[Santos, SP] Relato sobre a 1ª Feira Anarquista da Baixada Santista

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No dia 23 de agosto de 2014, a entrada da Vila do Teatro, com um A na bola gigante, confeccionado com raízes e cipós, sobre sua porta de entrada, mostrava que aquele sábado seria diferente naquele local. Além do A, outro item anunciava um dia diferente, os dizeres que se encontravam no portão da Vila: “Este é um Espaço Libertário e Anticapitalista. Defendemos a: Autogestão, Horizontalidade, Solidariedade, Ação Direta, Apoio Mútuo e Livre Associação”. Ou ainda, no mesmo portão: “Este é um Espaço Libertário e Anticapitalista, Não Toleramos Nenhuma Atitude Machista, Racista, Lesbo/Bi/Trans/Homofóbica, Autoritarismo, Violência e Propagandas Partidárias”. Com estes dizeres a ideia estava dada, os princípios foram lançados, estava tudo pronto para ter início a 1ª Feira Anarquista da Baixada Santista. Abrindo suas portas às 10 horas da manhã, enquanto pessoas organizavam suas bancas com livros, fanzines, bottons, revistas, vinis, as fotos e imagens homenageando a memória de Sacco & Vanzetti, que na mesma data de 23 de agosto, há 87 anos atrás, estes militantes anarquistas italianos eram executados na cadeira elétrica pela fúria do Estado norte-americano, o julgamento injusto e a morte destes companheiros não foram esquecidos e daí nossa homenagem, um mural, cartazes, fotos e bandeirolas lembrando-os foi produzido . Junto a esta homenagem, não poderíamos esquecer e perdoar o genocídio contemporâneo do Estado brasileiro, com isto fotos de mortos executados pelo braço policial estatal foram expostos . Teve também uma exposição de grafittis e pichações anarquistas , além de fotos e curtas biografias de militantes anarquistas de Santos. Durante estas montagens, rolava o filme “Libertários”, de Lauro Escorel, tratando da influência do ideário ácrata no nascente movimento operário brasileiro entre o final do século XIX e início do século XX, um clássico do cinema brasileiro, abordando as lutas anarquistas, que foi exibido por um companheiro de Praia Grande (SP). No decorrer do dia várias atividades ocorreram: debate sobre “Editoras Anarquistas” com a participação de editores e editoras presentes; oficina de produção de livros; roda de conversa “Feminismo nos Meios Libertários” realizado por companheiras da Baixada Santista; apresentação teatral “Uma Palhaçada Federal”, com os palhaços do Phantanas, que alegrou a todas/os com sua sátira a questão eleitoral e a propaganda partidária; debate sobre a questão eleitoral numa perspectiva anarquista com a participação de vários/as companheiros/as que atuam na campanha “Existe Política Além do Voto”; a presença de companheiro chileno do Coletivo Estrella Negra, narrando sobre “Presas/os Políticos no Chile”, juntamente com uma companheira , do Movimento Mães de Maio, tratando sobre “Terrorismo de Estado”. Junto a isto, soma-se, um espaço para as crianças que contou com duas atividades “Contadores de Histórias” realizados por companheiros do Laboratório de Estudos Anarquistas (LEA) e a oficina “Desconstrução do Herói”, ministrada por companheiro do Coletivo Hangu Livre, além de pinturas, desenhos, troca de ideias e até um bate-bola com militante do Rosa Negra Futebol e Ação Direta, espaço da criança que contou com colaboração de várias pessoas, de forma espontânea, mas não podemos deixar de citar o nome das companheiras Bruna e Ana Paula que conviveram boa parte do tempo com as crianças neste dia. Além dos livros e materiais impressos e estéticos expostos e a venda, na feira tinha também: rango vegano, banquinha de troca de livros, materiais gratuitos (zines, jornais, panfletos, etc.) e muita ideia e um intenso clima de companheirismo. Para encerrar não podia faltar música, para fechar com dança, ritmo, ideias e movimento. Rolou o rap combativo do grupo Ktarse (de Suzano), além do rap de improviso do companheiro de longa data Mano Shabba (Baixada Santista), que animou a galera, e para encerrar o som afro, toques de tambores, a rebeldia na voz, o som afropunk do Revolta Popular (São Paulo) que contagiou a galera, encerrando sua apresentação com um samba de roda que agradou a todos. Tudo isso mediado pelas poesias e intervenções do companheiro Ruivo Lopes, com a participação de um companheiro chamado Armando, das Mães de Maio, que também recitou um poema. Um clima intenso de energia positiva que levou o arame do berimbau quebrar… No encerramento, de brinde, os presentes prestigiaram a apresentação teatral “Liberdade Prisioneira”, da Companhia Teatral Carcarah Voador, peça tensa, abordando a história de duas prisioneiras nos cárceres no período da ditadura militar brasileira que agradou o público presente. Enfim, as bandeiras rubro-negras voltam a balançar com força e entusiasmo na Baixada Santista, vale o salve a todos que colaboraram, somaram forças e solidarizaram energias que somente assim pôde ser possível a realização desta Feira, segue o salve para: Núcleo de Estudos Libertários Carlo Aldegheri, Rádio da Juventude, Marcha da Maconha de Santos, Troca-Troca de Livros Libertários e a todos individuas/os da Baixada Santista que colaboraram de uma forma ou de outra, mas que fizeram a possibilidade de observarmos um Movimento Libertário da Baixada Santista em desenvolvimento. Vale mencionar também que a presença de todos coletivos e indivíduos das diversas paragens, das várias cidades que também colaboraram para o belo desenvolvimento da feira.

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