Nota de Cumplicidade:
Como já escrevemos varias vezes,não compartilhamos a postura da luta contra a criminalização dos movimentos sociais, pois, não queremos sermos reconhecidos nem aceitos pelo Estado já que o que queremos é destruí-lo. Não queremos entrar no jogo do Estado e lutar pelos nossos “direitos” a manifestar, além de entender a luta anarquista como algo além das leis e do sistema judiciário entendemos que esse “jogo” tem consequências nefastas para todxs aqueles que consideram que nesse sistema, não há nada para reformar e assim que se nutrem do desborde e do descontrole. Assim, aquela frase tão repetida por diversos grupos e individualidades em quase todo o território dominado pelo estado brasileiro: “protesto não é crime” somente reafirma a legitimidade para o Estado em encarcerar quem decide se enfrentar de maneira violenta contra o sistema. Enquanto não reconhecemos as leis promovidas pelo Estado, tampouco assumimos uma posição de vitimas-inocentes frente às detenções e perseguições que vivem varias pessoas que lutaram nas ruas desse território e assim, consideramos a violência como uma resposta não somente “legitima” senão necessária frente à violência seja material ou simbólica, descarada ou implícita, à qual temos que nos enfrentar cotidianamente. Porém, vemos necessário debater e analisar os mecanismos que o Estado tem para perseguir e encarcerar; as “montagens”, os seguimentos etc., são métodos usados pelos órgãos estatais para calar a revolta e é mais que necessário aprender a conhecer aos nossos inimigos, suas estratégias e tácticas, se queremos intensificar a luta contra o Estado-Capital, não num intuito de ganhar a sua simpatia ou piedade mas sim, com o desejo incontrolável de destruí-lo.
Recebido no email:
C o m u n i c a d o:
Em junho de 2013, uma multidão tomou as ruas de São Paulo para exigir a anulação do aumento das tarifas de transporte. Durante anos denunciando o controle privado das catracas do transporte público, o Movimento Passe Livre protagonizou uma onda de protestos que logo tomaria as ruas de outras capitais do país. Os vinte centavos a mais na tarifa foram a gota d’água para mostrar aos donos do poder que nunca se deve subestimar a capacidade de indignação do povo. Herdeiro de movimentos sociais sem liderança definida, assembleísta, organizado horizontalmente, reunindo os de baixo e os mais diversos coletivos, organizações e sujeitos, todo mundo “contra o aumento” da passagem. Manifestações chamadas rapidamente pelas redes digitais, em curto espaço de tempo e cada vez maiores, paralisando a capital mais acelerada do país, de imediato foi dura e seguidamente reprimida pela Polícia Militar com o apoio de grandes veículos de comunicação. Dias depois, os donos do poder recuaram e anularam o aumento das tarifas.
E veio a Copa do Mundo de 2014 e com ela leis e ordem de exceção. E para o desespero dos donos do poder vieram também mais protestos. Orientada, equipada e determinada a impedir que os protestos ganhassem a mesma proporção do ano anterior, as policias atuaram em conjunto para reprimir, prender e fichar manifestantes. Outro componente entrou em cena para intimidar os protestos, o Judiciário. Por um lado, a polícia efetua prisões, forja flagrantes, recicla o entulho jurídico da ditadura, transforma objetos de uso doméstico em armas mais letais que as suas próprias, dificulta o acesso da defesa e intimida manifestantes em suas casas e emite chamados para depor no mesmo dia e hora das manifestações. Por outro, promotores públicos acolhem as montagens e sem nenhum questionamento fazem a denúncia para juízes que determinam prisões. Qualquer ativista terá sempre uma história como essa para contar. Hoje ela se passa numa grande cidade. Mas amanhã, ela poderá bater na sua porta e quem sabe até você poderá ser alçado a personagem de uma história de perseguição e montagem.
A Prévia do III Festival do Filme Anarquista e Punk de São Paulo exibirá três produções documentais recentes, um curta e dois longas, sendo um da Espanha, um do Chile e um da Bolívia, exibidos no Brasil apenas na II edição do Festival (2013), na qual foram destaques, que abordam a criminalização das lutas sociais naqueles países e o revide em forma de solidariedade e resistência coletiva.
Para discutir o tema “Lutar não é crime”, o Festival convida militantes do Movimento Passe Livre de São Paulo e Rodolfo Valente, da Rede 2 de Outubro, para um bate papo mediado por Igor Carvalho, jornalista da Revista Fórum e SPressoSP, depois das sessões. E para fechar a programação, o punkjazzrock libertário da Ordinária Hit!
Programação
15h | De Montagem em Montagem (2013, Doc., 9m16s., Chile – legendas em português) Montagem: Caso Bombas (2013, Doc., 81m., Chile – legendas em português)
16h30 | Intervalo
17* | 4F – Nem esquecimento, nem perdão (2013, Doc., 110m., Espanha – legendas em português)
19h | Bate papo: Lutar não é crime, com Militantes do Movimento Passe Livre São Paulo e Rede 2 de Outubro.
21h | Apresentação: Ordinária Hit (SP)
Sinopses:
De Montagem em Montagem (Documentário | 9:16 min. | Productora de Comunicación Social | Chile – legendas em português) O curta “De Montagem em Montagem” denuncia as fraudes de montagens policiais na tentativa de incriminar judicialmente anarquistas apoiadores da luta dos povos do TIPNIS. No dia 29 de maio de 2012 em La Paz e Cochabamba, Bolívia, 12 casas particulares foram invadidas pela polícia à procura de 13 pessoas. Elxs estavam sendo acusados de tentativa de homicídio e terrorismo, além de lhe atribuírem a fabricação de artefatos explosivos. Tudo isto construído num contexto de mobilização social pela luta dos povos indígenas em defesa do TIPNIS e antes da reunião da OEA, em Cochabamba. A operação policial invadiu as casas sem a presença de alguns dos acusados, oferecendo a opinião pública provas insuficientes, tais como máscaras ou patches punks.
Montagem: Caso Bombas (Documentário | 81 min | 2013 | Chile – legendas em português) Através de diversos depoimentos, o documentário “Montagem: caso bombas” constrói um sólido relato que narra de forma crítica e explicativa as diversas situações e acontecimentos relacionados com o conhecido “Caso Bombas”, um caso de montagem político-policial contra diversos grupos e anarquistas no Chile que recentemente teve seu desfecho.
4F – Nem esquecimento, nem perdão (Documentário | 110 min | 2013 | Espanha – legendas em português) Barcelona: uma festa em um prédio ocupado termina em conflito com a polícia e um policial fica em estado vegetativo após ser golpeado na cabeça por um vaso que cai de uma das sacadas. Sem que se pudesse encontrar culpados para o acidente, a polícia inicia todo um processo de montagem policial e criminalização que levou ao cárcere companheirxs envolvidxs com o movimento okupa na Espanha. Este documentário trás a tona a verdade sobre o caso 4F, um caso emblemático que gerou intensa mobilização de apoio por parte de movimentos sociais espanhóis.
Movimento Passe Livre São Paulo
O Movimento Passe Livre (MPL) é um movimento social horizontal, autônomo independente e apartidário que luta pela adoção da Tarifa Zero para o transporte público. Protagonizou os protestos de junho de 2013 que resultou no cancelamento do aumento das tarifas em São Paulo.
Saiba mais: www.saopaulo.mpl.org.br
Rede 2 de Outubro
A Rede 2 de Outubro é composta por um conjunto de organizações, movimentos sociais e grupos culturais que partilham a percepção de que a dinâmica social que produziu o Massacre do Carandiru (1992) ainda continua vigente e segue a fomentar massacres cotidianamente. A Rede promove reuniões, seminários, debates e outras atividades com o objetivo de denunciar e debater as origens e o significado das terríveis condições de encarceramento, do caráter seletivo do sistema penal e prisional, do uso desmedido da violência pelo Estado com evidente corte racial e de classe, entre outras questões.
Saiba mais: www.rede2deoutubro.blogspot.com.br
Ordinária Hit (SP)
A vida ordinária tocada em hit. Prática conforme a música, ordenada em duas vias. Não ligue, é barulho convencional: não canto sem refrão, eletricidade, bateria, guitarra, baixo e um pouco mais de corda… Só que tudo de ponta cabeça, punk e a ética do faça-você mesm@.
Saiba mais: http://ordinariahit.bandcamp.com/
Festival do Filme Anarquista e Punk de São Paulo Do Morro Produções, Imprensa Marginal & Projeto Espremedor
Saiba mais: www.anarcopunk.org/festival
Matilha Cultural
Saiba mais: www.matilhacultural.com.br
Agenda
31 de agosto (domingo), às 15h Matilha Cultural, Rua Rego Freitas, nº 542, República, centro de SP. Telefone: (11) 3256-2636
Confirme sua presença aqui: https://www.facebook.com/events/367057246781710
GRATUITO!
• No local haverá venda de bebidas e alimentos veganos e vegetarianos.
• Haverá também distribuição e venda de materiais “faça você também” da cultura libertária (fanzines, livros, discos, etc.) a preços populares.
• Espaço amigo da criança, ciclistas e cachorros.