Nota de Cumplicidade
Com raiva recebemos a noticia do assassinato de Guilherme, jovem anarquista que participava das ocupações de universidades em Góias. Com cumplicidade, recebemos os gestos rebeldes dxs seus companheirxs que nos esquentam o coração ao ascender as barricadas que lembram que Guilherme está presente agora nelas e que o estará em cada pedra atirada, em cada ocupação e em cada revolta.
Por uma memória combativa! Guilherme Irish Presente!
Guilherme Irish está vivo !!!
Os ventos agitam os ares, a paisagem se transforma a cada momento, o que agora é vida pulsante num instante vira terra ou carvão. Nós nos esforçamos para o que sucumba e se incinere sejam todos muros do domínio, do controle e seus engenheiros. Mas muitas vezes a luta contra toda forma de dominação nos cobra caro. Ameaças, agressões, prisões, sangue e morte.
Xs amantes da liberdade, xs anarquistas, querem tomar as rédeas de suas vidas em suas próprias mãos. Guilherme Irish foi um destes e esbarrou num dos primeiros muros que constroem em nossa volta: a autoridade da família patriarcal.
No dia 15 de novembro em uma terça-feira pela tarde Guilherme Irish foi perseguido, baleado e executado pelo seu pai na cidade de Goiânia, por sua desobediência, sua insubmissão, na esquina da Rua 25A e Avenida República Líbano o sopro da vida abandonou seu corpo. Em seguida seu pai se suicida.
Guilherme Irish foi assassinado pelo que era, pelo que buscava, por desejar que ninguém seja seu senhor se não seus próprios anseios e necessidades. Reconhecemos esta fortaleza em Guilherme Irish que se manterá vivo, pois não será esquecido.
Mensageirxs da Revolta.
A seguir somamos o texto escrito por algum cúmplice de Guilherme.
Camarada Guilherme Irish vai estar presente!
Pela luta, interna e externa. Contra o fascismo cotidiano, enrustido na sociedade e principalmente do estado.
Sua morte brutal e prematura, reflete o discurso de ódio alimentado diariamente pela imprensa, corroborado pelos liberais de direita e pessoas que se recusam debater ou aceitar o diferente. Intolerância só gera desgraças.
Querido por todos nos mais diferentes fronts de batalha, nos sarais e rodas de conversa, o camarada soube pelo o que lutar, com convicção e determinação. Anarquista nato. Enfrentou o fascismo do estado e seu braço armado, alem de lidar com a estrutura repressiva e hierárquica da família.
Todos que destilam ódio e aplaudem a violência como única solução para os embates políticos, tem as mãos sujas de sangue. A cultura do ódio pode muitas vezes seduzir as mentes mais fracas.
Certamente o Camarada Irish, estará presente nas barricadas, nas resistência e nos momentos lúdicos de celebração. Em sua última luta, a qual ajudou com firmeza, tanto na UFG [Universidade Federal de Goiás] quanto em todas ocupações e atos de rua contra o desmonte da educação pública, ele que estudava para ser professor, certamente vai inspirar e dar força aos que continuam na luta.
Essas densas tormentas um dia vão passar e vocês donos do poder, pagarão dobrado!
Nota:
O estudante de matemática na UFG, conhecido por Guilherme Irish, foi assassinado com quatro tiros pelo próprio pai na última terça-feira (15/11). Ele era anarquista, adepto da tática black bloc e participante ativo das ocupações de escolas e faculdades em Goiânia.
O pai, um engenheiro civil de boas condições financeiras de 60 anos, não aceitava que o filho participasse do movimento, já havia ameaçando entregá-lo para a polícia e até mesmo de morte. O homem que não tinha posse de arma, chegou a ir armado em duas manifestações contra a privatização do ensino público em Goiás e a PEC 241 (55), perseguir Guilherme e ameaçar outros militantes.
Um crime de ódio, motivado por intolerância política. Guilherme de apenas 20 anos, foi pego por uma emboscada armada pelo pai, quando saía de casa rumo a Ocupação do Campus 2 da UFG, que sofria risco de reintegração de posse.
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