Nota de Cumplicidade
Publicamos esta nota de apoio e solidariedade com as ocupações no Paraná e na Amazonas realizadas por coletivos indígenas e afins em protesto ás novas reformas do governo Temer no intuito de, sempre, expandir e contagiar a rebeldia. Sabemos que estas ocupações estão impulsionadas e motivadas por pedidos de mudanças e reformas políticas que visam “melhorias” dentro de um mesmo sistema de exploração. Estos pedidos estão baseados no reconhecimento das autoridades governamentais e não buscam sua destruição, senão uma possibilidade de dialogo com eles. Porém, acreditamos que nestes espaços ocupados (retomados), surgem experiencias e práticas que fomentem a autonomia e a autogestão, espaços onde pouco a pouco, a autoridade vai perdendo legitimidade já que as pessoas aprendem que podem se tornar responsáveis por elas mesmas sem necessidade de serem mandadas ou governadas… Acreditamos que os caminhos individuais e coletivos vão se construindo a partir de experiencias de praticas de liberdade e liberação como essas…
Se bem, não concordamos com a procura de dialogo com o governo, nem esperamos nada de qualquer um deles, saudamos com orgulho a rebeldia e insurgência dos povos em luta.
Recebido no email:
No dia 11 de outubro de 2016, os estudantes do campus da Universidade Federal Fronteira Sul, em Laranjeiras do Sul, sudoeste paranaense, ocuparam o campus da instituição em protesto contra a PEC 241, contra a reforma no ensino médio (MP 746) e em solidariedade ao movimento de ocupação de escolas. Esta foi a primeira instituição federal a ser ocupada no Paraná.
A PEC 241 que está para ser votada em 2º turno na Câmara e depois encaminhada para o Senado Federal nas próximas semanas, institui um teto para os gastos públicos do estado. O governo enxerga direitos sociais como despesas, saúde e educação que teoricamente deveriam ser as últimas coisas a serem cortadas, são as primeiras. Especialmente, o atual ministro da educação, Mendonça Filho, tem seus compromisso a honrar com as empresas de educação que financiaram suas campanhas em eleições passadas, abrindo espaço para a iniciativa privada do campo educacional crescer, precarizando a educação pública, mais ainda.
UFFS E UEA DE LUTA!
UFFS, um espaço de formação de futuros trabalhadores e trabalhadoras do campo, professores(as), camponeses(as) e outros profissionais, já nasce dentro do assentamento Oito de Junho, do MST, dentro da luta dos movimentos sociais do campo pela educação pública. E não poderia estar de fora das lutas contra os ataques do lobby empresarial da educação nessa conjuntura política nacional acirrada.
A frase em língua Kaingang representa bem a presença da juventude destes povos originários em movimento. Povos estes que são historicamente alvo de ações colonizadoras, seja pelas políticas do Estado ou por outros atores da sociedade branca como congregações religiosas. A presença da juventude indígena na universidade é um exemplo claro da busca por uma educação que respeite seus modos de vida. Mesmo em espaços da cultura branca-ocidental-cristã, os povos originários lutam pelo reconhecimento de seus saberes e de seus territórios. Territórios estes que são atacados, de forma a criar mais barreiras e negar um acesso digno à educação pública aos povos indígenas.
Em Tefé-Amazonas, na bacia do Médio Solimões, estudantes ribeirinhos da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), maior universidade multi campi do Brasil, ocuparam no dia 17 de outubro, o CEST (Centro de Estudos Superiores de Tefé), também reivindicando a imediata anulação da PEC 241 e contra a precarização do ensino no interior do estado. Bolsas de pesquisa e extensão e a permanência estudantil são as grandes pautas locais dos ribeirinhos.
Na semana passada, estudantes secundaristas Guarani-Mbya manifestaram seu repúdio à medida provisória 746/16. Dialogando e participando de oficinas e rodas de conversa, demonstraram seu apoio à luta das escolas públicas ocupadas. A escola de sua comunidade, chamada Araca-i, em Piraquara, já é uma escola ocupada por eles. E não é de agora. A comunidade e os estudantes guaranis utilizam a escola como parte da comunidade.
Somente a ação direta realizada pelos estudantes irá garantir a
revogação dessa reforma autoritária no ensino médio. Mobilizar e ocupar
as escolas é o caminho! Pressionar o governo Temer para recuar!
KAINGANGS MANDAM O RECADO
Ao mesmo em tempo que se inicia o movimento grevista dos trabalhadores(as) da rede estadual de educação do Paraná, um grupo de kaingang ocupou (sem interrupção do expediente) a regional da Secretaria de Educação em Pato Branco. Ao mesmo tempo em que acontecia a ocupação do Núcleo Regional de Laranjeiras do Sul, contra a PEC 241 e a MP 746/16 e o cacique kaingang Miguel Alves ainda mandou um recado para os fura-greve:
“Quero dar um recado para esses professores, que são uns covardes, que
não vem aqui participar da greve. Não defendem nem sua classe. Falta de vergonha para os professores que estão aí nas escolas defendendo seu
emprego e não vem aqui na greve defender o próprio salário”.
Assinam:
_COLETIVO DE ARTICULAÇÃO DE RÁDIOS E COMUNICAÇÃO POPULAR INDÍGENA,
__COLETIVO RÁDIO GRALHA E __COLETIVO ANARQUISTA LUTA DE CLASSE
(CALC)/CAB_