[Montevideu-Uruguai] Comunicado do centro social autónomo La Solidaria – 26/03

Retirado de ContraInfo:

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Os media não falam da quantidade de gente que se juntou à marcha de 24 de Fevereiro nem tampouco das numerosas ações que se levaram a cabo noutras regiões. Ao mesmo tempo, a calma que agora parece reinar em torno do despejo do espaço faz serenar os ânimos e adormecer-nos, à espera de novos golpes. Mas esta calma é só na aparência. É uma tática do Poder – que só fala quando quer manchar um projecto que vem sendo protagonista do conflito social já há mais de 4 anos – e que quando se cala é porque é no silêncio que faz avançar a sua lenta mas devastadora máquina burocrática.

Em finais de Abril começará o julgamento e dar-se-á início a um processo de rotina para funcionários e burocratas, sendo possível que acabe, uns meses depois, com a declaração de despejo da casa. Perante este panorama a campanha contra o despejo continua, optando sempre pelas nossas ferramentas e forma de fazer as coisas. Sabemos que esse é o verdadeiro problema para o Poder: o contágio das práticas horizontais e autónomas. Para nós é claro que é por isso que nos querem levar ao seu terreno de jogo: o da lei, a imposição e a obediência.

Na semana anterior à manifestação ocorreu uma nova intimidação para se abandonar a casa. Aqueles que hoje reclamam um processo pacífico são iguais ou piores que os que há 3 anos mandaram uma gangue de polícías para nos intimidar. De facto, eles são os que agora co-fabulam a jornalistas – para confundir o que somos – e os que na semana passada tinham a polícia do departamento de investigação dentro e fora do julgamento. São eles, também, os que “pacíficamente” ameaçam quando nos recusamos a negociar, recordando-nos que voltaremos a pontapés. Insistem para que deixemos isto tudo de lado e que daqui a poucos meses nos retiremos sem qualquer inconveniente com a lei.  Propõem negociar o que para nós não se negocia: a liberdade de decidir sobre um lugar que nos pertence de facto e que eles reclamam no papel. Esquecem-se que reclamam um espaço que foi abandonado e deixado em ríinas, que só o podem exigir graças a um sistema que funciona na base de papéis e números. Reclamam respeito e indignam-se ao verem-se escarrapachados num cartaz. Surpreendem-se com a nossa forma de fazer as coisas. Pensam que nos podem atacar e que vamos responder de acordo com as suas regras.  Talvez pretendessem sujar-se, mas não tanto. O que sem sombra de dúvidas ficou claro é que não entendem nada quando falamos de autonomia, solidariedade e ação direta.

É por tudo isto que queremos convidar todxs aquelxs que, de alguma forma, se sintam parte da conflitualidade social – vendo nesta luta parte desse conflito – a juntar-se à organização da próxima marcha contra o despejo, a realizar na 3ª feira, 26 de Abril.  Temos presente que neste conflito também se estão a jogar os vindouros, sendo esta uma boa oportunidade para se fortalecer a resistência. O nosso objetivo continua a ser  “não ao despejo” embora entendamos que numa luta específica possamos perder – todavia uma derrota pode também ser uma vitória. As experiências adquiridas, as cumplicidades que se teçam, os debates que se abram são tão ou mais importantes que um projeto em si. Como se diz por aqui: a ação abre caminho a mais ação.

Recordamos que as portas de La Solidaria continuam abertas e que as atividades continuam a desenrolar-se com normalidade. Os conflitos por estes lados são vários e enquanto existir este espaço vamos continuar a dar espaço a quem luta por outra forma de se relacionar, anti-autoritária.Também queremos enviar uma saudação a todxs xs que nestas últimas semanas se solidarizaram de diversas formas: fazendo parte da lmobilização, acercando-se da casa ou realizando ações e atividades noutras regiões.

Não ao despejo de La Solidaria!
Vemos-nos nas ruas!
Assembleia do centro social autónomo La Solidaria

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[POA] Biblioteca Kaos. Calendario de Atividades para o mês de Abril

Recebido no email:

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Todas as segundas a partir das 16hs: Trocas, leituras e oficinas sobre saúde e farmaçinha natural autônoma.

Todas as terças a partir das 16hs: oficina de línguas (este mês, inglês).

Quinta 7 e 21 de abril a partir das 15h30: Devir contrasexual. Experiências dissidentes.

Quinta 14 de abril a partir das 16hs. Leitura coletiva do zine “Lutando no Brasil”.

Quinta 28 de abril a partir das 16h00: Apresentação do livro traduzido ao português: “Odeio às manhãs” e projeção do filme: “Nem velho nem traidores”, sobre as experiência do grupo de luta armada “Action Directe” (Ação Direta) na França nos anos 70 e 80.

Biblioteca Kaos. Rua Alberto Torres, 185. Cidade Baixa. Porto Alegre
blog da biblioteca: bibliotecakaos.noblogs.org

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[Espanha] Condenadxs a 12 anos de prisão xs compas Mónica e Francisco

Nota de Cumplicidade:
Nenhuma condena podera parar nossa revolta, nenhuma ameaça calara nossa solidariedade ! Não nos surpreende a sentença que a “justiça” espanhola deu para nossxs companheirxs Monica e Francisco, a repressão precisa justificar sua existência e o estado sua “competência”… Desde Cumplicidade, mandamos um forte abraço para xs companheirxs e que as chamas da insurreição façam brilhar nossa solidariedade em todo lugar…

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Pintadas nas proximidades da Basilica del Pilar. Zarragoza

Retirado de ContraInfo:

Hoje, 30 de Março de 2016, xs advogadxs dxs anarquistas Mónica Caballero e Francisco Solar foram notificadxs da sentença da Audiência Nacional, no que se refere ao julgamento realizado nos dias 7, 8 e 9 de Março, em Madrid. Assim, foram condenadxs ambxs a 5 anos de prisão pelas acusações de “lesões”, a que acrescentaram 7 anos por “danos com finalidade terrorista”, o que corresponde a um total de 12 anos de prisão para cada; foram absolvidxs das acusações de “pertença a organização terrorista e conspiração” contra o Mosteiro de Montserrat.

A condenação dxs nossxs companheirxs desafia-nos a ampliar a luta e a solidariedade, defendendo os nossos vínculos e ideias, negando-nos a que o seu mundo se reduza aos quatro muros que xs mantêm encerradxs.

Força ao/à companheirxs encarceradxs, sempre presentes nas nossas lutas e no nosso quotidiano.

Não há um “adentro” nem um “afora”, só inimigxs contra o Estado e a autoridade.

Morte ao Estado e viva a Anarquia!

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[Lisboa, Portugal] Breve relato duma semana de solidariedade com Mónica e Francisco

Retirado de ContraInfo:

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A 24 de Março de 2016 realizou-se em Lisboa, cerca das 17h 30, junto ao Consulado Geral de Espanha, uma concentração de protesto pelo julgamento fantoche dos anarquistas Mónica Caballero e Francisco Solar. Presentes cerca de duas dezenas de anti-autoritárixs e anarquistas, tendo sido distribuído um comunicado e um folheto à população, entoadas algumas palavras de ordem ” Nem culpadxs nem inocentes“, “ A liberdade é o crimeque perseguem“, ” A liberdade está nos nossos corações, fogo em todas as prisões“,  “ Julgamento fantoche, terrorismo de estado em Espanha “.

Cerca de três horas depois lançaram-se flyers noutra zona de Lisboa, situação que se repetiu por vários dias, em várias praças de Lisboa, até ao dia 30 de Março.

No total, várias centenas de flyers, comunicados e folhetos foram distribuídos  à população e deixados em vários locais de cultura anarquista ou anti-autoritária.

Uma faixa foi deixada no centro de Lisboa, numa zona turística, exigindo a liberdade imediata dxs compas Mónica e Francisco, em português, espanhol, grego, alemão, italiano, francês e inglês.

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[GRÉCIA] REIVINDICAÇÃO DO ATAQUE À SUCURSAL DOS CORREIOS

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“Quem vai romper a roda que durantes milhares de anos se deitou na autonomia individual? Por tanto tempo o aprender a viver significou aprender a morrer.”

Quantos anos de sociedade comercial? Quantos anos mais de existência do “CIVILIZADO”? E tudo isso para que? Tomamos parte nos experimentos mais paranoicos da dominação humana. Desde as primeiras etapas da domesticação até a invasão da economia na vida, a opressão, a exploração e coerção tem sido os componentes mais estruturais da sociedade.

Estruturas e lógicas de poder se reforçaram para assegurar sua presença durante séculos, transformando, ganhando flexibilidade mediante a intensificação das relações humanas e, por último, impondo sua universalidade através da comercialização da existência. Margens não cumpridas se estreitaram. As formas de vômito de “GASTO DESNECESSÁRIO” estão se humanizando. A indiferença, às vezes agressiva e às vezes passiva do mundo capitalista sobre a sustentabilidade dos seres humanos e não humanos, que porventura se considerem desnecessárias de várias maneiras, é perceptível em um simples olhar, não muito longe.QUANTOS CORPOS EMPILHADOS VIVOS E MORTOS NOS MARES FRIOS DAS SALAS CINZAS?
Não existem desculpas na cara do existente: todos veem, todos sabem. A expressão de nossa posição a respeito dessa situação se concretizar através da ação anarquista. Evitaremos a análise distante e hipotética. Sabemos (não só em nossas próprias vidas) que os momentos de liberdade são tão assimiláveis na rotina diária repetitiva de que não somos capazes de imaginar um possível giro dos acontecimentos. O que é certo é que sentimos que este mundo está insuportavelmente enganchado
em nossa pele, e quanto mais nos atacam, menos rastros deixam suas pegadas em nós.
Enquanto que alguns estão dormindo esgotados e esperando por um final de semana de três dias de consumo frenético e de entretenimento, outros optam por estar em ação. Nas primeiras horas de terça, 15 DE MARÇO DE 2016, incendiamos e destruímos uma caminhonete e um caixa eletrônico na
sucursal dos Correios da Grécia (ELTA), no bairro de Nea Smyrini, Atenas. Em razão da extensão do fogo, a sucursal adquiriu uma nova fachada também.

Esse é um ato mínimo de cumplicidade com os companheiros presos que recentemente enfrentaram e enfrentam as cortes, com juízes e promotores.

Força Mónica Caballero e Francisco Solar, Conspiração das Células de Fogo, Luta Revolucionária, assim como tod@s @s anarquistas encarcerad@s em todo o mundo, e a tod@s @s que de alguma maneira contribuem com a guerra anarquista contra o poder.

P.S: E como a memória é parte integral da continuação da luta
anarquista, não podemos deixar de recordar a morte do companheiro Lambros Foundas, em 10 de março de 2010, depois de um enfrentamento armado com a polícia.

PELA ANARQUIA

CÉLULA INCENDIÁRIA DESOBEDIÊNCIA

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[RJ] 2ª Roda de Conversa sobre Rádio e Comunicação Libertária | Tema: Midia-ativismo | Feira da Autogestão + Cineclube

Recebido no email:

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A Rede de Informações Anarquistas (R.I.A.), com apoio da Ação Direta em Educação Popular (ADEP), tem o prazer de lhes convidar para a nossa segunda Roda de Conversa sobre Rádio e Comunicação Libertária no dia 7 de maio, sábado.

Na primeira roda, ocorrida no final de janeiro, tivemos a presença de pessoas convidadas da Rádio Anarquista de Berlim, da Antena Mutante, projeto audiovisual colombiano, e de uma Comunicadora Comunitária da Maré, em um rico e produtivo debate que contou com pessoas de diversas iniciativas de rádio livre e comunição popular.

Como resultado, ficou a vontade de realizar um segundo encontro, com a possibilidade desse espaço se tornar permamente para podermos realizar nossas trocas e articulações coletivas.

Nesse segundo encontro, o tema principal de discussão será O PAPEL DO MIDIA-ATIVISMO FRENTE A CRISE POLÍTICA NO BRASIL.

Para somar nesse debate, contaremos com a presença de membros dos coletivos de midiaativismo Mariachi e Mídia Independente Popular (MIC), que juntos integram o portal Mídia Coletiva, além de anarquistas ligados ao Partido Pirata-RJ, movimento que tem como pauta o acesso à informação e do compartilhamento do conhecimento.

Também contaremos com uma novidade!

Após a roda de conversa, teremos uma exibição de curtas junto a uma FEIRA DA AUTOGESTÃO, onde serão vendidos bens produzidos coletivamente, como cerveja e comidas naturais, além de contar com um brechó e venda/distribuição de livros de temáticas libertárias.

COLETIVOS/INDIVÍDUOS CONFIRMADOS PARA A FEIRA DA AUTOGESTÃO:

Brechó da Cooperativa Anarquista de Cirko Outrxs
Biscoitos da Mé
Ateliê Colitê
Pão&Cia
Bazar do ADEP e Comida Vegana
Cerveja Raízes
Cervejaria Molotov
Roça Rio
Imprensa Marginal

PROGRAMAÇÃO

15h-18h30  RODA DE CONVERSA SOBRE MIDIA-ATIVISMO

19h-22h  EXIBIÇÃO DE CURTAS + FEIRA DA AUTOGESTÃO

O espaço é aberto para a presença de qualquer pessoa, além de suas contribuições.

Racistas/machistas/sexistas/homofóbicos/transfóbicos/capacitistas/fascistas, entre outras pessoas opressoras, não são bem-vindas.

Local: Sala do ADEP, Rua Visconde de Niterói, 354, Mangueira
Data e horário: 07/05, sábado, às 15 horas

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[FORTALEZA-CE] APRESENTAÇÃO DA RODA DE ESTUDOS NEGRA BONIFÁCIA (REANB-ORL)

Recebido no email:

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RODA DE ESTUDOS NEGRA BONIFÁCIA (REANB)_

ESPAÇO PÚBLICO DA ORGANIZAÇÃO RESISTÊNCIA LIBERTÁRIA (ORL-CAB)

Somos uma Roda de estudos, mas não só estudaremos, refletiremos ou criticaremos academicamente por criticar. Nos propomos a ser um espaço de propaganda e agitação. Objetivamos ser um lugar de autoformação; autoidentificação; fortalecimento da luta antiautoritária Negra e produção de teoria e prática, conforme nossos diálogos e vivências com o cotidiano racista da sociedade capitalista. Uma Roda de Estudos sobre a
luta antiautoritária Negra é em essência um instrumento de intervenção política revolucionária; é um espaço que te convida para entrar na Roda e um lugar de resistência e autodefesa nossa, pessoas negras, desde baixo e à esquerda sempre.
A Roda de Estudos Anarquista Negra Bonifácia é uma ferramenta que visa contribuir com a luta cotidiana, construindo com COR os alicerces para a revolução social, a revolução Negra e a real liberdade e igualdade política, econômica e social. Queremos denegrir todos os lugares, ruas, becos e vielas, colocar fogo no engenho, na casa grande, no capital e no racismo!
A Roda antiautoritária recebe o nome da Negra Bonifácia. Mas quem foi Bonifácia? Bonifácia foi uma mulher escravizada desde o nascimento, e que foi acusada de ter matado o filho de “seu proprietário”, Joaquim Carpina, fato que ela negou ter cometido. Num julgamento de cartas marcadas, Bonifácia foi condenada ao enforcamento, vindo a ser morta no dia 22 de setembro de 1842, no campo do paiol; hoje, atual Passeio Público. Provavelmente Bonifácia nasceu nessas terras, que nunca foram alencarinas e nunca serão, pois o território em que pisamos de ampla
maioria Negra, quilombola, camponesa e indígena não pode receber o nome de uma família racista e defensora da escravidão.

ESPAÇO DE PROPAGANDA E AGITAÇÃO
Na propaganda, difundiremos materiais produzidos pela Roda de Estudos sobre a luta Antiautoritária Negra. Podem ser lançados: notas de escurecimento, zines, textos e materiais online, além de textos que resgatem a memória de militantes ou produções de Organizações que possuam uma perspectiva libertária.
Na agitação viemos para quebrar as correntes da dominação e não nos silenciarmos diante da exploração e genocídio do povo Negro e pobre. Unir os quilombos periféricos e lutar contra o Estado assassino que só nos oferece migalhas de forma gradual é nosso dever.
Esperar um salvador da pátria ou que qualquer partido possa fazer algo ou parar o holocausto Negro é continuar com uma mente colonizada, subserviente e hierarquizada, por isso é fundamental a propagação da voz e luta sob a perspectiva Negra. Quantas Negras e quantos Negros não morreram com a farsa gradual do “fim da escravidão”? Fim do tráfico negreiro, Lei do ventre Livre, Lei dos sexagenários e a Lei Áurea, foram
leis com uma perspectiva de fim gradual, uma falsa abolição, mas,
enquanto isso, nas senzalas, porões e ruas as surras continuavam; os gritos dos açoites faziam parte do cotidiano; Um F feito em brasa no rosto de quem tentava fugir era mais uma marca deixada pelo sistema escravista; órgãos genitais eram arrancados, entre outros horrores feitos pela supremacia branca capitalista.
A tradição de luta Negra é longa e aprenderemos com nossa vasta experiência. É necessário forjarmos práticas educativas antirracistas, pois se dependermos do Estado ele nos direcionará para uma história “oficial”, uma educação acorrentada, que não nos leva para nossa raiz, nossa ancestralidade genitora. Zumbi e Dandara nos dão o exemplo e dizem: todo o povo Negro é livre ou não tem conversa. A Roda de estudos vem para semear, cultivar e partilhar novas e ancestrais práticas educativas de nosso povo, contribuindo com nossa total emancipação. É o nós por nós, já que “as ferramentas do senhor nunca vão desmantelar a casa grande” (Audre Lorde)

PALAVRAS ESCURAS COMO REFERÊNCIA PARA A LIBERDADE E IGUALDADE

Pelejaremos pela Liberdade cerrando as correntes que nos prendem, assim como os Negros escravizados da embarcação Laura II em 1839 (escuna que passava pelo litoral cearense com destino ao Rio de Janeiro). Os Negros rebelados tomaram a embarcação e fugiram pela praia de Arapaçu (atual Iguape). Os rebelados foram executados, assim como milhares de pessoas
Negras foram e são nos dias de hoje. Sabemos que o genocídio prossegue e as chacinas estão aí bem presentes em nosso cotidiano, “mas não temos nada a perder senão as nossas correntes” (Assata Shakur), então é fundamental nossa auto formação para nossa autodefesa e empoderamento da
luta antiautoritária Negra.
Aperrearemos pela Igualdade com a ferramenta da Interseccionalidade, pois não enxergamos hierarquia de opressões e visualizamos a intersecção da raça, classe e gênero. Concordamos com a Negra, feminista e lésbica Audre Lorde, que dizia:
“Não existe hierarquia de opressão. Eu não posso me dar ao luxo de lutar por uma forma de opressão apenas. Não posso me permitir acreditar que ser livre de intolerância é um direito de um grupo particular”.

METODOLOGIA

A Roda de estudos mensalmente se reunirá, podendo também organizar alguma atividade. Debateremos a partir de textos, documentários, elementos conjunturais e demandas pessoais. Os diálogos informais e ações de cunho social que o grupo possa realizar será uma outra ferramenta importante de fortalecimento da luta antiautoritária Negra.
A proposta principal é que o grupo seja um espaço de problematização de situações, com o intuito de elaborar coletivamente sugestões de mudança ou intervenção na realidade, promovendo ações concretas sobre ela.

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[Grécia] Carta aberta de Pola Roupa sobre a tentativa de resgatar a Nikos Maziotis da prisão de Korydallos

Retirado de Kataklysma:

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Em seguida se mostra a primeira parte de uma longa carta da companheira; originalmente publicada em grego no endereço da Athens IMC (8 de março de 2016).

Em outras circunstâncias, este texto seria escrito pela Luta Revolucionária. No entanto, o resultado da tentativa de libertar o companheiro Nikos Maziotis da prisão de Korydallos me obriga a falar pessoalmente.

Em 21 de fevereiro (de 2016), tentei libertar o membro da Luta Revolucionária Nikos Maziotis com um helicóptero. A operação foi planejada para que outrⒶs presⒶs políticⒶs pudessem se unir a nós, quem quisesse buscar seu caminho em direção à liberdade. Os detalhes do plano, como consegui evitar as medidas de segurança e abordar o helicóptero armada, não tem nenhum significado especial e não irei me referir a eles; embora tenha havido uma grande quantidade de informação errônea. Apenas por razões de clareza, mencionarei que o plano não foi baseado em nenhuma fuga anterior de helicóptero, que não está associado com recomendações em planos que ainda não foram postos em prática, e que não tenho nenhuma relação com a outra pessoa fugitiva embora os meios de comunicação digam o contrário. Além disso, esta tentativa não foi precedida por nenhum plano de fuga que “naufragou”, como dizem alguns meios de comunicação.

Após um quarto da viagem depois de decolar no Thermisia em Argolida, saquei minha pistola e disse ao piloto que mudasse o rumo. Claro, ele não entendeu quem eu era, mas se deu conta de que era uma tentativa de fuga da prisão. Entrou em pânico. Atacou-me sacando uma pistola – um fato “omitido”. Também porque elⒶs provavelmente tentem refutar o fato de que ele estava armado. Recordo que há informes disponíveis publicamente sobre a descoberta de duas armas no helicóptero. Uma era minha, mas a segunda não. A segunda pistola era sua arma, a qual caiu de suas mãos durante a luta no voo. Quanto a mim, é claro que eu tinha uma segunda pistola. Como poderia ir a tal operação somente com uma?

Ele perdeu o controle do helicóptero e entrou em pânico gritando “nos mataremos”. A descrição apresentada de um helicóptero substancialmente incontrolável é correta. Mas estas imagens não eram o resultado de minhas ações, senão as dele. O helicóptero foi perdendo altura e rodopiava no ar. Voamos a poucos metros de cabos de eletricidade. Eu gritei que elevasse o helicóptero, que fizesse o que eu dizia para que ninguém saísse feridⒶ.

Em muito pouco tempo estávamos no solo. Aquelxs que falam de uma relação desapaixonada do piloto, julgando o resultado, não sabem o que dizem.

Em vez de fazer o que eu lhe dizia, preferiu correr o risco de cair comigo e colidir, o que não ocorreu por acaso. É desnecessário dizer que a partir do momento em que entrei no helicóptero e tentei tomar o controle dele para guia-lo às prisões, havia tomado minha decisão. Se ele se recusasse a fazer o que eu dizia, eu, naturalmente, reagiria. AquelⒶs que afirmam que eu era a responsável pela descida descontrolada do helicóptero, a 5.000 pés do solo, o que esperavam? Que dissesse “se você não quer ir às prisões não importa”? Disparei minha arma e nos envolvemos – ambⒶs armadⒶs – em uma briga durante o voo.

Preferiu correr o risco de se chocar comigo na montanha a obedecer. Quando finalmente aterrissamos no solo com velocidade, embora soubesse que a operação havia sido perdida, eu tive a oportunidade de executá-lo. Conscientemente decidi não fazê-lo, mesmo sabendo que com esta decisão colocaria em risco a minha vida ou a liberdade, não o executei apesar de que tive a oportunidade. Ele sabe muito bem. O único fator que me retinha era minha consciência política. E tomei esta decisão, arriscando minha vida e a possibilidade de escapar.

Quanto à operação de fuga da prisão em si, é óbvio que foram tomadas todas as medidas de segurança a fim de proteger nossa companhia dⒶs guardas armadⒶs que patrulham o perímetro da prisão, e inclusive levava um colete à prova de balas para o piloto. Neste caso, o objetivo era fazer com que a fuga da prisão ocorresse de uma forma que garantisse o menor risco possível para o helicóptero, Ⓐs companheirⒶs e, claro, o piloto. Atuei com o mesmo pensamento quando aterrissamos no solo, apesar de a operação ter falhado por culpa do piloto e embora ele estivesse armado. Em essência, coloquei sua vida em cima da minha própria e de minha segurança. Mas estou reconsiderando esta decisão específica.

Organizar a fuga de Nikos Maziotis foi uma decisão política, tanto quanto foi uma decisão política a de libertar a outrⒶs presⒶs políticⒶs. Não foi uma escolha pessoal. Se eu quisesse libertar só a meu companheiro Nikos Maziotis não teria utilizado um helicóptero grande – feito que obrigou que a organização da operação fosse mais complexa. O objetivo da operação era libertar também a outrⒶs presⒶs políticⒶs, aquelxs que realmente desejaram juntxs a nós, fazer o seu caminho para a liberdade.

Esta ação, portanto, apesar das dimensões pessoais que são conhecidas, não era uma opção pessoal, senão política. Caminhei um passo no caminho da Revolução. O mesmo ocorre com todas as ações que realizei e cada ação que realizarei no futuro. Estes são elos de uma cadeia de planificação revolucionária destinada a criar condições políticas e sociais mais favoráveis, para ampliar e fortalecer a luta revolucionária. Em seguida, vou discutir a base política desta escolha, mas primeiro tenho que falar dos fatos e a forma em operei até agora no que se refere a alguns destes fatos.

Como mencionei anteriormente, cada ação que executo se refere a um ato relacionado com a planificação política. No mesmo contexto, expropriei a uma filial do banco Piraeu Bank nas instalações do Hospital de Sotiria em Antenas em junho passado (2015). Com este dinheiro, além de minha sobrevivência na “clandestinidade”, assegurei a organização de minha ação e o financiamento da operação para a libertação de Nikos Maziotis e outrⒶs presⒶs políticⒶs das prisões femininas de Korydallos. A razão pela qual eu me refiro a esta expropriação (eu não podia cuidar menos sobre as consequências deste reconhecimento) é porque, neste momento, considero que é absolutamente necessário para revelar a forma em que opero no que se refere à segurança dⒶs civis, que em certas circunstâncias estão presentes em ações revolucionárias em que estou envolvida, e minha perspectiva sobre o assunto em ocasião -sempre “mutatis mutandis” – da tentativa de fuga da prisão.

No caso da expropriação da filial do Piraeus Brank, enquanto entrávamos mencionei Ⓐs empregadⒶs do banco que não deveriam pressionar o botão de alarme, já que isso colocaria em risco sua própria segurança, já que não estava disposta a abandonar o banco sem dinheiro. Não xs ameacei nem xs coloquei em perigo. Só poderiam estar em perigo pela polícia, se chegassem ao local e, posteriormente, tivéssemos um enfrentamento armado. E a polícia só chegaria se algum/a empregadⒶ pressionasse o alarme. Este era um acontecimento que elxs mesmxs queriam evitar. Porque as pessoas que estão presentes nestas ações não temem Ⓐs que tentam expropriar, temem a intervenção policial. Além do mais, é muito estúpido que alguém tente defender o dinheiro que pertence Ⓐs banqueirⒶs. E para que conste, quando uma empregada do sexo feminino me disse “também somos nós as pessoas pobres”, lhe sugeri que fosse para um ponto cego, onde as câmeras não pudessem nos ver, para lhe dar 5.000 euros, algo que ela não aceitou, aparentemente por medo. Se ela houvesse aceitado o dinheiro eu poderia ter certeza de que ela não teria falado publicamente sobre o assunto. E um detalhe: o que eu portava era um avental médico para ocultar minha arma enquanto esperava fora do banco; não uma toalha (!) como foi mencionado várias vezes.

Em cada período de tempo, na luta pela Revolução – como no caso de todas as guerras – às vezes xs revolucionáriⒶs são obrigadⒶs a buscar a ajuda dⒶs civis em sua luta. Os exemplos históricos são demasiados – uma tentativa de documentá-los poderia encher um livro inteiro, e não é o momento de se estender no campo – tanto na Grécia como em movimentos armados e organizações de outros países. Nestes casos, no entanto, essencialmente lhes pedimos que tomem partido na guerra. Uma vez que alguém se nega a ajudar, sua postura não é apenas sobre a prática em particular, mas uma postura hostil em geral contra a luta. Colocam em perigo ou anulam projetos, colocam as vidas dⒶs combatentes em perigo, lançam obstáculos no caminho do processo revolucionário. Tomam uma posição contra a guerra social e de classe.

Nem na sucursal do Piraeus Bank nem durante a tentativa de fuga em helicóptero desmascarei minha identidade. Portanto, nenhumⒶ dⒶs envolvidⒶs nestes casos sabiam que se tratava de ações políticas. Mas, depois da tentativa falha de fuga, e uma vez que – como já mencionei – tinha a oportunidade de matar ao piloto, mas eu não o fiz, arriscando a minha própria vida, tenho que fazer público o seguinte: de agora em diante, cada vez que necessite de apoio civil, e se o considero necessário, relevarei minha identidade desde o princípio. Já que meu objetivo em qualquer caso diz respeito à promoção da luta para derrotar o estado criminal, que todxs saibam que qualquer possível negativa a cooperar e esforço em obstruir a ação será tratado em consequência.

Esta é minha avaliação depois da tentativa de fuga que deveria fazer pública.

A OPERAÇÃO DE FUGA DA PRISÃO FOI UMA ESCOLHA REVOLUCIONÁRIA. […]

Tentei a fuga da prisão pela revolução social.

Toda minha vida eu lutei pela revolução social.

Vou seguir lutando pela revolução social.

Pola Roupa

Membra da Luta Revolucionária.

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