Uruguai: Comunicado de “La Solidaria” frente aos últimos atos de repressão

3abajo

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Segunda-feira, 2 de setembro, 2013.

História

La Solidaria (A Solidariedade) abre as suas portas em março de 2012 quando, um mês antes, um grupo de indivíduos decide tomar o espaço, acondiciona-lo e cuidá-lo. Desse momento em diante, através de assembleias horizontais, são discutidos acordos básicos e o funcionamento do La Solidaria. O apoio mútuo, a autogestão, a autonomia e a solidariedade são valores que tomamos como base para a construção deste projeto, que tenta ser uma ferramenta que potencialize as conexões humanas com o meio social, as práticas antiautoritárias, a auto-organização e a luta social. Assim, no decorrer de 2012 até agora, é realizada uma infinidade de atividades, todas com entrada gratuita. Oficinas de teatro, cinema e vídeo, reutilização criativas de lixo, artesanato, encadernação artesanal, tango, computação, esquizodrama, capoeira e outras atividades como a FLIA (Feira do Livro Independente e Autônoma), 1ª e 2ª Feira de Livro Anarquista de Montevidéu (com a participação de editoras da região), Festival de Cinema Independente Global, ciclos de cine-debate, palestras, discussões sobre patriarcado, aborto, educação, meio ambiente, luta sindical, libertação animal, etc. O espaço também conta com uma biblioteca social e uma rádio comunitária que transmite para todo o bairro e pela internet. Por sua vez, os diferentes coletivos críticos dessa realidade utilizam o local como um espaço de reunião e projeção coletiva para desenvolver seus projetos, preenchendo assim uma necessidade de espaço físico para as organizações sociais em Montevidéu.

Sobre a repressão

Já denunciamos em comunicados anteriores o abuso policial, a tentativa de desalojo sem ordem judicial, o interrogatório contra um companheiro e a constante perseguição e levantamento fotográfico pelo Departamento de Inteligência (DNII). Desta vez, denunciamos o sequestro de 12 companheiros que, logo após prepararem as faixas por volta das 17 horas e irem para o Obelisco (para participar na marcha pelo massacre de Filtro, em 24 de agosto), são violentamente detidos e algemados próximos ao La Solidaria, por policiais à paisana. Sem fornecer informações sobre o motivo da prisão e sem se identificar, os policiais os levaram até as autoridades de Montevidéu. Horas mais tarde de buscas aos nossos companheiros, constatamos que estariam na delegacia. Às 22 horas foram libertados sem qualquer acusação nem levados a julgamento. Neste momento em que soubemos das atrocidades cometidas pelos policiais, que, através de violência física e psicológica, torturaram os presos. Através de golpes, plantões nus, insultos, humilhações e até ameaças de estupro e morte enquanto apontavam uma arma para a cabeça de um dos jovens. Tendo passado por isso, gerando uma forte mudança emocional nos jovens, são interrogados com insistência sobre as suas ideias, sua participação na marcha do movimento estudantil de 14 de agosto, sua ligação com certas organizações, entre outras. Nesta sexta-feira, 30 de agosto, sabemos de novas prisões de duas companheiras já torturadas na situação anterior. Novamente policiais à paisana que não se identificam, que não informam o motivo da prisão nem comunicam a situação dos detidos aos familiares. Desta vez, são levadas a julgamento, fortemente questionadas sobre seu envolvimento na marcha estudantil 14 de agosto e mais tarde libertadas sem qualquer acusação. Cabe destacar que esta mesma ação policial foi usada para prender dois jovens anarquistas, uma vez finalizada a marcha estudantil, que foram posteriormente processados sem qualquer prova. Esses fatos nada isolados são parte de uma tentativa de criminalizar os protestos e os jovens em geral, promovido na ditadura e que hoje na democracia permanece impune. Mantem-se sob o governo de esquerda que tortura e infiltra policiais à paisana nas manifestações, para desarticular qualquer movimento que procure desafiar esta ordem injusta de desigualdade e miséria, que propagam essa política de benefícios para poucos. Mas criamos espaços livres onde podem interagir de uma forma mais humana, onde podemos compartilhar conhecimentos, experiências, em relacionamentos baseados no apoio mútuo, na solidariedade, na autonomia – reafirmando que nem tudo o que habita a terra é mercadoria. Queremos outro mundo e seguimos por ele. A solução está em nossas mãos, com elas a construção é diária e com elas defenderemos o que temos que defender.

Tirem suas mãos de nossos centros sociais.Tirem suas mãos dos que lutam por um mundo melhor.

Tocam em um, tocam em todos.Contra a repressão – solidariedade e ação!

Centro Social “La Solidaria”

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