Nota de Cumplicidade:
Não queremos ficar repetindo as nossas diferenças de ideias e práticas com o que propõe, nesse texto, a OATL, já se fizeram evidentes em outras ocasiões. Porém, os momentos que muitas pessoas que lutam estão enfrentando são momentos onde o silencio não cabe… Não se trata de pedir a “legitimação” da existência da anarquia para o governo, como se fosse algum partido político, mas sim, ressaltar e entender como operam os mecanismos de controle e perseguição que o Estado põe em marcha com tal de proteger a sua soberania. Dentro de tudo, sabemos que se o Estado se sente tão ameaçado como para mandar perseguir “ativistas” e “manifestantes” é que de alguma forma ou outra estamos criando nossa historia, uma historia na qual um Estado com os policiais supostamente mais trenado de latino-america se sente ameaçado por ideias que brotam pelas ruas de diversas cidades de um território controlado e colonizado pelo estado brasileiro. Outros mundos não cabem na perspectiva do Estado, isso, esta claro desde a chegada sangrenta dos portugueses nessas terras. O único caminho para uma vida diferente é o conflito permanente… Não buscamos aceitação, nem legitimação dos movimentos sociais por parte do Estado brasileiro, buscamos a sua destruição…
Nos vemos nas ruas…
Força axs perseguidxs e processadxs que seguem lutando enfrentando as consequências de uma postura em conflito contra o sistema!
Retirado de Autogestao
São tempos duros, companheirxs. É difícil encontrar as palavras que transmitam a nossa indignação frente às absurdas prisões políticas dxs lutadorxs, iniciadas no último 11 de julho.
Onde um Estado cujas palavras de ordem são a arbitrariedade e a violência, e onde a Lei é a inconstitucionalidade, para nós, que nunca acreditamos na Justiça burguesa, o que nos fortalece é o apoio mútuo e as redes de solidariedade axs presxs, foragidxs e aos seus familiares que se formaram em vários setores da sociedade civil. É urgente que façamos uma campanha anticarcerária nacional e forte, contra a criminalização dos movimentos sociais, dxs lutadorxs e das organização da classe trabalhadora, como também pelo fim imediato de todos os processos e inquéritos.
Para muitos é uma surpresa assustadora que o momento de maior repressão política desde a instauração do AI-5 se dê no governo do PT. Para nós isso não é uma surpresa, é apenas a consequência lógica do jogo estatal, quem aceita fazer parte da farsa eleitoral, automaticamente se coloca ao lado dos torturadores. Um exemplo é o atual secretário de segurança pública do Rio, que era agente infiltrado da ditadura no movimento estudantil e, assim como todos os torturadores e outros crápulas do regime, continuou seu trabalho sem grandes mudanças sob o dito regime democrático. A farsa da redemocratização está escancarada, a mesma PM que matava em na ditadura civil-militar é a que mata hoje, que é a mesma que matava na ditadura varguista que é a mesma que matava com Arthur Bernardes, que é a mesma que caçava escravos fugitivos e índios rebeldes. A repressão não surgiu em 64 e não acabou em 85.
Nos marcos desse exemplo histórico de caçada aos movimentos reais de luta do povo, hoje as organizações anarquistas voltam a ser criminalizadas, como foram desde o acenso do movimento operário anarquista brasileiro, na década de 1920. Xs anarquistas sempre estiveram organizadxs atuando como fomentadorxs da luta do povo, desde os lugares de trabalho e moradia, contra o extermínio do Estado e contra exploração de classe. Nós anarquistas éramos e somos um perigo para o poder constituído, pois defendemos a negação deste – o poder popular -, que não é obra de líderes, mas sim de um trabalho árduo e contínuo de mobilização e de luta ao lado do povo, incentivando sua ação direta e sua organização revolucionária contra o Estado e por um mundo novo, justo e livre. É essa a Justiça que queremos, a que o povo faz na sua luta, onde o povo decide e onde ninguém fica para trás. O poder popular nega o Estado e constrói toda a organização social de forma federativa e de baixo pra cima, toda propriedade é coletivizada e o povo reparte entre os trabalhadorxs o fruto de seu próprio suor. Sem patrões, políticos enganadores, corruptos ou corruptores, sem depender dos mandos do capitalismo financeiro global. Carregamos um mundo novo em nossos corações e com Terra e Liberdade nós construiremos a Comuna Popular do Rio de Janeiro.
Nos termos do Estado burguês, isso é um absurdo e por isso a perseguição ao anarquismo é necessária. É preciso marcar a carne de toda uma geração com a passividade que eles tanto prezam, amedrontar a juventude combativa com prisões « exemplares ». Mas, nós atingimos a espinhal dorsal da reação, na sua crença de que não há saída para a política, para nossas condições materiais e sociais. O levante popular de 2013 levou ao desespero todxs aquelxs que buscam manter a ordem atual, trazendo consigo uma nova materialidade política, novas lições estratégicas, novas possibilidades de vitória.
Solidarizamo-nos a todas as organizações e lutadorxs que estão sendo criminalizadas por meio desse sádico espetáculo policial-midiático, pois sabemos que o objetivo de toda essa perseguição é reprimir a quem luta e quem acredita que é preciso dar um BASTA à exploração de classe e a todas as opressões. Perseguem-nos porque denunciamos o papel nefasto que cumpre as polícias, porque estamos cansados de ser esculachados perdendo casa, escola, hospital para que meia dúzia de capitalistas lucrem durante os dias de Copa do Mundo!
Xs militantes da OATL têm participado, a cada dia, da organização do povo. E sabemos que não somos só uma organização! Somos o povo revoltado, somos o povo que não vai se calar! A OATL estará na rua, porque o povo estará. Não tem Estado ou Burguesia que possa conter a legítima revolta do povo, pois eles mesmos provocaram essa revolta! A longa experiência amarga do povo fez com que ele mesmo criasse suas armas de autodefesa e resistência. A ação direta, as ocupações, as comunas, as greves e os atos de rua não foram invenção dos anarquistas, mas do povo em luta contra as opressões. Não somos nem nunca desejamos ser os responsáveis pela revolta popular, somos mais um na multidão indignada.
É intolerável que deixemos passar o terrorismo de Estado que mata todos os dias o povo negro e com a mesma brutalidade se volta contra xs lutadorxs sociais. Estamos ao lado do povo! Criminosas são as leis que defendem os inimigos da classe trabalhadora. A criminalidade está na cor que colore nossos corpos, negros na pele, negros na bandeira, negros no coração. Quadrilha armada é o Estado e o Capital que se utilizam de métodos fascistas de controle de nossas vidas com escutas, agentes infiltrados e quebra de privacidade das comunicações, perseguição, coação e tortura aos familiares dxs presxs e foragidxs! Os crimes quem os comete são as grandes corporações de mídia, os governos federal, estadual e municipal! Não se pode criminalizar um povo que se rebela e se organiza contra a exploração e a opressão de todos os dias. Não se pode criminalizar a justa revolta do povo!
E frente a toda essa ofensiva repressiva, concluímos que o único crime é NÃO LUTAR! É preciso que nós tomemos novamente as ruas! A pressão popular é fundamental para desarticular a máquina repressiva do Estado, denunciar o espetáculo forjado pelas grandes mídias para confundir-nos, alienar-nos e convencermos de que a luta não leva à mudanças. Convoquemos nossas organizações, coletivos, órgãos de base, grêmios, equipes esportivas, grupos de advogadxs, associações de bairro e toda a sociedade civil. Publicizemos nosso apoio, denunciemos o terrorismo de Estado e, sobretudo, saiamos às ruas!
LIBERDADE PARA TODXS PRESXS E PERSEGUIDOS POLÍTICXS!
FIM DOS PROCESSOS POLÍTICOS!
NINGUÉM FICA PRA TRÁS!