sair do cerco e conduzir a manifestação a outros locais. Depois de algumas escaramuças as pessoas dispersam-se de novo.
A manifestação correu relativamente bem, apesar das condições adversas, coexistiram todas as práticas sem muitas dissociações (aparte dos do NPA, mas passamos por cima disso). Depois de ter acabado a manif, realizou-se uma concentração frente à delegacia da polícia em solidariedade com xs detidxs do dia.
Uma nova grande manifestação contra as violências policiais está convocada para 22 de Novembro, em Toulouse. É importante conseguir manter um nível alto de conflito nas mobilizações e nas ruas de modo a que as práticas ofensivas se experimentem e se realizem em conjunto, evitando cair outra vez nas divisões entre manifestantes “bons” e “maus”. Aqui toda a gente se manifesta junto. Mais ou menos de maneira ofensiva, mas juntxs e de forma autónoma. E é isso que devemos levar adiante, procurando evitar a clássica separação que conduz o pessoal mais “tranquilo” à recuperação pelos partidos e organizações da extrema-esquerda clássica e o pessoal menos “tranquilo” às práticas mais especializadas e mais secretas da ação direta. Estas tendências mantêm-se juntas graças às manifestações, devido à capacidade de manter a força de maneira pública. Se nos tivermos de dividir um dia, cabe-nos a nós decidir isso em pleno conhecimento de causa.
Não tem a ver mais com a barragem mas com a nossa vida inteira.
Lutar contra o capitalismo e os seus mega projetos significa levar a luta à rua, na mente, no coração, de noite e de dia, contra todas as formas de dominação e exploração e com os meios que cada um ou uma tiver à mão.
Solidariedade com xs detidxs!
Morte ao Estado, que viva a anarquia.