Nota de Cumplicidade:
Publicamos aqui informações referentes ao despejo da “Favela da Telerj” no Rio que foram vinculadas no blog Autogestão. Valorizamos o esforço de tal mídia em estar gerando contra informação anarquista do interior das lutas que brotam em meio a cidade-espetáculo que é o Rio. Sentimos a necessidade de avivar algumas criticas sobretudo no que se referem a conceitos marcadamente marxistas que em um gesto talvez de confusão, inocência ou falta de reflexão vem sendo reinvidicado constantemente por companheirxs anarquistas aqui no Brasil, como é o caso do “poder popular”. Desde Cumplicidade nos sentimos e nos projetamos em guerra contra o poder, contra toda autoridade, em luta pela anarquia, o poder popular como é concebido com esta visão romântica de autogestão da cidade e dos meios de produção é, em nossa opinião avesso a anarquia, pois a existência das cidades e dos meios de produção são insustentáveis, assassinam a terra e podam a liberdade de incontáveis seres e biomas, além disso vemos com preocupação como muitas organizações “anarquistas” que reivindicam esse conceito terminam por assumir metodologias vermelhas e por muitas vezes se aproximarem mais de organizações vermelhas que de companheirxs anarquistas, a história já nos mostrou inúmeras vezes onde termina esse tipo de proximidade. Também marcamos aqui nossa profunda discordância com essa romantização do povo, reconhecemos os momentos de revolta que se geram como belas explosões que surgem contra uma lógica sufocante, mas não nos iludimos ou projetamos nossas ideias nas costas das pessoas que protagonizam essas revoltas, que aparecem sobretudo pela raiva acumulada que por iniciativas organizadas. Acreditamos que o povo também é mais uma engrenagem da máquina que movimenta esse mundo de misérias, e vale pensar até se realmente existe um povo ou se é apenas uma entidade metafísica criada por uma cultura de massas. Não acreditamos que o povo quer revolução, não acreditamos que se possa reformar ou transformar essa sociedade mas em fazê-la cinzas, para nós isto é a anarquia uma subversão total e constante do existente, o resto, as reformas, na maioria das vezes não passam de migalhas dxs poderosxs.
Em fim, nos parece importante difundir as invasões nas favelas e as rebeldias de algumxs que decidem não render-se, justamente porque acreditamos que a anarquia se constrói e vive, não fechando-se em organizações ou pautas unificadas mas pelo descontrole, pelo caos, pela autonomia e pela revolta…
Retirado de Autogestão:
Ocupação da Defensoria! – Rio de Janeiro (12/4/14)
No dia 11 de Abril de 2014, os moradores das comunidades impactadas pela remoções promovidas pelo estado assassino do Rio de Janeiro forma chamadas para uma audiência pública na ALERJ. No mesmo dia, as pessoas que ocuparam o terreno abandonado pela empresa telefônica OI, foram violentamente expulsos.
Em recorrência desta audiência os moradores da comunidade convocaram seus apoiadores para uma manifestação contra as remoções do lado de fora da ALERJ para dar visibilidade para a luta. Em quanto isso, algumas pessoas que ficaram sabendo do desalojo dos moradores do terreno abandonado da OI, começaram à ir para o local, que fica na zona norte da Cidade, para apoiá-los.
O massacre dos moradores desse terreno foi algo pouco abordado
pela grande mídia, como era de se esperar, criminalizando a revolta da
população contra a violência policial, e só denunciando essa violência
quando atingiu a grande mídia, quando policiais prenderam um repórter da globo. A população, revoltada com a agressão sofrida, ocuparam as ruas proximidades da região, expondo toda sua revolta nas ruas.
Do outro lado da cidade, após a audiência pública, os moradores e
apoiadores das regiões que foram chamadas para a audiência, saíram da ALERJ e fizerem uma manifestação em frente a defensoria pública.. No mesmo tempo, apoiadores das comunidades ocuparam um andar da defensoria e exigiam uma audiência com o “presidente” da defensoria, Nelson Bruno, com os moradores presentes e a revogação de todas as remoções, além de uma nota pública repudiando a ação policial nas remoção da comunidade do terreno que tinha sido desocupado.
Após nenhuma das exigências serem atendidas, os ocupantes foram violentamente retirados pela polícia militar, e seriam levados detidos para a quinta D.P..
Após muita resistência das pessoas que estavam apoiando os ocupantes da defensoria e com a ajuda de advogados, nenhuma pessoa foi detida.
Os moradores e apoios da Ocupação, que foi desalojada violentamente pela polícia, ocuparam ontem pela noite a causada em frente a Prefeitura, permanecendo até agora, dia 12/Abril, no local.
PELO FIM DAS REMOÇÕES!!!
CONTRA O ESTADO ASSASSINO!!!
TODAS AS COMUNIDADES IMPACTADAS RESISTEM!!!
https://www.youtube.com/watch?v=sVYvZLdMTo0
https://www.youtube.com/watch?v=9g4VDNF5Ho0
Viva a resistência e a luta do povo sem teto !
O Estado mostra a que veio! Novamente, em uma ação muito bem orquestrada trata o povo preto e pobre como sempre tratou, tiro, porrada e bomba! Se não bastasse expulsar mais duas mil famílias de seus lares, ainda teve a capacidade de expulsá-lxs novamente, mas dessa vez, por mais difícil que seja acreditar, expulsaram as famílias de uma marquise! Como se não bastasse o desespero de não onde ir com suas filhas e filhos, de ter que ficar embaixo de uma marquise pra tentar negociar com a prefeitura pra que possam ter um lar, o governo tem ainda capacidade de mandar a Polícia (acho que ninguém mais terá a audácia de chamar policial de trabalhadxr) na madrugada expulsar essas famílias deixando-os sem rumos e tentando retirar suas esperanças e uma maneira de fazer pressão por algo que lhes é mais básico, moradia!
Mas o povo que resistiu bravamente no terreno da Telerj, que partiu para ação direta defendo suas casas, esse é mesmo povo que enfrenta a polícia diariamente nas favelas do Rio, é o povo que trabalha e move o Rio de Janeiro o Brasil e o mundo, esse povo está agora novamente na rua, sem casa, mas com força pra lutar e sonhos pra sonhar! Esse povo está na frente de uma igreja que prega o acolhimento dxs pobres mas que fechou rapidamente quando suas portas quando esses mesmos pobres tentaram utilizar aquele velho prédio como abrigo. Negaram-lhe comida, teto e dignidade, mas tenho uma péssima notícia pra Igreja e pro Estado, o povo forja sua dignidade no cotidiano da luta, no cotidiano da sobrevivência, no vivência em comunidade e na autogestão. Mesmo esses órgãos negligenciando e reprimindo o povo resiste e vai continuar resistindo, resistem desde seu nascimento, pois já nasceram pobres, e nasceram pretxs, resistir não é opção, mas é questão de sobrevivência no Rio de Janeiro!
Enquanto houver estádios milionários e população do Rio estiver na rua sem moradia não podemos deixar (e não vamos) acontecer eventos como a Copa e as Olimpíadas. Nós estamos com o povo, nós somos do povo! E resposta não virá nas urnas, virá nas ruas!
NÃO VAI TER COPA, NEM ELEIÇÃO, 2014 O POVO QUER REVOLUÇÃO!