Breves relatos dos últimos protestos.

Nota de Cumplicidade:

Como já mencionamos num post passado, não conseguimos, na hora, dar conta do que está acontecendo em todo o país, assim mandamos algumas informações sobre os protestos e as pessoas que foram presas em diversas regiões do território controlado pelo estado brasileiro. Força e saúde as/aos que estão nas ruas e um abraço forte as/aos que estão presxs… Solidariedade já com Igor, guerreirx indomável sequestradx no dia 14/06, sábado em Belo Horizonte, e com todxs presxs,perseguidxs e processadxs pela copa assassina, repetindo as palavras dx compa que escreve o relato de BH: vai ter copa? Já tá tendo, mas vai ter treta!! Nos vemos nas ruas…

No dia 12 de junho rolou um dia nacional de protesto contra a copa já que era o dia de abertura. Desde então na maioria das cidades que está sendo realizada a copa, estão acontecendo protestos nos dias de jogo. Várias cidades tiveram símbolos do estado/capital destruídos e enfrentamentos com os vermes. Publicamos aqui alguns relatos, de São Paulo, não tivemos acesso a relatos, mas publicamos algumas fotos, já que ai também foi bem forte a manifestação.

Porto Alegre 12/06

Recebido no email

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Em Porto Alegre, uma manifestação de umas 2000 pessoas saiu da prefeitura e caminhou pelas ruas do centro, dentre elas um grupo de encapuzadxs que ia destruindo os bancos que estavam no caminho (banrisul, caixa econômica federal, Itaú, banco do Brasil…), uma loja do Mac Donald também foi quebrada, perturbando assim, a comodidade e tranquilidade dxs cúmplices dos assassinatos diário de seres humanos e não humanos. Símbolos da copa (placas e propaganda) no caminho foram pichados e destruídos. Contêineres de lixo também foram queimados e pichações foram feita durante a caminhada toda. Ao chegar no Largo Zumbi do Palmares teve enfrentamentos com o BOE (Batalhão de operações especiais) que protegia a secretaria de turismo. A galera seguiu até a Borges de Medeiros, caminho ao Fifa Fan Fest mas foi dispersada antes de conseguir chegar lá. Nos enfrentamentos, dois gambés acabaram feridos, um perdeu um dente na batalha. Após a dispersão, 15 pessoas foram detidas e 6 foram levadas para a ACISP (Academia Integrada de Segurança Publica) na avenida Antonio de Carvalho, 555. 5 deles saíram nesse mesmo dia, após terem pagado fiança, provavelmente serão processados. Uma pessoa segue presa até agora no presídio central mas não temos mais informações nesse momento.

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Belo Horizonte 12/06

Retirado do centro de mídia independente

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O que se segue é um relato pessoal.

“Desde o esfriamento geral que se seguiram as coisas por aqui nas Minas Gerais pós-Jornadas de Junho, devo confessar que minhas expectativas para o 12J não eram as melhores. Somente 1 ano cronológico separavam os protestos massivos do ato de ontem. Mas a distância entre o ânimo combativo de 2013 e o derrotismo de agora era enorme. Acordei um pouco tarde, clima de feriado meia-sola, tomei café e decidi ir assim mesmo, pra poder sentir o clima, um termômetro do que poderia vir a ser sábado (dia de jogo no Mineirão), também rever compas, fazer uma social. Como pensei que nada aconteceria, fui à paisana, só no amor, nada das ferramentas e equipamento do ano anterior (ainda assim levei duas peitas extras e um óculos de natação na mochila, só por precaução).

Decidi ir a pé pro centro, imaginei que teria muita polícia nas estações de metrô (estava certo) e queria evitar revistas (mesmo limpo, deve-se evitar). Havia muito policiamento em todo o bairro, viaturas e barcas (até as abandonadas Blazers) cruzando as avenidas aos montes. Houve um momento sobre um viaduto de acesso ao centro no qual pensei que ia ser parado por um grampo numa motocicleta que passou acelerando ao meu lado por cima do passeio, mas ele interceptou um trio que também ia para o ato e carregava uma faixa grande. Passei, perguntei a um deles se estava tudo bem, atravessei a rua e rumei pra Sete.

Pouca gente, muita bandeira da Conlutas (acho que as pessoas que as portavam eram de alguma ocupação popular urbana, não sei ao certo qual), umas poucas do PSTU, uma do PCR, uma galera da COPAC com camisetas e bandeiras amarelas em certos momentos se confundiam com torcedores do Bra$il (que não eram muitxs nas ruas, diga-se de passagem). Fiquei decepcionado por não ver nenhuma bandeira preta. Trombei dois, três compas, e logo geral se organizou pra tomar o Pirulito (monumento que fica no meio do cruzamento das duas maiores avenidas centrais da cidade) como de praxe. Clima pacífico e festivo. Fiquei mais de butuca, tentando identificar os P2 (vi dois).

Logo todxs se organizaram para tomar a Afonso Pena e seguir para a Praça da Liberdade (Relógio da Copa). Nesse momento consegui identificar um bloco autônomo, formado por bandeiras rubro-negras, uma preta do/a FAM (desconheço a sigla) e até uma do Unidade Vermelha (!?) bem próxima. Uma grande faixa negra unia o bloco. As palavras de ordem eram radicais, geralmente anticopa, anti-Estado e anti-PM (as ofensas às forças policias que acompanhavam a marcha foram incríveis, mostrando a determinação e coragem do bloco autônomo).
Em meio ao bloco, encapuzei (camisa no peito camisa na cara), óculos de natação na testa. Haviam mais uns 20 encapuzadxs (em sua maioria bem jovens) que formaram o que na hora se chamou de black bloc. Durante o trajeto outros foram se encapuzando improvisadamente. Formou-se também um black bloc favela (garotada das ocupações, vilas e comunidades próximas que lançaram as camisas na cara). O número de mascaradxs só aumentou até chegar ao Relógio. O bloco autônomo, entre a Internacional e À Las Barricadas, cantou: ‘o black bloc, é meu amigo, mecheu com ele mecheu comigo!’

Chegando na Praça da Liberdade, vimos que a Guarda da Fifa cercava o Relógio da Copa. Logo uma bomba estourou (não se sabe de qual dos lados) e começou a saraivada de balas de borracha. Grande parte da marcha desceu de volta a Av. João Pinheiro enquanto outra parte, na qual estava a maior parte do bloco autônomo, se abrigou próximo à Gonçalves Dias. Tapumes e plexiglass foram arrancados das cercas da faculdade de design e utlizados como grandes escudos da barricada móvel. Pedras portuguesas dos passeios eram coletadas, armazenadas e arremessadas contra a polícia. Começou a chover gás lacrimogênio. Ouvia-se ‘joga, joga mais, tô viciado na porra desse gás!’

A polícia começou a avançar e a barricada precisou recuar. O bloco todo desceu a Gonçalves Dias em retirada organizada e em luta. Correrias ocasionais eram desencorajadas por pessoas pedindo calma. Durante o trajeto edifícios públicos e privados foram atacados. Uma agência bancária da Caixa Econômica Federal, uma loja burguesa de cristais, prédios do entorno da Praça da Liberdade, etc.

Já na Av. Bias Fortes, viaturas tentavam cercar o bloco autônomo fechando acessos à ruas laterais. Uma van cheia de PMs que passou ao nosso lado na contramão levou pedradas e teve um dos vidros despedaçado. Mais à frente, próximo a um posto de combustível, um Pálio da PMMG com um dos policias do lado de fora da viatura (com cara de reforço do interior), tentava bloquear uma das ruas pelas quais nem planejávamos passar. Encapuzadxs botaram a viatura e o folgado pra correr (literalmente) na base da pedrada. Conseguir lançar algumas portuguesas em parábola de dentro do posto na viatura só seguindo a luz do giroflex. Talvez o momento mais divertido para mim do dia.

Antes de chegarmos à Praça Raul Soares, passamos por uns bares que transmitiam os jogos. Na hora eu estava em meio ao black bloc favela, que esculhambou xs trocedorxs do Bra$il por estarem assistindo o jogo. “Me dá um pedaço disso aí! Desgraça!”Gritou um dos muluques enquanto outros derrubavam mesas. Os garçons dos bares só olhavam, ninguém ousou interferir. Eu não quebrei nada no bar, mas achei justa a atitude da garotada e incentivava com gritos de “vai ter copa mais vai ter treta!”

Foi quando logo depois decidi guardar a roupa ninja e sair despistadamente antes que a polícia cercasse geral (aprendi que é preciso saber entrar e a hora de sair).

No mais, acho que essa mani superou minhas expectativas. Fiquei sabendo que na Av. João Pinheiro uma viatura da Polícia Civil foi virada. No entanto houveram cerca de 25 prisões. Vamo dá mole não galera…

Sábado tá aí! Vai ter copa? Já tá tendo. Mas vai ter treta. Nos vemos nas ruas.

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Salvador 13/06

Retirado da radio cordel libertário:http://radiocordel-libertario.blogspot.br/

Somando aos diversos protestos espalhados pelo país, Salvador teve na quinta-feira dia 12/06, dia oficial da abertura da Copa do Mundo, a sua primeira manifestação durante a copa que saiu do Iguatemi e fechou algumas ruas da cidade, tendo o momento mais tenso quando durante o percurso passou um ônibus oficial da fifa, e que muitxs foram correndo de encontro, mas a policia impediu que chegassem perto empurrando-xs.

Concentração Campo Grande – Foto Espectro

Já na sexta- feira dia 13/06 teve o seu segundo protesto contra a Copa e estava previsto muito mais pessoas devido ao fato de ser o primeiro jogo em Salvador, e também a possibilidade de repressão era mais real, porque o objetivo do trajeto era chegar na Arena Fonte Nova ou na Festa organizada pela Fifa, chamada ?Fifa Fan Fest?. Mesmo com a expectativa de que seria maior, logo na concentração já dava para perceber que talvez fosse a mesma quantidade de pessoas que na quinta feira, mas nessa havia algo diferente, a presença aparentemente de dois grupos, um de pessoas de partidos políticos (PSOL, PSTU, POR e Cia) e outra por jovens vestidos de preto, com camisetas estampadas de grupo de rock, com bandeiras pretas pintadas o A de Anarquia. Essa diferença não se dava somente pelas cores ou visual, mas também pela localização geográfica que estavam esses dois grupos, o grupo dos partidos estavam logo a frente da praça Campo Grande, balançando suas bandeiras, querendo dar visibilidade aos seus respectivos partidos, e o outro grupo estava mais para dentro da praça, conversando e pintando suas bandeiras. A concentração estava marcada para às 13:00 hrs, mas até às 16:00 hrs não havia tido nenhum tipo de conversa entre as pessoas presentes, até que o grupo que estava de preto foi até a frente da praça com o objetivo de chamar uma conversa com todxs, com o objetivo de definir qual seria o tipo de ação que seria feito, mas ao chamar a conversa, as pessoas que se reuniram no circulo, em sua maioria eram os mesmos jovens que estavam de preto, enquanto os integrantes dos partidos políticos ou estavam conversando com os policiais, ou fingiam que não estava havendo nada, e nessa primeira conversa a maioria das pessoas decidiram ir para o ?Fifa Fan Fast?, mas ao sair viram que muitas pessoas não foram, e algumas pessoas acharam melhor chamar uma nova conversa, para incluir todxs até xs integrantes dos partidos, algo que não mudou muito, porque nessa segunda conversa estiveram as mesmas pessoas da conversa anterior, e foi decidido novamente que o destino era o ?Fifa Fan Fest?, e que o trajeto seria o Corredor da Vitória, sendo assim o grupo que estava presente saiu sentido ao destino decidido, e xs integrantes dos partidos políticos ficaram na praça campo grande, dando voltas na praça e escoltadxs por policiais ?risos?. O protesto estava transcorrendo sem nenhum problema, com exceção da quantidade de carros da Rondesp (Ronda Especial da Bahia) que cada vez mais se acumulavam atrás da manifestação, até que logo a frente uma barreira da PM foi montada. Chegando a menos de 50 metros dessa barreira, sem nenhum tipo de alerta, ou conversa, a PM começou a atirar balas de borracha e bombas de gás, o que fez inevitavelmente que houvesse um confronto desigual entre a PM e xs manifestantes. Nesse confronto uma concessionária da Honda teve seus vidros e carros danificados, já xs manifestantes não tendo muito como fugir porque estavam cercadxs, alguns entraram em uma rua sem saída, onde foram encurraladxs, e mesmo todxs deitadxs no chão conforme as ordens dos militares e não demonstrando nenhuma resistência, os policiais chegaram dando chutes e batendo com cassetetes, demonstravam que seu objetivo não era somente prender, mas torturar, e fizeram isso com quase todas as 23 pessoas que foram presxs, 14 adultxs e 9  menores de idade, entre xs presxs teve uma companheira que além de apanhar sofreu assédio, e recebeu todo tipo xingamento, principalmente de cunho machista. Todxs foram encaminhadxs para a 1º DP, localizada no bairro dos Barris, mas não demorou muito e foram encaminhadxs para a DAI (Delegacia para Adolescente Infrator) em Brotas, algo que na interpretação dxs advogadxs populares presentes representava que a PM não queria dar visibilidade a detenção.

Logo que chegaram na DAI já haviam diversxs advogadxs populares para dar apoio jurídico, e também diversxs companheirxs de luta, que ficaram lá fora acompanhando e aplaudindo cada pessoa que era liberada. Xs primeirxs a serem interrogadxs foram xs menores de idade junto da presença dos responsáveis onde em seguida foram liberadxs; já o restante foi sendo interrogadx e liberadx ao longo da madrugada, sendo que a ultima pessoa só foi liberada às 04:30 da manhã.

Pudemos perceber que o objetivo dos governantes seja na esfera Municipal, Estadual e Federal é que farão de tudo para conter qualquer manifestação que tenha como objetivo bater diretamente nos símbolos da Copa (Arena, Fifa Fan Fest e etc), e assim defender os lucros milionários das empresas envolvidas nesse megaevento, onde vão utilizar do máximo de repressão para atingir esse objetivo.

Tudo isso que aconteceu em Salvador e tantos outros casos que estão acontecendo nas cidades sedes e que está havendo protestos contra a copa, de nenhuma maneira tem que servir para intimidar xs companheirxs de luta, fazendo com que fiquem em casa, porque a repressão não demonstra somente a força do estado, mas significa também que estão atacando os lugares certos, por isso FORÇA na LUTA companheirxs, sem pátria e sem partido, são muitxs libertárixs e anarquistas em todo o Bra$il e no Mundo contra Copa, continuem na resistência camaradas.

 Rio de Janeiro 15/06

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Retirado do blog autogestão.

No dia de hoje, 15/06, ocorreu mais uma manifestação contra a copa do Mundo e contra todas as truculências cometidas em favor desta. A manifestação que se concentrou na Praça Saens Pena ocorreu no dia do primeiro jogo da copa no estádio do Maracanã. Com um aparato policial grande os manifestantes foram fortemente reprimidos ao se aproximarem do estádio. Apesar da repressão os manifestantes continuaram a se manifestar de forma brilhante pela ruas da Tijuca, Vila Isabel e bairros adjacentes, atacando símbolos do capital em seu caminho. A repressão policial foi forte. Como era de se esperar os manifestantes foram violentamente reprimidos, tanto neste ato, quando em diversas ações, tanto de propaganda contra  a copa quanto em atos. A luta da população do Rio de Janeiro continua forte, e não se intimidam com a repressão que andam sofrendo todos os dias. Contra a Copa!!!

Viva a revolta do povo!!!

http://www.youtube.com/watch?v=XCCGI18oz9o (rio 15/06)

Fotos de São Paulo do dia 12/06

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