Junho: Mês de agitação anárquica, pela liberação da terra

Retirado de ANA:

Convocatória de ações multiformes pela liberação total

Temos um mundo por destruir, se prepara compa. Sobre o território do sul se vai, pouco a pouco aplicando um plano, o plano IIRSA, para gerar mais infraestrutura e aumentar a exploração da terra com seus habitantes” (…) “Para defender a liberdade há que estar preparados. Nossa inteligência consiste em aprender a olhar para as costas e à frente. Temos que pensar no que acontece ao nosso redor. Temos que pensar, ademais, quais são exatamente os planos para este território. Depois de sabê-lo, pode ser defendido. Temos que nos adiantar compas, atacar antes que seja demasiadament e tarde. Defendamos nossa liberdade defendendo a de todos, isso é o mais inteligente a ser feito. A resposta depende de cada um, mas a força se maximiza quando nos encontramos com outros. Precisamos, isso sim, convicção. Para romper o mundo do domínio, se prepara. É tempo de sair à rua. Nós não impomos receitas, de fato, não temos nenhuma. Façamos as perguntas primeiro. É possível e desejável um mundo em que o vivo não seja transformado em mercadoria? Queremos fazê-lo ou só falar? Seguiremos sempre adiante, como sempre sem chefes nem dirigentes, não os precisamos. Há um mundo que construir, prepara-te compa.

-Anarquistas contra Aratirí e todo seu mundo, Junho de 2014

Decidimos propor o mês de junho como um mês onde se concentram as posturas anárquicas em defesa da terra e do mar: pela liberação total.

O projeto IIRSA (Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional da América do Sul) está invadindo todos os lugares e vidas do continente chamado sul-americano, é hora de passar à ação ofensiva, à agitação e coordenação contra a arremetida do capital, sua lógica de morte e sua máquina extrativista, apesar de que o tempo de luta é longo, é agora quando há que deixar de cruzar os braços.

O progresso é escravidão e morte de milhares de seres, a cidadania se regojiza com as promessas do capital e do Estado, enquanto a existência se faz cada vez mais miserável e violenta, com xenofobia, darwinismo social, patriarcado como valor único, especismo justificado em sangue, arrivismo cruel e cada vez mais patético em seu consumismo compulsivo. Sua forma de vida se expande com suas leis, exploração e repressão, e faremos o possível para que se destrua: arrematar a luta anárquica até as últimas consequências. A afirmação da liberdade é a negação de sua asquerosa autoridade.

A terra e o mar do qual fazemos parte não tem outra opção que a necessidade de passar o limite do conforto e da contemplação, rompendo com as lutas que desejam o poder, digam-se como se digam há que ter presença nas ruas das mais variadas maneiras possíveis, sem líderes nem dirigentes.

Fazemos a convocatória às compas afins e próximas de todas as latitudes a assumir posturas concretas frente aos inimigos do que nos atravessa. A IIRSA não avançará nem nenhum tipo de mercadoria nem poder se apropriará mais da vida: é aqui a consigna! É aqui a luta!

A todos os que sentem o impulso e a motivação pela liberação da terra chamamos a realizar durante o mês de junho, ou para sempre, todo tipo de ações multiformes, propaganda, sabotagem, solidariedade, atividades, agitação de rua, e tudo o que queiram imaginar. Como uma clara demonstração de que as posturas anárquicas em defesa da natureza contra toda exploração não se deixarão avassalar pelos interesses do Estado e do Capital! A terra está sendo assassinada e seus assassinos têm nome, sobrenome e endereço!

Eles nos declararam a guerra desde o começo… Luta anárquica contra toda autoridade! Pela terra e contra o capital!

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[Curdistão] Vídeo: Jinwar, o nascimento da primeira aldeia de mulheres livres de Rojava

Retirado de ANA:

curdistao-video-jinwar-o-nascimento-da-primeira-1

O paradigma da libertação da mulher na revolução de Rojava é um dos objetivos principais, no qual a sociedade e as organizações Curdas vem lutando desde o primeiro dia da revolta. Os avanços alcançados foram vastos, as mulheres se fortaleceram em todos os aspectos da vida: auto-organização, autodefesa, cultura e língua, educação, economia, meios de comunicação, etc…

Para dar continuidade a este trabalho, as companheiras de Rojava lançaram o projeto de Jinwar. A construção de uma aldeia de mulheres livres e ecológica, onde as mulheres podem se desenvolver de maneira independente e pôr em prática a vida comunitária que desejam. Um espaço de convergência e desenvolvimento para uma vida sustentável e livre da mulher, que servirá também como ponto de encontro e reflexão para todas as mulheres que desejem conhecer o projeto.

Podes entrar em contato com as companheiras através deste e-mail: womensvillage.jinwar@gmail.com

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[Caarapó-MS] Clodiodi tombou, muitos se levantarão!

Recebido no email:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/files/2017/06/caarapo-ms-clodiodi-tombou-muitos-se-levantarao-1.jpg

O dia 14 de Junho de 2017 marca um ano do Massacre de Caarapó, onde fazendeiros e pistoleiros armados, em conluio com a polícia, atacaram covardemente a retomada Guarani Kaiowa de Toro Paso, deixando dezenas de feridos e assassinando o agente de saúde indígena Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza. Um ano de impunidade, onde os executores e mandantes do crime seguem livres. Porém, o ataque impulsionou um ano de lutas e resistências, onde os Guarani Kaiowa avançaram na retomada de seus territórios, de su a vida e seus costumes. O local do massacre, hoje é a retomada Kunumi Poty Verá, nome indígena de Clodiodi.

Nesta data, relembramos todos os guerreiros indígenas que tombaram, desde aqueles assassinados nas mãos de grupos paramilitares, nas mãos do Estado brasileiro, nos atropelamentos em estradas criminosamente construídas sob suas terras, nos hospitais, vítimas do descaso generalizado, nos contínuos envenenamentos por agrotóxicos, e todas as formas perversas que a grande burguesia e o latifúndio se utilizam para sustentar o genocídio histórico dos povos indígenas. Segundo dados do Conselho Indigenista Missionário, apenas no Mato Grosso do Sul, são 68 terras indígenas sem providências para dema rcação; de 2003 a 2015, apenas no MS, foram 426 assassinatos contra indígenas, metade do total de assassinatos contra ind&iacu te;genas no Brasil, sem contar ameaças, racismo, abuso de poder, suicídios, violência sexual, e outras formas de violência que historicamente recaem sobre os povos oprimidos e em luta.

O dia 14 de junho não pode ser esquecido. Convocamos os movimentos populares, organizações políticas, entidades democráticas e todos os apoiadores da causa indígena para construir ações de solidariedade no dia 14 de junho de 2017, trazendo à memória anualmente todos os indígenas que tombaram na luta pela terra: de Marçal Tupã’i a Clodiodi, ninguém será esquecido! A violência colonizadora e imperialista deve ser enfrentada com a união dos povos da terra com os povos da cidade. Que as recentes chacinas contra camponeses e indígenas não nos amedrontem – transformaremos o sangue de nossos mortos em revolta. A esperança é nossa luta. Construa em sua cidade, aldeia, quilombo!

Pela punição dos assassinos de Clodiodi e de todos os mártires do povo!

Contra o genocídio, avançar as retomadas!

Clodiodi Vive, Morte ao Latifúndio!

Comitê de Solidariedade aos Povos Indígenas de Dourados

 

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Rádio Cordel Anarquista transmite neste domingo ao vivo “Junho Negro pela Liberdade de Rafael Braga”

Recebido no email:

Para muitxs que participaram das Revoltas de Junho de 2013 tudo que aconteceu ficará somente na memória, mas para Rafael Braga Vieira essa época ficará marcada em seu corpo, sua mente e sua história. Desde esse período Rafael foi sequestrado pelo E$tado, sendo condenado a prisão, e a inúmeras humilhações, tudo isso por portar consigo um produto de limpeza, escancarando o caráter racista das forças opressoras do E$tado. Racismo, provas forjadas, violência, é um retrato nítido de um pa& iacute;$ que só é maravilhoso, para quem é branco e rico.

Nesse mês de junho em que completa 4 anos da prisão de Rafael Braga acontecerá diversas atividades em todo o bra$il. A Rádio Cordel Anarquista também contribuirá para a “Campanha pela Liberdade de Rafael Braga”, e também para a luta anti-cárcere. Sendo assim a Cordel Anarquista convidou duas pessoas que constroem a luta pela liberda de de Rafael Braga para falarem sobre a campanha e também sobre toda a história que envolve o caso.

São xs seguintes convidadxs:

Andreza Delgado – Campanha 30 dias por Rafael Braga – SP

Rafael Ferreira – Campanha pela Liberdade de Rafael Braga – RJ

> Quando: 04/06/2017 – Domingo

> Horas: 17h30 (horário de Brasília)

Se você ficou interessadx não pode deixar de ouvir e participar!

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[França] Jean-Marc Rouillan condenado em segunda instância por “apologia ao terrorismo”

Nota de Cumplicidade:

A condenação de Jean-Marc Rouillan só demonstra a obstinação do estado francês em seguir perseguindo, vigiando e controlando cada movimento e cada palavra do ativista de Action Directe, organização de extrema esquerda que atuou na França de 1979 a 1987. Jean-Marc tem uma longa trajetória de luta. Aproximou-se dos libertários herederos da guerra civil espanhola na Espanha anti-franquista e no sul da França. Fundou MIL (movimento ibérico de liberação), uma organização anti-franquista que expriopriava bancos para fortalecer á luta. No MIL, conhece a Salvador Puig Antich, arrestado em 1973 e condenado a morte pelo estado espanhol. Para impedir o assassinato de Salvador e exigir a liberação dos companheirxs presxs, Jean-Marc e outrxs montam os GARI (Grupo de Ação Revolucionário Internacionalista), cujos atentados foram memoravéis. Em 1979, Jean-Marc e outrxs companheirxs criam Action Directe, uma organização de tendência marxista que buscou semeiar a revolta e expandir a ação direta armada numa França pacificada com o pseudo socialismo de Mitterand. Ele foi arrestado em 1987 junto com seus companheiros, Georges Ciprianni, Joëlle Aubron e Nathalie Ménignon. Jean-Marc passou mais de 24 anos em prisão, 7 anos em regime totalmente fechado, sem comunicação con ninguém além dos guardiãs. Em 2007 tinha conseguido um regime de semi-liberdade, proibindo-lhe falar sobre as mortes do General Audran e George Besse (diretor da empresa Renault), o regime de semi-liberdade foi revocado quando Jean-Marc deu uma entrevista no jornal “L´Express” e que a jornalista lhe perguntou se se arrependia dos assassinatos. “Não tenho o direito de me expressar sobre isso… mas o fato que não me expresse é de por si uma resposta. Porque é evidente que si mandava à merda tudo o que fizimos, poderia me expressar. Com essa obrigação de silêncio, nos impedem também de enxergar nossa experiência de maneira critica.” Ele por fim saiu em liberdade em 2011 onde trabalhou na editora auto-gestionada Agone que também publicou vários dos seus livros.

Além disso, o clima repressor baseado no medo do terrorismo (que o estado mesmo provoca mandando bombas e assassinando civís na Siria) atual na França favorece a legitimidade de qualquer interpretação absurda diante de um sistema judicial que faria de tudo para por um lado apagar e reprimir qualquer questionamento da política do estado de emergência e por outro, frear qualquer impulso rebelde que poderia desestabilizar o poder.

Desde Cumplicidade, mandamos nosso apoio a Jean-Marc Rouillan!

Mandado ao email:

Na terça-feira passada (16/05), Jean-Marc Rouillan, que foi condenado a prisão perpétua em 1989 e que se encontrava em um regime de semiliberdade desde 2011, foi condenado pelo Tribunal de Apelações de Paris por apologia ao terrorismo, baseado em uma citação fora do contexto a respeito dos atentados de Paris. Um julgamento político para o ex-militante do Action Directe.

Em uma entrevista concedida a Le Ravi em 23 de fevereiro de 2016, Jean-Marc Rouillan mencionou o valor dos terroristas que perpetraram os atentados de Paris contra Charlie Hebdo e o Hyper Cacher, condenando suas ações e “suas ideias como reacionárias”: “Lutaram valentemente. Lutaram nas ruas de Paris, sabiam que havia 2.000 ou 3.000 policiais. Muitas vezes nem sequer preparam suas saídas porque pensam que serão assassinados antes que terminem a operação. Os irmãos Kouachi, quando estavam na imprensa, lutaram até a última bala. Podemos dizer que estamos contra suas ideias reacionárias, que podemos falar de muitas coisas contra eles, dizendo que foi uma besteira fazê-lo, mas não podemos dizer que são crianças ou covardes”.

Imediatamente, as autoridades, começando por Cazeneuve, responsáveis pela morte de Rémi Fraisse, se manifestaram contra o ex-membro do Action Directe, que é responsável do duplo assassinato do engenheiro geral de armamento René Audran (1985) e do CEO da Renault Georges Besse (1986). Seus comentários distorcidos serviram rapidamente de pretexto para condenar uma extrema-esquerda que não aceitou o estado de emergência imposto pelo governo, já que a repressão contra a manifestação organizada contra a COP 21 [Cúpula do Clima de Paris] se observou perfeitamente. No entanto, as observações de Rouillan são inequívocas tanto na condenação da barbaridade dos atos como na iden tificação das causas imperialistas que os produziram: “A força aérea francesa que luta no Iraque e Síria favorece o Daesh. Quando bombardeamos uma escola, levantamos 2.000 combatentes para o Daesh.”

Rouillan foi julgado em 24 de junho de 2016 e sentenciado em 7 de setembro a oito meses de prisão. Foi beneficiado por uma campanha de apoio que gerou o abandono da acusação e de um julgamento em apelação contra Jean-Marc Rouillan. Na terça-feira passada, o veredito da justiça foi ainda mais severo que na primeira instância: 18 meses de prisão (10 meses com um indulto e 8 meses de estrita liberdade condicional), junto com isto uma multa de 1.000 euros para ser paga à Associação Francesa de Vítimas do Terrorismo (AFVT) e a proibição de comentar o caso em público.

Christian Etelin, advogado de Jean-Marc Rouillan, denuncia uma “aberração jurídica” e um julgamento político. Por este motivo, o advogado que acompanhará o ex-militante do Action Directe no tribunal de cassação (Tribunal Superior), enfatiza que “Não são os fatos que se consideraram mas o indivíduo, Jean-Marc Rouillan”. Além disso, ao passar os padrões duplos dos quais Rouillan é vítima, afirma que: “Quando Éric Zemmour diz as mesmas palavras na televisão, ele não é condenado.” O julgamento tem uma clara intenção contra Jean-Marc Rouillan um ex-membro do Action Directe. Também é uma forma de silenciar a todos os oponentes do estado de emergência permanente e o imperialismo francês responsavél pelas guerras e o terrorismo.

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Pará: Sobre o assassinato dos 10 camponeses em Pau d´Arco

Nota de Cumplicidade:

Em 24 de maio de 2017, foram assassinados 10 camponeses: – Weldson Pereira da Silva; Nelson Souza Milhomem; Weclebson Pereira Milhomem; Ozeir Rodrigues da Silva; Jane Julia de Oliveira; Regivaldo Pereira da Silva; Ronaldo Pereira de Souza; Bruno Henrique Pereira Gomes; Antonio Pereira Milhomem; Hércules Santos de Oliveira-  no município de Pau d´Arco no sudeste do estado numa ação planejada pelas Polícias Civil (Delegacia Especializada em Conflitos Agrários – DECA) e Militar do estado do Pará. A ação deixou também 14 feridos que foram atingidos por balas, além de desaparecidos.

Os camponeses estavam acampados nas proximidades da fazenda de Santa Lucia que estavam ocupando até eles Receberem uma reintegração de posse. A terra teria sido grilada pela família Barbinski que controla milhares de hectares na região. As famílias de camponeses desejavam que o imóvel fosse destinado à reforma agrária. Em junho de 2015, seu proprietário, Honorato Barbinski Filho, ofertou a fazenda para esse fim por cerca de 32 milhões de reais, quase 10 milhões a mais que a avaliação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que não “pode” pagar mais do que os técnicos determinarem. Houve uma contraproposta de Barbinski, mas ainda acima da avaliação. A negociação acabou entrando num impasse e o proprietário desistiu da venda em 2016 para posteriormente entrar na Justiça com um pedido de reintegração de posse. Desde outubro do ano passado, o Incra procurava alternativas para reassentar as famílias pois como a propriedade é considerada produtiva a lei não permite a desapropriação.

Mais uma vez, vemos como o sistema jurídico-legal funciona como uma teia de aranha que acaba favorecendo os interesses do capital. Enquanto, os direitos, que muitas vezes não são mais que promessas vazias do Estado, funcionam como mecanismo de pacificação social, o sistema jurídico-legal apoiado no aparato repressor, legitima chacinas e massacres dxs que se cansarem de esperar pelos “direitos” prometidos. É neste sentido que acreditamos, e ainda mais diante de tais massacres, que não haja nada a pedir para o Estado, cuja política se fundamenta, sempre, inevitavelmente, em fortalecer os interesses do Capital.

Marcando essa diferença em relação aos pedidos por “retomada da reforma agraria”, divulgamos a seguir a nota de repúdio escrita pela FACA (Federação Anarquista Cabana).

Pela expropriação e pela destruição do latifúndio! Pela Autonomia! Pela Liberação total!

Aproveitamos para mandar nossa solidariedade com os familiares dos camponeses que foram assassinados, assim como nossa força axs feridxs…

A Federação Anarquista Cabana vem a público demonstrar seu repúdio e indignação a ação da Polícia Militar do Estado do Pará que resultou no massacre de dez camponeses e 14 baleados no Município de Pau D´árco no Sul do Estado. Sob o argumento de reintegração de posse e cumprimento de mandatos de prisão na Fazenda Santa Lúcia, os PM´s e policiais civis promoveram outra chacina na história manchada de sangue nesta porção setentrional do Brasil.

Os camponeses estavam acampados fora da Fazenda e reivindicam parte deste latifúndio que foi grilado pelo fazendeiro conhecido na região como Norato Barbicha, já falecido. Familiares do fazendeiro, especialmente a viúva, se mantém na terra grilada. Os trabalhadores começaram esta luta desde 18 de maio de 2015 reivindicando parte das terras para fins de reforma agrária. Negociações já tinham sido feitas. E o acordo não tinha se efetivado por discordância dos supostos proprietários no que se refere ao valor da indenização paga pelo INCRA.

A grande mídia atendendo os interesses do latifúndio e do Estado chamam de “confronto” o ocorrido. Mostrando espingardas de caça para justificar ação violenta. No entanto, informações de camponeses sobreviventes, inclusive da mesma família que perdeu sete de seus membros na chacina, afirmam que não houve resistência e que os policiais chegaram no acampamento já atirando. A ação foi coordenada pela DECA – Delegacia de Conflitos Agrários de Redenção.

Este caso é mais um que se soma na escala de violência promovida pelo latifúndio no Pará. Nos últimos dez dias do mês de abril (mês de luta para os povos do campo latino americano) foram sete assassinatos. Os companheiros Kátia Martins no Assentamento 1º de janeiro em Castanhal e Etevaldo Costa (com requintes de tortura) em Eldorado do Carajás foram os casos destacados em abril. Nos últimos 10 anos o estado do Pará lidera o ranking de violência no campo brasileiro com a impressionante marca de 103 assassinatos durante este período.

O aumento da violência no campo paraense se dá num contexto onde a reforma agrária estagnou. Encontra-se completamente paralisada. Os últimos governos do PT (Dilma Roussef) e do PMDB (Michel Temer) se encarregaram de retirar 600 milhões de reais dessa política. Imobilizando-a completamente. O corte de verbas e conluio do Governo do Estado do Pará, Simão Jatene, do PSDB incrementam este quadro de assassinatos e criminalização no campo.

Nós da FACA reafirmamos nossa solidariedade e luta com camponeses do Pará. Exigimos a retomada do processo de reforma agrária com expropriação do latifúndio sem indenização aos fazendeiros. Reivindicamos a condenação do principal culpado por mais essa chacina no campo: Simão Robson Jatene, Governador do Pará.

Aos nossos mortos nenhum minuto de silêncio.

Uma vida inteira de lutas.

 

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Ocupa Brasília 24 de maio

Recebemos esse texto no email, pequeno relato dos divertidos acontecimentos em Brasília no dia 24 de maio.Toda nossa força e apoio axs feridxs!!!!

“Uma manifestação que estava prevista como pacífica degringolou para a violência, vandalismo e desrespeito, agressão ao patrimônio público,  ameaça às pessoas, muitas delas servidores que se encontram aterrorizados, que nós estamos garantindo sua evacuação”- Ministro da Defesa

Ocupa Brasília: movimento nacional, um chamado de críticos ao governo do presidente Michel Temer, críticos as reformas trabalhista e da previdência. Ao menos estas foram as reivindicações oficiais. Organizado por reformistas e esquerdistas de todas as laias.

É notório que nos protestos, nas broncas generalizadas na rua contra todas as faces da dominação e suas mazelas, a resistência de baderneirxs, a ofensiva de vândalxs tem se tornado realidade aguerrida, presente, preparada. Aos seres que abandonaram o papel de cidadãos e se articulam como inimigo da autoridade, do estado, do capital e seu ritmo suicida de progresso as cenas e vivências de desafio ao poder nestas jornadas são entusiasmantes, simbólicas, desordenadas, caóticas, inesperadas, e tão belas … como ver o ministério da agricultura, aquele antro do agronegócio, saudado com as chamas da revolta envolto na fumaça negra do incêndio.

A deriva na crise política total reformistas insistem em defender as instituições, o poder e a própria forma de domínio atual a democracia! Garantias de privilégios ou migalhas, medo do desconhecido …

Aparentemente o mega protesto esquerdista reformista, de orientação pacifista, tinha por fim seus propósitos afastados ”do enfrentamento, da depredação, do saque”. Naturalmente os desejos dos seres não cabem nos programas de partidos e conchavos de sindicatos assim que a “inteligência da policia identificou e avaliou que haviam 5oo incontroladxs”.  “Baderneirxs”, “Black Blocks” e outros “grupos de vândalxs” !!!

Dando explicações, as forças da ordem, que anunciaram contingente de 1,5 mil pau mandados, garantiram que previamente haviam realizado barreiras, revistas e apreensões recolhendo “materiais potencialmente ofensivos”. Milhares vindos de ônibus de todas partes do Brasil se concentrarão na Arena Mané Garrincha e marcharão com carro de som como manada em direção ao Congresso Nacional. A confusão começou por volta das 14h, quando “incontroladxs” furaram o cordão de revista policial, montado pela Polícia Militar entre a rodoviária e a Esplanada dos Ministérios.

Daí em diante se desatou: “O horror na esplanada !!!” “Manifestantes mascaradxs, depredação, pixação,barricadas, desordem, violência.”

Um organizador avalia:

“Vai ser um dia de uma batalha campal, com muita dificuldade de fazer um ato político ou encerramento”

Do carro de som pedindo paz reprovarão os mascarados, os apontando e tentando coagi-lxs, alertando seu rebanho.

“Fogo, pedras e tiro.”

Em meio aos enfrentamentos dois policiais militares sacam suas pistolas, próximo ao ministério da agricultura, e disparam contra manifestantes usam ainda tapumes que foram arrancados das vidraças dos ministérios como escudo.

Um participante do protesto foi internado após levar um tiro no rosto (perfuração no maxilar) a bala se inseriu próximo a carótida, seguia internado em estado grave, sedado e respirando por aparelhos até a tarde de 25 de maio.

A Polícia Civil investiga se o caso tem relação com o episódio envolvendo os policiais.”

Em seu sadismo por cumprir suas ordens as forças repressivas são capazes de tudo espancar, mutilar, matar. E como tem ocorrido não poucas vezes, uma pessoa na manifestação foi atingida no olho por bala de borracha.

Lamentamos que o rojão que um mascarado portava explodiu em sua mão lhe custando três dedos e não tenha estourado no ouvido de um agente. Força guerreiro!!!

A destruição se espalhou pelos andares térreos dos ministérios com apedrejamento, destruição do mobiliário e materiais burocráticos, iconoclastia, incêndios … dos ministérios que amargaram a vingança … Agricultura, Cultura, Trabalho, Turismo, Integração Nacional, Saúde, Fazenda, Planejamento e Minas e Energia. A Catedral de Brasília e o Museu da República, também foram alvos. Se generalizou o enfrentamento.

As 15.30hs a Globo News transmitia ao vivo as imagens da esplanada em Brasília, o coração das sedes dos ministérios, com o destaque para a coluna de fumaça negra e incêndio no andar térreo do ministério da agricultura.

“O ministro da agricultura Blairo Maggi estava em reunião com a equipe do Ministério quando vândalos atearam fogo nas instalações e precisou deixar o local as presas.”

A atuação tramada neste prédio devasta a vida em geral em toda a magnitude do território dominado pelo estado brasileiro e além. Ai se investe em dominar territórios, sementes, patrocinar saques revestidos de desenvolvimento sustentável tudo elaborado com consciência ecológica. Através das ações agraciadas neste reduto biomas são devastados, culturas nativas exterminadas os casos são absurdos do Mato Grosso ao Pará, do Rio Grande do Sul ao Acre e de um canto para outro qualquer. O Ministério do Agronegócio é nocivo a tudo que é vivo!

As zonas de conflito se proliferaram sendo o confronto com as forças da lei da ordem ininterrupto.  A profanação dos covis onde tramam e regozijam suas atividades provocou a evacuação dos prédios dos ministérios. Receosos parlamentares atrincheirados em seu covil pedem mais forças repressivas.

Em meio esta “barbárie” de “quebra-quebra” com “risco de invasão ao congresso” “pondo vidas em risco” sendo o “poder local incapaz de manter a ordem” o Presidente Michel Temer atendendo uma sugestão para “restabelecer o respeito a vida” a “garantia da lei e da ordem” a “defesa das instituições” contra a “depredação, violência, baderna, desordem” pois “não há justificativas para violência” afinal “na democracia não há espaço para violência” convoca as forças armadas.

17h10 – Decreto de Temer sobre uso de Forças Armadas é publicado em edição extra do Diário Oficial .

Pouco antes das 18hs os militares com poder de policia estavam nas ruas. Os enfrentamentos se estenderam até o entardecer com o sol vermelho do fogo das barricadas.

O prejuízo 1,4 milhão com danos ao patrimônio na esplanada mais que danos materiais formam agora parte dos impulsos que se desatam destas jornadas de enfrentamento contra o poder. Os parlamentares choram que “os prejuízos tem que ser cobrados”, “penalizados penalmente”, o estado “ressarcido”. O ministro da defesa ordena “pericia em todos os locais onde houve atos incompatíveis com a democracia”. Aposta na identificação, individualização dos atos para alcançar bater com seu martelo. O capuz é sempre nosso amigo! Se encapuzar, trocar de roupas, causar dano e se ocultar.

E o presidente brada: – “dentro da constituição tudo fora da constituição nada!” Um general de plantão se justifica alegando que tá tudo na constituição e tal artifício já havia sido usado quando dos protesto do leilão de libras no Rio de Janeiro, nas greves policiais de Recife e Espírito Santo, nas Olimpíadas e na Copa. Deixam claro que se esforçam por ampliar e normalizar a possibilidade de uso das forças armadas para conter o que ameace o estado, o governo de plantão.

No dia seguinte o presidente revoga extraordinariamente o uso das forças armada que estava acionada até 21 de maio. As 11hs é acionado o esquadrão anti bombas da Policia Federal para atender ao chamado do ministério do trabalho que recebeu uma ameaça de bomba no 9º andar. O prédio é evacuado assim como o prédio do ministério da fazenda. Os policiais vasculham e nada encontram. Tudo se normaliza e a máquina volta a girar. Porém nada já era como antes.

Pela propagação das iniciativas de confronto ao poder e fomentação de autonomia.

Donos de nós mesmxs.

* Estas linhas foram escritas se valendo de palavras de ministros, senadores, deputados, manchetes de jornais e outras autoridades não por nós reconhecidas.

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[Paraguai] Assunção: Biblioteca Anarquista “O Despertar”

Retirado de ANA:

A Biblioteca Anarquista “O Despertar”, localizada em Assunção, no Paraguai, completa nove anos no mês de maio. Segue aqui sua pequena história.

Desde 2007, e com ritmo acelerado, se acumularam materiais e aqueles que se dedicaram a dar vida a este projeto. Assim, desde 2008 a biblioteca começou a funcionar, ainda de forma mais ou menos clandestina.

Então veio a biblioteca da Comuna de Emma, Chana e todos os demais, que foi uma área de construção proposta por um grupo de pessoas anarquistas, feministas, anarcofeministas, antimilitaristas, queer, anarcopunks…

Esta Comuna contava com um espaço físico, onde viviam os compas do espaço, que era alugado e sustentado com fundos próprios.

No local se realizaram várias atividades de difusão anarquista, tais como oficinas, palestras, conversas e afins. Também a Comuna participou em diversos processos político-sociais pelo qual o território passava na época.

A biblioteca nesse espaço funcionou até o ano de 2009. Depois os livros ficaram encaixotados por uns pares de anos até a obtenção de novo espaço físico.

No ano de 2011 a biblioteca seguia adiante no bairro de Sajonia (em Assunção), pelas mãos do Grupo de Afinidade Anarquista Panambi hu, formado por anarquistas, feministas, anarcopunks e queers, também em um espaço físico no qual viviam vários companheirxs, em local também alugado, quando a biblioteca atua sob o nome de Biblioteca Popular e Libertária Felix Cantalicio Aracuyu.

Já no ano de 2012 se promovia a biblioteca de modo que pudesse difundir o anarquismo e sua teoria; nesse espaço físico se realizaram diversas atividades de difusão como os ciclos de cinema libertários, anarcofeministas, distópicos, pós-porno, jornadas anarquistas feministas, grupos de leitura, oficinas de serigrafia, difusão de fanzines, conversas anarquistas, concertos e muitas outras atividades. Até o ano de 2015 a biblioteca funcionou no mencionado lugar, até que com a dissolução do grupo de afinidade ela toma novos rumos.

No ano de 2016 o projeto da biblioteca é retomado, sob o nome de BIBLIOTECA ANARQUISTA O DESPERTAR, com os companheirxs anarquistas que vieram do Grupo de Afinidade Panambi hu, bem como outras individualidades também anarquistas, anarcopunks e anarcofeministas, em um espaço também alugado onde igualmente vivem os companheirxs anarquistas.

A biblioteca segue hoje em dia crescendo com textos de pensadores e ativistas anarquistas, feministas, queer, libertárixs, filosóficos, anticlericais, animalistas, musicais e de outras índoles. Recebem-se doações de todos os lugares do planeta, já que no Paraguai sempre foi muito difícil obter materiais dessa natureza. A biblioteca conta atualmente com o seguinte e-mail: autonomiazine[ a] riseup.net, sempre aberto e esperando a visita de companheiros com afinidades anarquistas de todos os cantos.

A difusão do anarquismo no Paraguai se torna um tanto complicado e acreditamos que isso em grande parte se deve a falta de tempo e de pessoas para participar das atividades, graças ao Sr. Capital e ao trabalho assalariado.

Sublinhe-se que desde 2008 estamos nos articulando não apenas a biblioteca anarquista, mas também em vários outros lugares, pois como anarquistas acreditamos em lugares para desestruturar e incendiar as estruturas políticas e morais do sistema capitalista em que vivemos.

Biblioteca Anarquista O Despertar, Assunção – Paraguai.

P.S: Para doações de livros dentro do território brasileiro disponibilizamos o seguinte contato: liberto [a] riseup.net.

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